Contra cortes, estudantes ocupam reitoria da PUC-SP

Alunos protestam contra cortes no orçamento, o que levou à demissão de professores, pedem a volta do subsídio do restaurante universitário e abertura de diálogo com a direção da universidade

19 mar 2015 - 07h44
(atualizado às 07h45)
<p>Entrada do campus Monte Alegre da PUC-SP</p>
Entrada do campus Monte Alegre da PUC-SP
Foto: Aloisio Mauricio / Terra

Estudantes ocupam, desde a noite de terça-feira, a reitoria da Universidade Pontifícia Católica de São Paulo (PUC-SP), em Perdizes, zona oeste paulistana. Os alunos protestam contra cortes no orçamento, o que levou à demissão de professores, pedem a volta do subsídio do restaurante universitário e abertura de diálogo com a direção da universidade. Para o movimento estudantil, 400 pessoas participam do ato. A universidade estima que 100 pessoas estejam na ocupação. As aulas não foram suspensas.

A instituição qualificou a ação de ilegal e criminosa e informou que está tomando medidas legais para a reintegração de posse das salas da reitoria. A PUC-SP argumenta que os desligamentos de docentes correspondem a 3% do efetivo e que a verba liberada foi destinada para pesquisa. Em nota, a universidade aponta “como estopim da invasão o duro e necessário trabalho que vem realizando para combater a realização de festas e o consumo de substâncias ilícitas dentro do Campus Monte Alegre”.

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Embora a universidade ressalte a proibição de festas no campus, publicada em norma no mês de fevereiro, como principal motivação para os protestos, o rol de reivindicação dos estudantes não inclui este tema. “Essas movimentações passaram a ocorrer depois desse fato, inclusive com a ameaça de invasão da reitoria”, explicou Cláudio Junqueira, assessor de comunicação da PUC-SP.

Segundo o estudante de Jornalismo Bruno Matos, da comissão de comunicação da ocupação, o movimento exige o esclarecimento dos cortes do orçamento na universidade. “Pedimos uma audiência pública, mas só enviaram um representante da contabilidade da Fundação São Paulo [a Fundasp, mantenedora da PUC-SP].” Marcada para o dia 12 de março, a audiência não ocorreu. A universidade alega que enviou um representante que poderia esclarecer dados orçamentários.

O pró-reitor de Cultura e Relações Comunitárias, Jarbas Nascimento, rejeita a acusação de falta de transparência nas contas da universidade. “Somos auditados pelo Ministério Público e por consultores internacionais”, afirmou Nascimento. Ele disse que todos estão abertos ao diálogo, mas que isso exige vontade política das duas partes. Questionado se houve tentativa de negociação com os estudantes antes de recorrer à Justiça para buscar a medida de reintegração de posse, ele respondeu que a PUC-SP não foi procurada pelos alunos.

Bruno Matos destacou que houve várias tentativas de diálogo. “Um dos encaminhamentos da assembleia estudantil foi procurar a reitoria e a Fundasp para apresentar a nossa pauta.” Ele criticou a falta de transparência e de diálogo por parte da instituição, sobretudo, após o aprofundamento da crise financeira da universidade em 2006.

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“É uma contradição, porque todos os anos aumenta-se a mensalidade, fazem-se cortes, mas a crise é sempre justificativa”, afirmou o estudante. Para ele, a despeito da tradição democrática da instituição, a autonomia financeira e acadêmica da PUC-SP foi prejudicada pela atuação da mantenedora.

A Agência Brasil procurou a assessoria de imprensa da Fundasp, mas o telefone informado no site não atendeu.

Agência Brasil
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