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Enem: Bolsonaro diz querer questão sobre ditadura militar

Presidente, porém, destacou que não quer discutir se período foi ou não uma ditadura, mas sim "começar a história do zero"

25 nov 2021 - 10h00
(atualizado às 10h09)
Bolsonaro em Brasília
REUTERS/Adriano Machado
Bolsonaro em Brasília REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nesta quarta-feira, 24, em um evento em homenagem a escolas cívico-militares. Bolsonaro disse que, se pudesse interferir, a prova vista no domingo, 21, teria mais questões "objetivas" e também sugeriu que gostaria que o teste tivesse perguntas sobre a ditadura militar - mas sem discutir se o período foi ou não uma ditadura.

"Se eu pudesse interferir, pode ter certeza, a prova estaria marcada para sempre com questões objetivas de fato, não com questões ideológicas, como as que ainda vimos nessa prova", disse. Ao mesmo tempo em que nega interferência no teste, Bolsonaro falou que, pouco tempo atrás, no Enem, havia questões que "não tinham nada a ver", mas que, aos poucos, "estamos mudando isso".

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O presidente também disse que, se pudesse, adicionaria questionamentos relativos à ditadura militar no teste, porém, destacou que não iria discutir se o período foi ou não uma ditadura. "O que eu quero com isso? Não é discutir o período militar, é começar a história do zero", explicou.

"Eu queria sim colocar lá uma questão, se pudesse", afirmou. "Quem foi o primeiro general que assumiu em 1964? Foi Castello Branco. Em que data? Foi 31 de março? 1º de abril? 2 de abril ou 15 de abril?".

Ao responder a questão que levantou, sugeriu que a indicação de Branco ao cargo ocorreu normalmente, ignorando que, antes disso, houve um golpe e, na escolha, o militar era a única opção. "Foi dia 15 de abril, depois de uma eleição de 11 de abril, onde o Castello Branco foi votado pela Câmara e pelo Senado, e foi escolhido presidente da República, à luz da constituição de 46", declarou.

Sobre os demais anos de ditadura militar, posteriores a 1964, disse que "não tem governo que acerta tudo". "Eu sou mais acusado de defeitos do que todos os governos dos últimos 100 anos", exemplificou. Depois, citou a eleição de Rodrigo Mudrovitsch para a Corte Interamericana de Direitos Humanos, e afirmou esperar que ele arquive casos relativos ao Brasil.

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Ainda, no discurso, criticou o ensino brasileiro ao dizer que há um "desvirtuamento" por parte de alguns professores que, segundo o presidente, fazem com que haja "uma militância operando em sala de aula". Reclamou que, por isso, é difícil mudar a legislação do ensino brasileiro - sem, porém, citar as mudanças que gostaria de fazer.

Bolsonaro deu a entender que essa "militância" seria herança de um período que começou no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. "Nós queremos que o menino seja menino, que a menina seja menina. E não aquele lixo acumulado de 2003 para cá, onde se falava de quase tudo na escola menos de física, química e matemática."

Além disso, ao falar sobre agressão física a crianças como forma de disciplina, questionou: "Quem nunca sofreu um corretivo dos pais aqui?". Disse que ele mesmo passou por isso e, mesmo não tendo gostado na época, acredita que o ajudou a chegar até onde chegou.

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