Movido pela insatisfação com sua formação na universidade, o engenheiro de produção Lucas Rana buscou aprimorar os próprios conhecimentos e ajudar outras pessoas a se prepararem melhor para o mercado de trabalho. Foi com essa motivação que surgiu a edtech Escola DNC, focada no desenvolvimento de carreira.
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Natural de Guaratinguetá, interior de São Paulo, Lucas começou na indústria automotiva, onde percebeu uma grande lacuna na preparação dos universitários para o mercado de trabalho. Essa percepção o motivou a criar a DNC em 2012, inicialmente oferecendo pequenos cursos práticos, como Excel e gestão de projetos ágeis.
"O que eu percebi foi que os universitários estavam muito despreparados para a entrada no mercado de trabalho. Então, eu falava de coisas do meu dia a dia de trabalho, e os meus colegas de sala: 'Caramba, não sei o que é isso, isso não tem na grade da faculdade'. Como é que o pessoal vai para o mercado sem saber disso?", questiona.
No início, Lucas conciliava seu emprego com a faculdade, e ministrava aulas quando podia. Durante cerca de nove meses, ele trabalhou incansavelmente, dormindo de duas a três horas por noite para dar conta de todas as suas atividades. Em 2013, decidiu se dedicar exclusivamente ao projeto, e a DNC começou a ganhar tração.
"Foi aí que eu comecei a dar uma olhada mais profunda e percebi que realmente o sistema tradicional é uma boa base, mas não prepara de fato para o dia a dia, para carreiras específicas do mercado de trabalho", analisa.
A DNC, que inicialmente se chamava Dinâmica Treinamentos, passou por uma transformação significativa em 2019, quando migrou do presencial para o online e adotou uma plataforma própria que usa tecnologia para as aulas. Durante a pandemia de covid-19, a DNC cresceu exponencialmente, adaptando-se ao formato online e atendendo a uma demanda crescente por cursos de transição de carreira.
Transição de carreira
A ideia de focar em transição de carreira surgiu da própria demanda dos alunos, segundo Lucas. A DNC percebeu que muitos profissionais estavam insatisfeitos em suas áreas atuais e buscavam uma mudança. Hoje, a empresa oferece um leque de cursos que permite a transição para diversas profissões, atendendo desde universitários até profissionais mais experientes. Os cursos da DNC têm uma taxa de empregabilidade de 99% em até três meses após a conclusão, segundo o CEO.
"Você vai ver veterinário que estudou ciência de dados, ou o cara era motoboy e virou um desenvolvedor no iFood, por exemplo. Essas histórias são muito legais. A transição de carreira foi uma coisa que surgiu ao longo do tempo, conforme a gente foi vendo que o pessoal queria fazer mudanças, e nosso sistema de ensino permitia isso", pontua o CEO.
Com alunos de 22 a 38 anos, os cursos atendem tanto profissionais que buscam aprimorar seus conhecimentos quanto aqueles que querem mudança – às vezes drástica – de carreira.
A edtech também lançou recentemente o DNC Mentoring, um serviço voltado para profissionais sêniores que buscam promoção e aumento salarial, e o First Skilling, que visa ajudar pessoas em ocupações tradicionais a migrarem para carreiras digitais.
"Um cara que é açougueiro, operador de caixa, como eu faço esse cara ir para uma profissão que paga melhor, ir para uma profissão mais digital, ajudar ele nessa mudança de contexto e de ambiente? O nosso objetivo com esse produto e para esse público é que a gente consiga ajudar eles a alcançar um salário de R$ 3 mil a R$ 5 mil", explica Lucas sobre o First Skilling.
Negócio de sucesso
Em termos financeiros, a DNC tem apresentado crescimento notável. Em 2023, a empresa faturou R$ 36 milhões, com projeção de atingir 50 milhões em 2024 e 100 milhões até 2026, de acordo com o CEO Lucas Rana.
Lucas atribui seu sucesso à resiliência e ao estudo constante, especialmente nas áreas de vendas e finanças, essenciais para qualquer empreendedor.
"A gente tem um índice de empregabilidade de 99% dos alunos em até 3 meses após a formatura do curso com a gente. É o maior do Brasil, a gente leva muito a sério isso. O nosso foco é justamente ser uma escola de resultado, em vez de ser uma escola de conteúdo", diz.
Motivado após identificar uma necessidade no mercado e criar uma solução inovadora, Lucas também acabou trocando a Engenharia de Produção pela carreira como empreendedor, mostrando que ele mesmo também passou por uma transformação em sua carreira, ajudando outras pessoas a fazerem a mesma mudança.
"Tem que ter muita resiliência, estudar bastante. E essa transição foi bem bacana, mas foi bem dolorosa. Estudar muito, muitas horas sentado, lendo, para conseguir aprender um pouco de cada coisa e ajudar o time", lembra.