Quando o ensino médio acaba, a maior dúvida dos estudantes é sobre a escolha da futura profissão. Muitos jovens, com idades entre 16 e 18 anos, não raro abandonam os cursos logo nos primeiros semestres. A dificuldade pode estar em não encontrar uma faculdade de que realmente gostem. Para esse perfil de estudante, e também para aqueles que querem um diploma em menos de quatro anos, a opção do Bacharelado Interdisciplinar (BI) é bastante atrativa.
Com ele, o aluno pode obter um diploma após dois anos e meio ou três anos em um curso mais amplo, como Ciências e Humanidades ou Ciência e Tecnologia, e já ingressar no mercado de trabalho. Caso o estudante queira continuar os estudos, há o chamado segundo ciclo, no qual ele pode cursar mais dois ou três anos de um curso específico na área em que já se formou. Um exemplo seria um dos tantos cursos de engenharia.
A Universidade Federal da Bahia (UFBA) oferece o modelo desde 2009. Nos cursos de BI Artes, BI Ciência e Tecnologia, BI Humanidades e BI Saúde, há 10% menos evasão dos alunos em relação ao restante dos matriculados na universidade, segundo Messias Bandeira, diretor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC). A universidade ainda reserva 20% das vagas em todos os cursos da seleção anual para os alunos que acabaram o primeiro ciclo. Enquanto aprendem uma visão mais geral das áreas que estudam, os alunos dos BI têm também a chance de experimentar disciplinas de outros cursos da UFBA.
Para se ter uma ideia do leque de possibilidades que um BI oferece, alguém formado no curso de Ciências e Humanidades (BCH) pode atuar em áreas como turismo, economia e filosofia. O bacharelado é oferecido em pelo menos três instituições federais: Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). O BI mais comum é o de Ciências e Tecnologia (BCT), oferecido nas universidades federais do ABC (UFABC), do Semi Árido (UFERSA), Alfenas (UNIFAL), São João del-Rei (UFSJ) e do Oeste do Pará (UFOPA). Esse profissional pode atuar nos setores de tecnologia, indústria e finanças.
Como há muitas possibilidades de disciplinas a serem cursadas, Rey conta que não existem dois alunos com o mesmo histórico escolar. Por isso, quem tem BI é considerado por muitos o profissional do futuro, já que tem uma formação versátil, que possibilita atuação em funções que, até então, precisavam de dois profissionais. Exemplo disso é um biólogo com conhecimentos de física, que pode solucionar problemas que antes somente um físico e um biólogo juntos poderiam desvendar.
Pós-graduação e intercâmbio
Apesar da possibilidade de obter outra graduação em dois ou três anos, a maioria dos bachareis acaba buscando um mestrado na área, diz o pró-reitor de Educação da UFABC, Jose Fernando Rey.
Por serem cursos multidisciplinares, há uma exigência diferente do aluno, pois ele terá conhecimento de várias áreas distintas ao mesmo tempo. Por outro lado, quem faz um curso de BI costuma ter maior facilidade de adaptação em programas de intercâmbio, pois grande parte das universidades de fora trabalham com currículos semelhantes, que proporcionam uma visão bastante geral da área nos primeiros semestres.