A semana com “quatro dias de trabalho” foi adotada por Portugal há quase dois meses e já possui resultados positivos. A iniciativa vem sido testada pelo governo do país e possui 40 empresas privadas que relatam melhoras na criatividade e no desempenho dos funcionários.
Vânia Lima, diretora-geral da Onya Health, empresa de comunicação especializada em saúde, contou como a jornada reduzida aumentou a produtividade e felicidade da equipe.
"É impossível recuar, voltar atrás. Em nossa avaliação interna, o balanço é positivo. O desempenho é melhor na semana de quatro dias. A equipe trabalha na segunda-feira seguinte descansada e com outra energia”, relatou em entrevista ao quadro Portugal Giro, do jornalista Gian Amato.
O que foi mudado?
O sistema foi adotado depois de uma pesquisa interna, onde os funcionários optaram por intercalar a semana de quatro dias, praticada a cada quinzena. Com duas sextas-feiras livres por mês, a carga horária passou de 40 para 36 horas, facilitando a comparação entre os dois modelos.
“Dependemos muito da parte criativa e a semana intensa, cheia, prejudica essa parte, porque as pessoas ficam cansadas, o que é normal. Na sexta-feira de folga, os funcionários desligam totalmente e estão contentes com isso”, compartilhou Vânia.
Para colocar em prática a “semana de quatro”, uma das estratégias adotadas pela empresa foi eliminar o desperdício de tempo com reuniões ou atividades improdutivas. “As reuniões são objetivas e usamos a tecnologia a nosso favor para sermos mais eficientes, dentro da mentalidade de fazer bem feito com o tempo que temos”, explicou a diretora.
Outra estratégia foi o trabalho à distância, para economizar tempo e dinheiro, e a sede, que estava sediada em Porto, passou a ser um coworking em Braga.
“Usamos o Teams para conversar e temos um calendário diário com períodos de foco e períodos de feedback. Os períodos de foco no trabalho são horas sem reuniões ou necessidade de responder mensagens. Os períodos de feedback são atualizações via mensagem ou chamada/reunião. Temos, também, dias estipulados para reuniões externas”, disse.
Vânia conta também que não foram somente os funcionários que se reorganizaram. Os clientes foram introduzidos ao novo ritmo de trabalho e, de acordo com ela, nenhum deles acionou a empresa numa sexta-feira de folga. “Informamos aos clientes que estamos neste projeto e todos eles são profissionais organizados”, relatou.
Melhora no humor da equipe
O efeito das quatros semanas é nítido em toda a equipe, que é composta por sete pessoas, segundo o consultor Gabriel Ribeiro, funcionário há 18 meses da Onya Health. Ele explica ao “Portugal Giro” que a motivação aumentou e que, mesmo com as horas reduzidas, conseguem responder igual ou até melhor às exigências.
“Adotamos estratégias para nos tornarmos mais incisivos na resposta às nossas responsabilidades. Isto é possível através da criação de metas de trabalho e de priorização de tarefas por importância e urgência. Definimos, em conjunto, técnicas de blocos de concentração durante períodos específicos de trabalho. Tudo é complementado com programas e ferramentas de colaboração e com estratégias para uma melhor comunicação entre todos”, explicou Ribeiro.
Já com o tempo livre que lhe resta, Gabriel conta que usa para realizar tarefas pendentes e aproveitar a família e amigos. “É um incentivo para que haja maior equilíbrio entre as nossas responsabilidades profissionais e o nosso direito a viver a vida”, conta.
