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Dia da Família é alternativa inclusiva nas escolas

Comemoração contempla diferentes composições familiares

9 ago 2015 - 10h00

Quando Marcos Leme foi buscar o filho, Wesley, de seis anos, na escola, o pequeno carregava o presente que tinha feito para o Dia das Mães. O pai sugeriu que o menino desse a lembrança para uma de suas avós. Sem dar ouvidos, logo que chegou em casa, o garoto entregou a toalha pintada para o outro pai, Paulo Reis dos Santos. Nas comemorações de Dia dos Pais, como neste domingo (9), o casal participa das atividades escolares. “Fazemos questão de dizer cotidianamente a ele que somos uma família, e uma família feliz”, explica Paulo.

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Além dos presentes, algumas escolas promovem comemorações para pais ou mães. Anna tem 11 anos e não convive com o pai, mas nem por isso deixa de participar. Geralmente, quem aproveita os eventos é a mãe, Márcia Gabrielle Machado. “Uma ou duas vezes o marido da minha mãe foi como ‘o pai’. Mas eu gosto de ir nas festinhas de Dia dos Pais, sempre me divirto muito com ela. O presente ela já fez até para a madrinha, já que não tem o 'dia da dinda', mas a festa geralmente é minha”, comenta Márcia, que vê a filha muito tranquila em relação à ausência do pai.

Para atender as diversas composições familiares, algumas escolas deixaram de realizar atividades específicas de Dia dos Pais ou Dia das Mães
Para atender as diversas composições familiares, algumas escolas deixaram de realizar atividades específicas de Dia dos Pais ou Dia das Mães
Foto: iStock

Nos dois casos, a postura dos adultos é importante, segundo Vinícius Sauer, psicólogo que atua em escolas e na área de sistêmica familiar. Ele afirma que a forma como a criança de um núcleo familiar diferente do triângulo "pai-mãe-filhos" vai lidar com esse tipo de evento é diretamente ligada ao modo como a própria família se apresenta para os pequenos, sendo o diálogo uma ferramenta fundamental.

Por compreender que existem diversas composições familiares, algumas escolas deixaram de realizar atividades específicas de Dia dos Pais ou Dia das Mães para realizar comemorações dedicadas à família. É o caso do Colégio Santo Américo, em São Paulo. Desde 2013, a escola, de confissão católica, realiza a semana da família no final de agosto, quando os alunos do maternal ao terceiro ano do ensino médio desenvolvem trabalho com esta temática. A programação é encerrada no sábado, com uma festa, em que cada estudante convida aquelas pessoas que fazem parte do seu núcleo familiar para participar dos jogos, brincadeiras, feira do livro, oficinas de cerâmica entre outras atrações.

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A diretora pedagógica do colégio, Elenice Lobo, explica que uma das motivações da iniciativa é evitar constrangimentos. “Existem famílias que se separam, que constituem uma nova formação, às vezes multiparentais. Fazer uma festa de Dia dos Pais ou das Mães pode criar uma saia justa, quando na verdade a ideia é promover um momento feliz. Por isso fizemos esta escolha, que é mais democrática e acaba agradando a todos.”

Elenice garante que a nova comemoração foi aprovada pela comunidade escolar e brinca que a medida acabou com um outro problema: antes, os adultos ficavam comparando os eventos. “Algumas mães diziam que o Dia dos Pais era mais divertido.” Os presentes ainda são confeccionados, mas a criança tem a opção de não fazer ou dar para qualquer pessoa com quem possua vínculo afetivo, o que normalmente acontece. Mesmo com as mudanças, a escola continua realizando uma missa dedicada às mães, no segundo sábado de maio e uma aos pais, em agosto.

Para Sauer, é muito positivo que as escolas desenvolvam atividades inclusivas para os diferentes grupos familiares, entendendo a diversidade. “É um absurdo dizer que família é apenas homem, mulher e filhos. Isso deixa marcas nas crianças. Elas acabam absorvendo um conflito que não é delas, é da sociedade.” De acordo com o profissional, é na puberdade que algumas pessoas vão superar o problema.

Na infância, o processo é mais complicado. Sauer lembra que mesmo os contos de fada reproduzem um tipo ideal com rei e rainha, príncipe e princesa, etc. Por isso, o movimento de permitir que a criança entenda que sua família é igual às outras, independente da composição, é bastante complexo e, segundo ele, ações das escolas nesse sentido precisam ser saudadas.

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