Nesta quinta-feira (10) é comemorado do Dia Internacional dos Superdotados e amanhã (11) o Dia do Estudante.
As datas promovem reflexões sobre o papel dos estudantes na sociedade e a relação das crianças e jovens com altas habilidades e superdotação no cenário escolar.
De acordo com Censo Escolar da Educação Básica divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2022, havia 26.815 estudantes no perfil de superdotação e altas habilidades no Brasil. Esse número representa um aumento de 3 mil pessoas em relação ao censo anterior.
O fato instiga a pensar sobre as vivências desses alunos nas escolas.
Entre os sinais que podem indicar altas habilidades e superdotação estão:
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Aprendizado acelerado;
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Grande capacidade de memorização;
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Criatividade;
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Facilidade em resolver problemas complexos;
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Questionamento constante
O Brasil Escola conversou com a mãe de uma criança com altas habilidades e com uma neuropsicopedagoga para entender a realidade dessas crianças e jovens e compartilhar dicas que ajudem na inclusão desses estudantes.
Bilíngue aos 3 anos: a história de Filippo
Aos 2 anos, o pequeno Filippo já sabia ler placas de carros. O interesse pelas formas, cores, letras e números, tanto na língua portuguesa quanto inglesa já fazia parte da vida do garoto mesmo com pouca idade, conta sua mãe, Roberta Castro. Os dois moram em São Paulo (SP).
"Ele sempre teve uma diferenciação de desenvolvimento, não só emocional, mas também do ponto de vista pedagógico com raciocínio lógico muito rápido e eficiente, além de uma memória extraordinária"
Roberta Castro - Mãe do Filippo
Tanto para a Roberta quanto para a neuropsicopedagoga Renata Trefiglio da Camino School, "a escola, é de longe, o maior problema dos alunos superdotados".
Renata explica que essas crianças e jovens podem se sentir deslocados e desafiados por não encontrarem no espaço escolar um ambiente que estimule e acolha suas especificidades intelectuais.
Entre as características observadas em superdotados está a sensibilidade nos ouvidos. Isso foi observado no Filippo pela Roberta. A mãe do garoto conta que antes da pandemia, ele estudou em uma escola que tinha a sala bem pequena e havia muito baralho, então era comum ele estar sempre tampando os ouvidos.
Atualmente Filippo está em uma escola que presa pela inclusão de alunos com altas habilidades e superdotação. As atividas estimulam o pensamento crítico, a criatividade e a resolução de problemas.
Inclusão de superdotados nas escolas
De acordo com a neuropsicopedagoga Renata, a inclusão de estudantes com essas características está muito além da simples matrícula em uma turma regular.
É essencial que as escolas disponibilizem projetos de pesquisa e atividades extracurriculares para permitir com esses estudantes desenvolvam suas habilidades.
"A escola precisa buscar atender as necessidades individuais de cada aluno e promover um ambiente que estimule o desenvolvimento pleno de suas potencialidades"
Renata Trefiglio - Neuropsicopedagoga da Camino School
O processo de consolidar escolas inclusivas para esse grupo de estudantes deve contar com a capacitação de educadores para que esses profissionais possam compreender e identificar as características de estudantes superdotados.
Roberta comenta que a ausência de iniciativas direcionadas a esses alunos pode causar desinteresse pelas atividades escolares e até mesmo a um subaproveitamento escolar.
A mãe enfatiza que seu filho precisa de um acompanhemento pedagógico específico para que ele não se canse das atividades.
Outra questão levantada é a dificuldade em se relacionar diante da diferença de habilidades.
"As escolas acham que só o pedagógico importa e que o socioemocional não faz sentido, mas se não houver os dois, não haverá planejamento adequado para uma criança superdotada"
Roberta Castro - Mãe do Filippo
A escola tem um papel importante no processo de diagnóstico de alunos com superdotação e altas habilidades.
Para isso é fundamental que a equipe escolar esteja atenta aos sinais dos estudantes que se destacam em suas áreas de interesse.
O diálogo com a família é importante neste cenário para entender o desenvolvimento da criança e poder proporcionar a ela a melhor experiência escolar diante de suas características.
10 de agosto - Dia Internacional dos Superdotados
Nesta quinta-feira, 10 de agosto, é celebrado o Dia Internacional dos Superdotados.
A data foi criada em 2011 pelo Conselho Mundial das Crianças Superdotadas e Talentosas. A definição se deu a partir de um evento feito na cidade de Prata, na República Tcheca.
A oportunidade foi um encontro de escolas para discutir sobre o assunto e pensar estratégias de promoção de inclusão para esse grupo de forma efetiva e humanizada.
Por Lucas Afonso
Jornalista