SÃO PAULO - O prefeito Bruno Covas (PSDB) afirmou nesta sexta-feira, 11, que as escolas municipais de São Paulo estão preparadas para retomar atividades presenciais, com medidas contra a covid-19 como distribuição de kits de higiene, merenda em formato de "prato feito" e promessa de transmissão ao vivo de aulas em 100% das unidades até dezembro. A decisão sobre o retorno, no entanto, só deve ser anunciada na próxima semana, após resultado do último inquérito sorológico na cidade.
Municípios paulistas há mais de 28 dias na fase amarela (nível 3 de 5 etapas do plano de reabertura do governo estadual) receberam autorização do governador João Doria (PSDB) para reabrir as escolas para atividades de reforço escolar nesta semana. Já a volta às aulas ficou para 7 de outubro, pela regra, na primeira etapa, o limite deve ser de 35% dos estudantes. Os prefeitos poderiam ser mais restritivos e vetar esse retorno - Covas, porém, não autorizou o retorno na capital, mas diz ter equipado as unidades.
Segundo a Prefeitura, as escolas terão 6,2 mil termômetros para medir a temperatura dos estudantes. Cada aluno da rede também vai receber um kit de higiene, com três máscaras de tecido, álcool em gel e sabonete, além de caneca para usar os bebedouros. Ao todo, 760 mil kits foram adquiridos, segundo administração municipal. Por sua vez, os professores receberão 75 face shields - os protetores faciais. O investimento previsto seria de R$ 32,1 milhões, de acordo com a gestão Covas.
"Caso tenhamos autorização para retornar às aulas, as escolas municipais estão tão preparadas quanto qualquer unidade da rede privada, sem deixar a desejar em proteção", afirmou Covas durante agenda em uma escola da Vila Curuçá, região de São Miguel Paulista, no extremo da zona leste, nesta manhã.
No local, a Prefeitura expôs uma sala de aula com basculantes abertos e parte das carteiras interditada por fita zebrada. Segundo o modelo, os alunos devem ser distribuídos em uma fileira sim e outra não. Na vertical, também há distância de uma cadeira vazia a cada dois estudantes.
O secretário municipal de Educação, Bruno Caetano, afirma que as unidades vão, ainda, suspender o modelo de "self service" na hora da merenda para reduzir riscos de contaminação por coronavírus. "Vai ser só PF", diz.
De acordo com Caetano, mais de 530 unidades da rede passaram por reformas neste ano para melhorar aspectos como ventilação, sistema elétrico e hidráulico. Cada escola também teria recebido, por repasse direto, entre R$ 15 mil e R$ 20 mil para adquirir equipamentos de segurança, como, por exemplo, tapetes sanitizantes. "A gente entende que é importante dar autonomia para as escolas."
Para realizar transmissão ao vivo das aulas, a Prefeitura diz ter instalado cabos de rede nas 13 mil salas municipais de ensino infantil, fundamental e médio. Em outubro, 1/3 das salas devem ser equipadas com computador do professor, tela, projetor, caixa de som e internet banda larga. Em novembro, mais 1/3. Assim, em dezembro, 100% dos espaços estariam preparados para classes à distância, segundo o cronograma da gestão Covas.
"A instalação precisa ser escalonada, porque a gente não consegue fazer tudo de uma vez", diz Caetano. Segundo a Prefeitura, o investimento previsto é de R$ 160 milhões.
Ainda de acordo com o o secretário, assim que as aulas forem retomadas, os alunos da rede serão submetidos à exame de diagnóstico para medir quais conteúdos ficaram prejudicados com a paralisação das atividades presenciais. "A ideia é saber o que ele aprendeu e o que ele não aprendeu, e fazer um grande esforço de recuperação escolar", afirma.
Covas diz que só irá confirmar o retorno após autorização da Secretaria Municipal de Saúde e da Vigilância Sanitária. A expectativa é que a decisão seja informada na semana que vem, quando se encerra a terceira etapa do inquérito sorológico com alunos das redes privada e pública.
Questionado, o prefeito evitou dizer quais critérios da investigação serão adotados para fundamentar a decisão sobre as escolas. "Não há um dado específico, o inquérito é analisado como um todo", diz. "Todos os dados serão usados para chegar à conclusão se deve ou não retornar às aulas.
"A vontade nossa é voltar o quanto antes possível, mas não se trata da vontade do prefeito ou do secretário de educação. Ninguém aqui está discutindo a importância da educação para o País ou o quanto ela é transformadora e geradora de oportunidades para todos. A gente está discutindo vidas."
Por vaga em creche, Covas amplia transporte escolar
Na ocasião, Covas também anunciou que vai incluir crianças de zero e três anos, que estão na fila da creche, no transporte escolar gratuito. Segundo explica, trata-se de estratégia da Prefeitura para ocupar 6 mil vagas na rede que não estão preenchidas porque a criança mora a mais de 1,5 quilômetros de distância.
O deslocamento, no entanto, será de no máximo cinco quilômetros, de acordo com a gestão. "Assim, a gente vai ampliando até que chegue a 85 mil vagas preenchidas no fim do ano, que é a nossa meta para estes quatro anos", afirma.