Conheça cinco educadores que mudaram o ensino no Brasil

De Paulo Freire a Maria Montessori, conheça um pouco mais sobre aqueles que, em menor ou maior grau, contribuiram para a transformação da educação brasileira

13 jan 2015 - 08h08
(atualizado às 10h01)

Do tema de redação inspirado na Copa do Mundo aos torneios colegiais de matemática: os métodos aplicados para a educação de crianças e adolescentes foram aprimorados ao longo do tempo. Baseados em duas vertentes - tradicional ou mais reflexiva - educadores de diversos países contribuíram para o setor no Brasil. O método de memorização de conteúdos, por exemplo, ainda muito utilizado nas salas de aula, é quase tão velho quanto o Brasil: foi introduzido com a chegada dos primeiros jesuítas, em 1549, trazidos pelo governador-geral Tomé de Sousa e liderados pelo missionário Manuel de Nóbrega.

Para a coordenadora do curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Dirce Zan, “a função da escola é, cada vez mais, se colocar como um espaço desafiador que leve os estudantes a se mobilizarem rumo a compreensão do mundo e da realidade na qual se inserem”. 

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Conheça cinco importantes educadores que criaram metodologias utilizadas até hoje nas escolas do Brasil e lá fora.

Paulo Freire (1921 - 1997)

Apesar de ser graduado em direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Paulo Freire dedicou a vida aos estudos da educação. Foi um dos responsáveis pela criação da Teoria Crítica que visa o contexto social e cultural em que o aluno está inserido. O estudioso implantou no Brasil o método de compreensão da alfabetização a partir de palavras-chave que possibilitou a mais de 300 alunos, principalmente, adultos, a ler e escrever em 45 dias. Freire ainda defendeu a criação de um currículo organizado por temas que partem de situações concretas vivenciadas pelos estudantes, onde há uma construção coletiva entre professor e aluno que busca a interdisciplinaridade. Segundo a professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Debora Jeffrey, um exemplo é propor uma redação sobre as manifestações que ocorreram no País em 2013, na qual o professor espera que o aluno traga do seu cotidiano argumentos que se amplifiquem com os conhecimentos de história aplicados em sala de aula.

Paulo Freire
Paulo Freire
Foto: Wikimedia

Dermeval Saviani (1943)

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Formado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o educador leciona até hoje na entidade de ensino na qual se formou, onde realiza diversos projetos e pesquisas na área educacional, especialmente, na defesa de análise crítica dos conteúdos agregada ao ensino das matérias comuns da escola. Criou, ao lado de José Carlos Libâneo, entre o final da década de 70 e início da década de 80, a Teoria Crítica-Social dos Conteúdos, que afirma que a escola, principalmente a pública, e os conteúdos apresentados em sala de aula devem levar a reflexão dos alunos. O estudo foi criado em contrapartida ao momento político da época, no qual ditadura militar presente no Brasil censurava grades curriculares que levavam o aluno a ponderar questões históricas e sociológicas. Para Debora, a teoria pode ser aplicada, em sala de aula, para abordar o papel do governo na questão dos transportes públicos a partir da história, matemática e geografia.

Demerval Saviani
Foto: Elza Fiúza / Agência Brasil

Célestin Freinet (1896-1966)

O pedagogo francês é criador do Estudo do Meio, que tem como premissa as explorações educativas para além da sala de sala, bem como a correspondência entre estudantes de diferentes escolas e realidades. O estudo procura oferecer uma educação que seja adequada às necessidades das práticas cotidianas. Com isso, deseja formar o homem o mais responsável possível, capaz de agir e interagir, além de contribuir na transformação da sociedade por meio do desenvolvimento do espírito crítico, questionamento de ideias recebidas e espírito de curiosidade. Pode-se citar como exemplo torneios escolares de matérias, como português, matemática e educação física, que buscam a interação entre alunos de diversas instituições de ensino, além do aumento da curiosidade e do senso crítico dos envolvidos.

Célestin Freinet
Foto: Reprodução

Rudolf Steiner (1861-1925)

O educador austríaco é responsável pela pedagogia Waldorf, que é responsável por uma relação direta do estudante com a natureza em um processo exploratório e investigativo. Os conteúdos devem ser ensinados várias vezes durante o ciclo escolar, entretanto, nunca da mesma maneira. O aluno é estimulado a pensar por meio de fábulas, lendas e contos, quando criança, e com rigor científico quando chega a adolescência. O estudante, também, é estimulado a interagir com o que lhe é apresentado de forma teórica. Aulas de química em laboratórios onde há a criação de substâncias por meio da aplicação de fórmulas vistas no quadro negro - inicialmente apresentadas durante a aprendizagem de ciências -, são exemplo do modelo que abrange diversas fases da vida escolar.

Rudolf Steiner
Foto: Wikimedia

Maria Montessori (1870-1952)

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Primeira mulher a se formar em medicina na Itália não pôde exercer a profissão por ser proibida de examinar corpos masculinos. Maria, então, se dedicou a estudar crianças com problemas de aprendizagem e, posteriormente, aplicou o estudado em pessoas isentas dessas dificuldades. Dentre suas criações está o método construtivista, onde as crianças aprendem trabalhando com materiais em vez de instruções diretas. A italiana criou uma série de cinco exercícios: para a vida cotidiana, sensorial, linguagem, matemática e ciências. Os materiais são constituídos por peças sólidas de diversos tamanhos, formas, espessuras e sons para que o aluno possa interagir com o conteúdo, até então apresentado no quadro negro, por meio do toque, visão, além da audição. Dentre eles está o “material dourado”, auxiliador na compreensão do sistema numérico decimal frequente nas séries iniciais das escolas brasileiras.

Maria Montessori
Foto: Wikimedia

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