Milhares estudantes de todo País voltaram para as salas de aula neste domingo, 12, para o segundo dia de provas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) 2023. Além de responder a 90 questões de Questão de Ciências da Natureza e Matemática, os candidatos precisaram superar o forte calor. A maioria das regiões registrou altas temperaturas.
Como na semana passada, as provas foram marcadas pela alta abstenção, por um novo vazamento e retorno da exploração de questionamento sobre o agronegócio. Além disso, teve questão anulada e reclamação dos pais. Veja abaixo as principais notícias que envolvem a principal porta de acesso dos brasileiros ao Ensino Superior.
Maior abstenção
O segundo dia de provas do Exame Nacional do Enem registrou 32% de abstenção, segundo o ministro da Educação, Camilo Santana. Cerca de 3,9 milhões de pessoas se inscreveram na edição 2023.
O índice se mantém praticamente estável em relação ao ano passado, quando 32,1% dos inscritos não compareceram nas provas de Ciências da Natureza e Matemática. "É natural que o número de faltosos no segundo dia seja maior. Até porque alguns candidatos que não se saíram muito bem no primeiro dia de provas costumam não comparecer no segundo dia", justifica o ministro.
Ao todo, 2217 estudantes foram eliminados por portar equipamentos eletrônicos, ausentar-se dos locais de provas antes do horário permitido, utilizar impressos ou não atender a orientação dos ficais. Outros 859 candidatos tiveram problemas logísticos, que incluem emergências médicas, falta de energia elétrica ou falta de abastecimento de água.
Questão anulada
A prova teve uma questão sobre H1N1 anulada. Segundo o ministro da Educação, Camilo Santana, a anulação aconteceu por falta de ineditismo.
A pergunta em questão é a 117 da prova amarela, que expõe um gráfico com números da gripe A-H1N1 e o processo de imunização. A pergunta, de acordo com Santana, apareceu no Enem PPL --edição do exame voltado para pessoas privadas de liberdade-- em 2010.
O MEC descartou inicialmente anular uma segunda questão sobre o padrão de contagem de um determinado povo indígena, que já teria sido utilizado no vestibular da Universidade Estadual de Goiás (UEG) em 2003. Trata-se da pergunta 168 da prova amarela.
Novo vazamento
Um documento com a cópia do caderno de questões circulou em grupos de WhatsApp neste domingo, 12. Um arquivo em PDF com a prova completa, do caderno de cor amarela, foi compartilhado por volta das 17h, uma hora antes do horário permitido para que os candidatos saíssem do local de prova com o espelho.
A prova começou às 13h30. A partir das 15h30, já era autorizada a saída dos alunos que tivessem finalizado o exame. No entanto, a saída com o caderno com o conteúdo do exame só poderia ocorrer a partir das 18h. O Terra comparou o documento vazado com as provas realizadas pelos candidatos e comprovou que eram iguais.
Assim como no vazamento do 1º dia do Enem, acredita-se que o material somente teria entrado em circulação após o início da aplicação do exame. O ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que a Polícia Federal foi acionado e afirmou que o fato não compromete a prova, já que a divulgação aconteceu após o início das mesmas.
Volta do agro
O segundo dia voltou a repetir um assunto que foi polêmico na semana anterior: o agro. Desta vez, uma questão da prova de Ciências da Natureza falou a respeito da ação de um agrotóxico, usado em plantações, e abordou seus efeitos sobre o meio ambiente. Em coletiva, o ministro da Educação, Camilo Santana, negou a politização do Enem: "Não há a menor possibilidade de interferência do governo em relação a elaboração do exame [a prova foi feita através] de um edital público de professores indepentendes realizado em 2020, não foi neste governo e não há nenhuma interferência por parte deste governo na elaboração."
Durante a semana, deputados ligados ao agronegócio criticaram a "ideologização do Enem" por perguntas que, segundo eles, teriam viés ideológico. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) chegou a pedir a anulação de três questões sobre a exploração do Cerrado e os prejuízos do agronegócio para os camponeses e o desmatamento da Amazônia no cultivo da soja. A anulação foi descartada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).
Além do agro, a prova deste domingo também teve questões sobre a usina de Chernobyl, hormônios e a tensão pré-menstrual (TPM), Síndrome de Down, desmatamento, funcionamento de cisternas, delivery e desaparecimento das abelhas
Altas temperaturas
Água e muitas idas ao banheiro. Essas foram algumas das estratégias que os estudantes que conversaram com o Terra usaram para enfrentar o dia mais quente do ano na capital paulista durante o Enem.
Na Unip Vergueiro, na região central de São Paulo, os candidatos enfrentaram um calor de quase 40 ºC e improvisaram um leque para poder suportar as altas temperaturas. Uma estudante revelou que o local contava até com uma ambulância caso algum estudante passasse mal.
Temor com exatas
Na semana passada, os candidatos foram submetidos à redação. Porém, para o segundo dia de prova ficaram as questões de Exatas, área temida por grande parte dos estudantes. Nas redes sociais, o tema rendeu muitos memes.
Uma aluna de 18 anos – que foi a primeira a deixar escola em que fez a prova na região central de São Paulo – revelou que “chutou tudo”. “Não acho que fui bem. Esse ano era só um teste, eu vou tentar fazer um curso para passar no ano que vem”, contou para a reportagem do Terra.
Reclamação dos pais
Conseguir uma boa nota no Enem, muitas vezes, não envolve apenas o estudante, é um ‘trabalho em família’. Muitos pais fizeram questão de acompanhar os filhos na prova no domingo, 5, e encararam muitas horas no transporte público, além das altas temperaturas.
Eles reclamaram da distância dos locais de prova. Segundo os pais, houve falta de organização. “Precisamos pegar lotação, trem e metrô para chegar até aqui", disse uma mãe, que por causa da distância preferiu aguardar a jovem finalizar as cinco horas de prova na porta da Unip Vergueiro. "Não vale a pena voltar para casa", completou.
Quando saiu o gabarito ofical do Enem?
O gabarito oficial da prova, previsto inicialmente para ser divulgado no dia 24, será publicado agora às 19h da próxima terça-feira, 14, e estarão disponíveis na seção Provas e Gabaritos do portal do Inep.
Enquanto a correção oficial do Enem não é publicada, os estudantes podem consultar o gabarito extraoficial do 1º dia e do 2º dia feito pelos professores do Objetivo em parceria com o Terra. O gabarito traz as respostas dos quatro tipos de prova: azul, branca, rosa e amarela.