O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é um dos principais motivos de preocupação para os estudantes. A alta expectativa é motivada pela importância da prova, que acontece entre os dias 5 e 12 de novembro, para ingressar no Ensino Superior.
Nas salas de aula, cursinhos e preparatórios, as teorias são muitas. Para tentar adivinhar o tema deste ano, os professores e alunos levam em consideração os temas dos anos anteriores e quais são os assuntos da atualidade, mas acertar nem sempre é fácil.
O método para a escolha do tema é sigiloso e é feito por especialistas selecionados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A redação é conhecida por surpreender.
- Em 2022, o tema foi "Os desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil";
- Em 2021, "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil";
- Em 2020, "O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira".
Apesar da ansiedade dos 3,9 milhões de candidatos inscritos para o Enem 2023, se inspirar em temas pode ser uma forma de praticar o texto e se preparar até a prova final. Pensando nisto, o Terra consultou professores especialistas em redação sobre os possíveis temas para o Enem deste ano.
5 possíveis temas para a redação do Enem 2023
Grupos minoritários ou historicamente prejudicados
Para o professor de redação Diego Pereira, que escreveu o livro "Curso de Redação para Enem e Particulares", o assunto pode ser abordado devido às discussões sobre os povos indígenas, comunidade LGBTQIA+ e preconceitos com grupos minoritários.
"O Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos), que é uma das provas que o Inep elabora, teve uma proposta de redação sobre 'A importância do respeito às religiões de matrizes africanas'. Sempre digo para meus alunos que o Encceja é uma espécie de 'spoiler' sobre o que esteve no radar do Inep como proposta", comenta.
Diego aponta ainda que a discussão não deve ficar necessariamente presa aos grupos mais conhecidos, mas também aos que ainda não foram abordados pela redação do exame.
"O quilombola e o indígena foram abordados no ano passado, mas e pessoas com deficiência? Elas nunca foram cobradas. Também preconceitos relacionados à comunidade LGBTQIA+, preconceitos linguísticos e contra os nordestinos", acrescenta.
Dica do professor: Os alunos podem mapear quais são as minorias que foram cobradas em outras edições e ver quais são as minorias que ainda não apareceram.
Tecnologia e inteligência artificial
Para Diego, entre as apostas deste ano, é considerada a discussão sobre tecnologia e inteligência artificial. "Estamos no meio de debate internacional e muito relevante este ano, envolvendo as inteligências artificiais e a interferência delas em vários aspectos", justifica.
Para ele, as abordagens cobradas podem incluir a interferência das inteligências artificiais em médio prazo na educação escolar e acadêmica.
As demandas da Juventude
De acordo com o professor Diego Pereira, uma temática envolvendo os interesses e necessidades dos jovens brasileiros pode ser resgatada na prova.
"Dentro disso, o jovem no mercado de trabalho, o jovem na cidadania, os jovens e as drogas. Tudo o que gira em torno do jovem, como um ser social ativo. O Enem nunca fez um tema dentro disso e uma hora ele virá", avalia.
Meio ambiente
Para a professora Fernanda Pessoa, que dá aula de Linguagens e Redação e fundou o Fernanda Pessoa Grupo Educacional, a questão ambiental é sua aposta devido às discussões mundiais sobre emergência climática e fenômenos naturais que têm sido comuns.
"É uma questão que tem sido levantado um alerta, mas também dentro do assunto trabalho e economia", especula. "Porém, a ideia é pegar todos de surpresa".
Exposição infantil na internet
A exposição na internet, mas voltada para o público infantil, é uma das apostas de Edilberto Ferreira, professor de redação e preparatório para Enem. Para ele, o assunto está sendo discutido e pode ser um tema por não esperado pelos candidatos da prova.
"Acredito muito neste tema, pois está dentro de pós-modernidade e está sendo discutido. Dentro disso, 'os desafios impostos por essa exposição infantil na internet'", aposta.
Como se preparar para a redação do Enem
Independentemente do tema, estar bem preparado é a chave para uma boa nota na redação do Enem. Pensando nisso, separamos algumas dicas que podem te ajudar a mandar bem na redação.
Não foque tanto no tema enquanto se prepara
Com 25 anos de experiência na área da educação, a professora de redação Fernanda Pessoa orienta os alunos a não se prenderem a um único tema enquanto se preparam. "Um ponto muito importante é que os alunos acham que saber o tema é algo importante, e não é. Tento mostrar a importância de conhecer um Brasil real, pois não tem como decorar mais de mil dados estáticos. O importante é se preparar para o todo", aponta.
Pratique!
De acordo com Lucas Felpi, de 22 anos, a prática é a chave para uma prova bem-feita. O estudante já tirou uma nota 1000 no Enem de 2019 e comenta como se preparou para o exame.
"É uma tensão gigantesca, mas para uma questão de tranquilidade, a prática leva à perfeição. Quanto mais você ler, praticar, mais você entenderá de outros temas. O que importa é você saber escrever uma redação para qualquer tema", recomenda.
Confie no seu método de estudo
"A melhor dica para a redação nesta reta final é: se apegue menos à redação. Faça algo um pouco mais objetivo, tenha um método e confie no que você está seguindo. Desta forma, esse medo, esse aspecto subjetivo da prova de redação que é inerente à prova, não vai te afetar tanto na execução", sugere o professor Edilberto Ferreira.
Quais competências são avaliadas na redação do Enem
A forma como as redações são corrigidas é uma das dúvidas mais recorrentes dos alunos. De acordo com o Inep, a redação é avaliada por pelo menos dois professores graduados em Letras ou Linguística, que levam em conta as seguintes competências:
- • Competência 1: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa;
- • Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa;
- • Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista;
- • Competência 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação;
- • Competência 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.
O avaliador pode dar uma nota entre 0 e 200 pontos para cada uma das cinco competências. A soma desses pontos comporá a nota total de cada avaliador, que pode chegar a 1.000 pontos. A nota final do participante será a média aritmética das notas totais atribuídas pelos dois avaliadores.
Por que alguém zera a redação do Enem
Por outro lado, há também chances de zerar a redação do Enem. De acordo com o Inep, há muitos pontos que podem levar a isso, como:
- • Fuga total do tema;
- • Não obedecer ao tipo dissertativo-argumentativo;
- • Extensão de até 7 linhas na prova convencional ou de até 10 linhas no sistema Braille;
- • Cópia de texto(s) da Prova de Redação e/ou do Caderno de Questões sem que haja pelo menos 8 linhas de produção própria do participante;
- • Desenhos e outras formas propositais de anulação em qualquer parte da folha de redação (incluindo os números das linhas na margem esquerda);
- • Números ou sinais gráficos sem função evidente em qualquer parte do texto ou da folha de redação (incluindo os números das linhas na margem esquerda);
- • Entregar folha de redação em branco, mesmo se tiver escrito no rascunho;
- • Colocar assinaturas, nome, iniciais, apelidos, codinomes ou rubrica fora do local designado para a assinatura do participante;
- • Texto escrito predominante em língua estrangeira;
- • Texto ilegível.