Pela primeira vez após o decreto de quarentena em São Paulo, escolas públicas e particulares devem reabrir para aulas regulares nesta terça-feira, 3. Autorizado pela Prefeitura, o retorno das classes presenciais no ensino médio é aguardado por parte dos estudantes, que deseja retomar a rotina escolar e o contato com colegas e professores. A volta é opcional e alunos do grupo de risco não devem ir à escola.
Desde outubro, os colégios da capital estão autorizados a funcionar, mas só para atividades extracurriculares, como aulas de idiomas e esportes. Classes regulares de Português e Matemática, por exemplo, só foram permitidas agora e apenas para o ensino médio. A maioria dos 40 colégios particulares consultados pelo Estadão no fim da semana passada informou que vai reabrir para aulas regulares nesta terça-feira.
As nove escolas municipais com ensino médio devem abrir obrigatoriamente nesta terça. Nas estaduais, a volta depende da avaliação de cada escola. Até a noite de sexta-feira, não havia um balanço de quantas unidades da rede estadual passariam a oferecer aulas regulares presenciais. Algumas delas já haviam sido abertas para atividades extracurriculares em outubro.
Na região central de São Paulo, o Colégio Dante Alighieri é uma das escolas particulares que vai retomar as classes presenciais nesta terça. Mais do que assistir às aulas, estudantes que vão marcar presença nas escolas particulares querem um último contato com o colégio antes do fim do ano letivo. "Ganhamos uma esperança de rever amigos e professores", diz Rafaela Morel, de 16 anos, aluna do 3.º ano do ensino médio do Dante.
As classes até agora ocorreram em casa - o colégio usa uma plataforma para transmitir as aulas ao vivo para os estudantes -, mas Rafaela lamenta não ter vivido nos corredores da escola a última série da educação básica. "Vamos tentar aproveitar um pouco agora, queremos fazer algumas das festas (de formatura)", diz a estudante. "Com máscara e distanciamento", completa.
Como em vários colégios particulares, os protocolos para entrar na escola incluem "check-list de saúde" e até câmeras para detectar febre e o uso de máscaras. Rafaela reconhece que o novo normal é "um pouco chato", mas necessário. "O principal desafio de voltar vai ser não poder abraçar meus amigos."
Segundo Carlson Toledo, diretor institucional do ensino médio do Colégio Porto Seguro, na zona oeste, a expectativa pelo retorno é grande no ensino médio, principalmente para recuperar a convivência. "A terceira série é um ano de emoções intensas, de despedida de um lugar em que o aluno passou 12, 13 anos. Alunos e famílias falam da sensação de que perderam alguma coisa."
Mãe de três meninas, Edith Gamboa só poderá mandar para aulas regulares no Porto Seguro nesta terça as duas filhas mais velhas, do 1.º e do 3.º ano do ensino médio. A caçula, do fundamental, deverá continuar apenas com atividades extracurriculares na escola. "Das minhas três filhas, a mais velha foi a que mais sentiu a aula a distância. O 3.º ano tem muitos ritos de passagem", diz a mãe. As salas do Porto Seguro devem receber cerca de 12 estudantes e haverá a transmissão simultânea das aulas para aqueles que decidirem ficar em casa.
Para Rafaella Requena, de 17 anos, o retorno à escola também servirá como uma força na preparação para os vestibulares. "Mesmo tendo de acordar às 6 horas da manhã, estou animada", diz a jovem, aluna do 3º ano do ensino médio da Escola Luminova. Segundo ela, estudar perto dos colegas é uma motivação a mais e ajuda a diminuir a pressão das provas. "Em casa é difícil ter o foco nos estudos." A escola deve abrir para aulas nas três unidades e espera que a adesão, calculada em 20%, cresça ao longo da semana.