Samsung amplia semana de trabalho para 6 dias na Coreia do Sul

Medida teria sido adotada para aumentar os lucros e não está sendo bem vista pelos especialistas do país

9 mai 2024 - 21h00
(atualizado às 23h19)
Resumo
A empresa multinacional sul-coreana Samsung adotou a semana de trabalho de seis dias para os executivos para acompanhar os concorrentes globais. O país já possuía uma das mais longas jornadas de trabalho do mundo, segundo a OCDE.
Samsung amplia semana de trabalho para 6 dias na Coreia do Sul
Samsung amplia semana de trabalho para 6 dias na Coreia do Sul
Foto: Reprodução/Getty Images

A empresa multinacional sul-coreana de eletrônicos Samsung adotou a semana de trabalho de seis dias para os executivos. De acordo com o The Korea Economic Daily (KED), a medida foi adotada para acompanhar os concorrentes globais, que operam 24h/dia, aumentar a produtividade e ter um maior retorno financeiro. 

Embora a empresa só tenha adotado o formato em abril deste ano --no Brasil, a decisão não se aplica--, o governo da Coreia do Sul já vinha estimulando a ideia. Em março do ano passado, anunciaram que estavam estudando a possibilidade de aumentar a carga horária para 69 horas por semana, após grupos empresariais pressionarem por aumento de produtividade, mas repensou a proposta após receber uma reação negativa dos trabalhadores mais jovens. 

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Atualmente, o país possui uma das jornadas mais longas do mundo, de acordo com dados de 2021 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Apenas em 2023, a população da Coreia do Sul trabalhou, em média, 1.915 horas. Em entrevista ao jornal sul-coreano The Chosun Daily, um executivo do grupo Samsung, cujo nome não foi revelado, disse que o trabalho intenso é uma “tendência”. 

“As empresas globais prosperam numa ‘era de desempenho’ - trabalhando incansavelmente noite e dia. Em contraste, estamos presos numa ‘era do tempo’, onde o foco está apenas em marcar o ponto de entrada e de saída. Adotar uma semana de trabalho de seis dias é a nossa estratégia de sobrevivência”, observou. 

Outro executivo pontuou que, com a perda de 15 bilhões de won (o equivalente a R$ 56,5 bilhões, na cotação atual) na Samsung no ano passado e ‘desafios como guerras, taxas de juro elevadas e menor gasto dos consumidores, a empresa não pode se dar ao luxo de ser “complacente”. 

Por outro lado, um executivo de uma afiliada da Samsung pontuou ao jornal que tem observado uma mudança nítida nos trabalhadores. “Existe agora uma relutância em fazer horas extras; na tarde de sexta-feira, é quase impossível pedir a alguém para ficar”, observou. 

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“Há um ditado que diz que os executivos da Samsung devem abandonar suas famílias. Não tirei um único dia de férias este ano e duvido que [com] o aumento da pressão as coisas melhorem”, desabafou. “O descanso adequado e a manutenção das relações familiares também são cruciais para o desempenho”. 

Segundo a mídia sul-coreana, a medida está sendo vista no país como “desatualizada e ineficiente”. “Responsáveis da indústria afirmaram que isto vai contra o paradigma global. Eles apontaram que a mudança enfraquecerá a confiança dos funcionários e a moral geral no local de trabalho”, analisa o jornal The Korea Times.

Fonte: Redação Terra
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