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Criticado por Bolsonaro, Paulo Freire é aplaudido na Câmara

"Educador é o brasileiro mais homenageado da história do País", diz pedido de moção.

17 dez 2019 - 17h30
(atualizado às 20h39)

Alvo frequente de críticas públicas do presidente Jair Bolsonaro e de membros do governo, o educador Paulo Freire recebeu uma moção de aplauso da Câmara dos Deputados na tarde desta terça-feira, 16. A homenagem acontece um dia após o presidente ter chamado o educador de "energúmeno".

O pedido da moção foi feito pela bancada do PSOL na Casa e aprovado nesta tarde pelo plenário. "O educador Paulo Freire é o brasileiro mais homenageado da história, tendo recebido 29 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades norte-americanas e europeias", diz o pedido do partido.

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Câmara dos Deputados 
07/08/2019
REUTERS/Adriano Machado
Câmara dos Deputados 07/08/2019 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

O presidente atacou o educador ao defender o fim do contrato do Ministério da Educação (MEC) com a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), responsável por gerir a TV Escola

"Você conhece a programação da TV Escola? Deseduca", afirmou o presidente. O fim do contrato foi anunciado na última sexta-feira, 13. "Era uma programação totalmente de esquerda, ideologia de gênero. Dinheiro público para ideologia de gênero. Então tem que mudar", disse.

Paulo Freire

Nascido em 1921, no Recife, Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997), é considerado um dos principais pensadores da história da pedagogia mundial, especialmente pela sua influência no movimento chamado pedagogia crítica. Ele despontou como referência para a educação popular no início dos anos 60, quando desenvolveu um método de alfabetização de adultos que obteve bons e rápidos resultados.

A experiência em Angicos, no Rio Grande do Norte, que parte dos saberes e experiências acumuladas pelos alunos antes da educação formal, foi levada por Freire a diversos países do mundo.

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Sua prática didática fundamenta-se na crença de que o estudante assimilaria o objeto de análise fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído. O método de alfabetização desenvolvido a partir dessa crença é fincado no diálogo entre professores e estudantes e no valor da educação como ferramenta para a emancipação social.

Foi pelo método de alfabetização de adultos que Freire foi perseguido pelo militares durante a ditadura. Depois de ter sido preso como traidor, ele e a família se exilaram em diversos países e só retornaram após a anistia.

Após a ditadura militar e de volta ao Brasil, Freire foi professor na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Foi também filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e secretário de Educação do município de São Paulo, durante o governo de Luiza Erundina.

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