Como fazer para trabalhar para empresas estrangeiras, ganhando em dólar, mas morando no Brasil? Os valores de remuneração de profissionais brasileiros em vagas remotas no exterior são atraentes. O salário anual médio de um engenheiro pleno de software brasileiro contratado por uma empresa estrangeira de forma remota ultrapassa US$ 165 mil (R$ 914 mil). Isso dá cerca de US$ 13,8 mil mensais, o que equivale a R$ 75 mil por mês.
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É o que aponta o Relatório Global de Contratações Internacionais da Deel, empresa global em gestão de pessoas e folha de pagamento, obtido com exclusividade pelo Estadão.
Profissionais interessados em buscar oportunidades devem ter capacidade de autogerenciamento e responsabilidade em ambientes flexíveis, excelente comunicação em inglês e adaptabilidade.
Além de engenharia de software, as áreas de ensino, vendas e conteúdo tiveram os maiores aumentos salariais. Por outro lado, os setores de suporte ao cliente, seguido por recrutamento, contabilidade, assistência e marketing registraram as quedas salariais mais expressivas.
Estados Unidos, Reino Unido, Suécia e Canadá estão entre os países com maior interesse em talentos brasileiros, conforme aponta a pesquisa. Negócios sediados na Alemanha e no Chile também se destacaram na contratação de profissionais brasileiros no último ano.
Brasileiros contam como é trabalhar remotamente para o exterior
Há pouco mais de um ano, o estudante de ciência da computação Cid Damasceno, 26, atua como Account Department Global Manager na Kommo/QSOFT, companhia russa de software para pequenas e médias empresas com sede em San Francisco, nos EUA. Responsável por gerenciar as contas dos clientes, ele participou do processo seletivo tradicional da companhia e recebeu a indicação de um amigo que já trabalhava na empresa russa durante a fase de entrevistas.
O estudante diz não ter planos de retornar ao mercado de trabalho brasileiro. Damasceno afirma que se sente mais à vontade na cultura organizacional da atual companhia, "com mais transparência e menos microgerenciamento".
O profissional não revela seu salário, mas afirmou que atualmente ganha quatro vezes mais do que recebia em seu último emprego em Fortaleza (CE), onde reside.
O desenvolvedor de jogos João Victor de Alencar, 26, trabalha há mais de um ano na Blue Gravity Studios, empresa de games sediada em Londres. Assim como Cid Damasceno, a adaptação do profissional foi rápida.
No entanto, Alencar conta que já viu outros brasileiros com dificuldade para se adaptar à intensa cobrança da empresa. "No início, não há um reconhecimento imediato de que você é um bom profissional. Eles começam exigindo muito trabalho para avaliar sua capacidade antes de dar um voto de confiança," revela o desenvolvedor de jogos.
Outro ponto é a comunicação. Como a empresa é remota, torna-se essencial sinalizar o andamento das atividades para outros membros, diz Alencar. O profissional avalia que muitos brasileiros em cargos juniores enfrentam dificuldades em informar para a chefia quando não estão indo bem em alguma demanda.
Saiba como aumentar as suas chances de conseguir uma vaga
Uma das possibilidades de mapear oportunidades em companhias estrangeiras é se candidatar para seleções por meio do LinkedIn. O site permite aplicar filtros de busca.
Também é possível configurar o perfil no idioma de preferência. Segundo Beck, a mudança pode aumentar a visibilidade da pessoa candidata para recrutadores internacionais.
O desenvolvedor de jogos João Victor concorda que é mais fácil ser contatado por algum recrutador internacional por causa do perfil do que ser selecionado após enviar currículo. "Está muito concorrido e tem muita gente disposta a aceitar salários mais baixos", alerta.
Na hora de preencher o perfil conforme a língua predominante do local onde deseja trabalhar, não esqueça de adicionar habilidades, histórico profissional e escolaridade em outros idiomas.
Aumente a rede de contatos
Outra dica de Milton Beck é conectar-se com profissionais que já trabalham remotamente para empresas estrangeiras. Vale entender o caminho que percorreram.
Cristiano Soares, da Deel, reforça a orientação do diretor geral do LinkedIn. Ele comenta que muitas oportunidades surgem a partir de indicações.
Além do domínio em inglês, Soares elenca outras habilidades como indispensáveis.
Por exemplo, ter maturidade profissional para conseguir fazer autogerenciamento e ter responsabilidade em ambientes flexíveis.
O foco em entregas e o cumprimento de metas estabelecidas também são importantes. Cristiano Soares ainda sugere a adaptabilidade como habilidade primordial. Conseguir se adaptar em diferentes culturas corporativas faz diferença no dia a dia para quem está em vagas remotas no exterior.
Veja onde encontrar oportunidades
Para além do LinkedIn, existem inúmeras plataformas que ofertam vagas remotas de fora e podem ser alternativas para quem está em busca de oportunidades. Veja abaixo algumas empresas e sites:
- Himalayas: o site dispõe somente de empresas que atuam no formato remoto na área de tecnologia. Na plataforma, o país com a maior média salarial é Porto Rico, com um salário anual médio de US$ 163 mil (R$ 903 mil). O candidato pode criar um perfil listando habilidades, experiências e área de interesse. Também é possível pesquisar as oportunidades por empresa;
- Remote Ok: funciona como um mural de anúncios de empregos e não possui uma versão em português. Apesar de a maioria das vagas serem na área de tecnologia, profissionais de design, marketing e atendimento ao cliente conseguem encontrar oportunidades. No momento da publicação, havia vagas disponíveis para empresas como Tripadvisor, Stone e Nubank.
A própria Deel está com 23 vagas abertas para trabalhar remotamente de qualquer lugar do mundo. Interessados podem acessar este link e filtrar por região para ver todas as oportunidades disponíveis. Engenharia, finanças, operações, design e vendas estão entre as profissões com seleções para candidatura.