Estudantes e cursinhos passam o ano inteiro especulando o tão aguardado tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para as professoras Laura Macedo, Débora Rocha e Júlia Sahium, não foi diferente. Em setembro, elas apostaram na cultura afrodiaspórica como pauta central e até ministraram aulas sobre o tema. A surpresa veio no último domingo, 3: a proposta era praticamente igual à promovida por elas.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
A prova pediu para que os candidatos escrevessem sobre os "desafios para a valorização da herança africana no Brasil". O tema não pegou de surpresa os alunos de um cursinho em Goiânia. Em uma publicação feita em 29 de agosto, o pré-vestibular promoveu a aula “Narrativas afro-diaspóricas na arte contemporânea”, que foi realizada posteriormente, em 3 de setembro.
Segundo a postagem. o preparatório exploraria o "conhecimento e as reflexões sobre a influência da cultura afro-diaspórica na arte atual". A aula foi ministrada pela professora de história Laura Macêdo, que celebrou o acerto ao ver o tema da redação do Enem 2024.
Nas redes sociais, Laura escreveu: "Discutir narrativas afrodiaspóricas é um tema sensível em uma sociedade estruturalmente racista. Na arte contemporânea, artistas da cultura afro-brasileira retomam seus lugares por direito ao produzirem obras que falam sobre as heranças africanas na construção da identidade nacional do Brasil", refletiu.
"São nossas raízes culturais. É desse chão que saiu o nosso país. Falar do tema é uma obrigação como educadora(s) mas, para além disso, é uma resistência a um sistema que persiste em nos censurar e oprimir por estarmos falando de forma crítica da nossa construção social e cultural", diz texto.
A professora Laura Macêdo também compartilhou um relato positivo. "Quando vi o tema, só me veio a sua aula na cabeça. Todos os meus repertórios foram da sua aula", elogiou uma aluna.