Oferecimento

Dilma critica preconceito: cubanos fazem o que médicos daqui não querem

Segundo a presidente, está sendo externado um "imenso precondeito" contra os médicos formados em Cuba

28 ago 2013 - 11h53
(atualizado às 12h13)

A presidente Dilma Rousseff criticou nesta quarta-feira os que têm preconceito contra a presença dos médicos cubanos no Brasil. Em entrevista a rádios de Minas Gerais, ela ressaltou que há médicos estrangeiros de outros países, além de Cuba. A presidente ainda reiterou que os estrangeiros estão no Brasil para desempenhar o trabalho que os médicos brasileiros não querem fazer.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recebeu os médicos estrangeiros nesta segunda-feira em Brasília
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recebeu os médicos estrangeiros nesta segunda-feira em Brasília
Foto: Elza Fiúza / Agência Brasil

"É um imenso preconceito esse sendo externado contra os cubanos. É importante dizer que os médicos estrangeiros, não só cubanos, vêm ao Brasil para trabalhar onde médicos brasileiros formados aqui não querem trabalhar', disse ela.

Publicidade

Na segunda-feira, primeiro dia de treinamento dos profissionais estrangeiros no Brasil, médicos cubanos foram hostilizados em Fortaleza (CE). Um grupo de médicos brasileiros aguardou o encerramento do curso para protestar, chamando os cubanos de escravos.

Na terça-feira, a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) solicitou à Procuradoria-Geral do Trabalho investigação da relação de trabalho dos profissionais que atuarão pelo Mais Médicos. A entidade alega que o fato de os médicos não revalidarem os diplomas vai causar restrição de locomoção, o que, segundo a entidade, é uma das características do trabalho escravo.

Pelas regras do governo, todos os profissionais do Mais Médicos receberão uma "bolsa formação" pelo serviço nas regiões carentes. Não haverá contrato de trabalho. O Ministério da Saúde é favorável à concessão de pagamento por intermédio de bolsa porque os médicos farão uma especialização na atenção básica ao longo dos três anos de atuação no programa.

Infográfico: Revalidação do diploma médico

Conheça a história de médicos brasileiros que se graduaram fora do País e por que é necessário revalidar o diploma para poder trabalhar no Brasil

 

No caso dos médicos cubanos, eles atuarão no Brasil em regime diferente dos que se inscreveram individualmente no Mais Médicos. O Ministério da Saúde brasileiro firmou acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para que a entidade internacional buscasse parcerias para a vinda de médicos para o País. Pelo acordo, a Opas acertou com Cuba prevendo inicialmente a vinda de 4 mil médicos cubanos. Os primeiros 400 profissionais desse acordo a chegarem no País vão atuar em parte das 701 cidades que não receberam inscrições individuais de médicos.

Publicidade

No acordo, os repasses financeiros serão feitos do Ministério da Saúde para a Opas. A entidade repassará as quantias ao governo cubando, que pagará os médicos. Inicialmente nem a Opas nem o Ministério da Saúde souberam especificar quanto dos R$ 10 mil pagos por médico será repassado para os profissionais, porém, o secretário adjunto de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Fernando Menezes, disse depois que a remuneração ficaria entre R$ 2,5 mil e R$ 4 mil.

ENTENDA O 'MAIS MÉDICOS'
- Profissionais receberão bolsa de R$ 10 mil, mais ajuda de custo, e farão especialização em atenção básica durante os três anos do programa.
- As vagas foram oferecidas prioritariamente a médicos brasileiros, interessados em atuar nas regiões onde faltam profissionais.
- Com o não preenchimento de todas as vagas, o Brasil aceitou a candidaturas de estrangeiros - incluindo convênio com Cuba para a vinda de 4 mil médicos. Eles não precisam passar pela prova de revalidação do diploma
- O médico estrangeiro vai atuar na região indicada previamente pelo governo federal, seguindo a demanda dos municípios.
- O programa também prevê a criação de 11,5 mil novas vagas de medicina em universidades federais e 12 mil de residência em todo o País, além da inclusão de um ciclo na residência em que os profissionais atuarão no Sistema Único de Saúde (SUS).
Agência Brasil
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se