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Cria da Rocinha, empresário já transformou 2,5 milhões de estudantes em autores de livros

Robson Melo é fundador da Estante Mágica; edtech quer alcançar 1 bilhão de crianças até 2030

26 ago 2024 - 05h00
Robson Melo palestra sobre Estante Mágica no TedXRio
Robson Melo palestra sobre Estante Mágica no TedXRio
Foto: @instagram | Reprodução

Nascido e criado na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, Robson Melo, de 37 anos, é um dos fundadores da Estante Mágica, uma edtech que transforma alunos de escolas públicas e particulares em autores de suas próprias histórias -- com direito até a noite de autógrafos. Em operação desde 2009, a empresa já produziu mais de 2,5 milhões de livros e planeja atingir 1 bilhão de crianças, ao redor do mundo todo, até 2030.

Neto de avós analfabetos, Robson foi incentivado a ter gosto pela educação. Logo cedo entendeu seu potencial transformador e se beneficiou do trabalho do avô, um marceneiro cearense de mão cheia, para ter acesso a exemplares que não podia comprar na época.

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"Fui criado sempre estudando em escola pública e com uma valorização muito grande do ensino. Desde cedo, eu vi que a educação seria fundamental para que eu tivesse uma ascensão social e uma vida mais digna. Meu avô, por acaso, era marceneiro e reformava muitos móveis na casa de clientes na Zona Sul do Rio. Acompanhando ele, eu tinha acesso a estantes diferentes e a muitos livros", conta, em entrevista ao Terra.

Criança assina seu próprio livro
Foto: @instagram | Reprodução

Motivado a mudar o mundo de alguma forma, Robson cursou Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Lá, conheceu seu sócio, Pedro Concy, com quem compartilha a paixão pela educação.

Juntos, eles decidiram criar uma edtech visando o empoderamento de crianças e o incentivo aos estudos. As operações começaram de forma embrionária em 2009, apenas com um notebook usado e uma impressora no quarto de uma república.

O surgimento da Estante Mágica

Entre altos e baixos, eles foram encontrando seu nicho de mercado e aprimorando o software de diagramação dos livros. Entre os maiores desafios que passaram, Robson Melo lembra a dificuldade de acesso a crédito e desenvolvimento de tecnologia própria.

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Criança abraça seu próprio livro
Foto: @instagram | Reprodução

"De início, a gente oferecia um livro com uma história pré-concebida, o aluno só tinha que preencher as lacunas e personalizar. Mas com o tempo os professores alertaram que seria interessante que os alunos escrevessem a própria história e pensamos: 'Por que não?'", lembra. 

Atuando em escolas públicas e particulares, a Estante Mágica tem mudado vidas e disso o fundador não tem dúvidas. A edtech garante o livro digital de forma gratuita para todos os alunos. A monetização vem da venda da versão impressa, ora adquirida pela família ou financiada por crowdfunding, por meio de empresas ou secretarias de educação.

Robson Melo palestra sobre Estante Mágica no TedXRio
Foto: @instagram | Reprodução

"[Os financiadores] não costumam relutar em aceitar nossa proposta, porque a produção de texto já é algo que está na grade, o que a gente faz é transformar essa produção em um grande evento, onde a família pode celebrar o aluno e levar para casa um exemplar físico", conta Robson.

"Já ouvi histórias, inclusive, de pais que procuraram o EJA [Ensino de Jovens e Adultos] após o filho chegar com o livro em casa. Eles disseram à diretora que a motivação para procurarem a educação era que eles queriam poder ler o livro que o filho escreveu em sala", acrescenta.

Até hoje, já foram produzidos mais de 2,5 milhões de livros, em cerca de 10 mil escolas adeptas da Estante Mágica no Brasil, México, Colômbia, Portugal e Espanha. A escalada do negócio se deu graças ao desenvolvimento do aplicativo próprio da edtech, que permite que professores apliquem a atividade aos alunos e façam a diagramação de forma fácil e rápida.

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"Nosso lema é: 'Cada história conta'. Ao longo de muito tempo na minha vida eu tive vergonha de contar minha história, de dizer que era da Rocinha. Muitas vezes eu menti para as pessoas, dizendo que eu morava em outro lugar. E uma coisa que eu percebi com a Estante Mágica é que cada história conta, cada história vale a pena, cada história merece ser contada. E quando a gente entrega isso para as escolas, para as crianças, especialmente para as crianças, estamos transformando e mostrando que a educação faz sentido. A gente mostra que a educação reconhece e celebra a história que elas têm pra contar", desabafa Robson. 

Fonte: Redação Terra
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