Era outubro de 2022. O engenheiro Daniel Lívio Alencar Cordeiro não estava feliz com a carreira que seguia no mercado financeiro, decidiu arriscar na mudança de profissão e voltou a estudar para o vestibular. Hoje, aos 35 anos e menos de um ano e meio dessa escolha, ele comemora a aprovação no curso mais concorrido da Universidade de São Paulo (USP): Medicina, no campus da capital paulista. Na última edição do vestibular, o curso recebeu mais de 15 mil inscrições para 128 vagas.
Daniel ficou sabendo do resultado pouco antes das 8h de segunda-feira, 22, quando a Fuvest liberou a lista de aprovados. Assim que ele acordou e verificou o celular, já tinha recebido mensagens de vários amigos celebrando a conquista. "Chorei de alegria, fiquei muito feliz", conta ao Terra.
Natural de Fortaleza, no Ceará, Daniel já é formado no curso de Engenharia de Fortificação e Construção pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), no Rio de Janeiro. Quando tinha 19 anos, ele se mudou para a capital fluminense para estudar e, na época, o objetivo era trabalhar em bancos. No entanto, no meio da faculdade, ele começou a pensar em cursar Medicina.
"Eu conversava com os estudantes de Medicina e achava que aquilo era mais a minha cara. Só que aparecia alguma outra oportunidade de emprego em Engenharia e eu acabava agarrando", recorda.
Depois de formado, Daniel trabalhou no Exército Brasileiro e fez um mestrado em Economia. Com 28 anos, ele foi morar em São Paulo (SP) e passou a trabalhar em um cargo de uma empresa com atuação no mercado financeiro. Mas, após seis anos na área, a vontade de fazer Medicina despertou novamente.
"Fui trabalhando no mercado financeiro, vendo o dia a dia, e chegou uma hora que eu vi que realmente não era aquilo que eu queria fazer, faltava alguma coisa, um sentido. E foi aí que pensei de novo em Medicina", afirma Daniel.
Dessa vez, ele decidiu seguir esse sonho. Como já tinha uma reserva financeira, pediu demissão no trabalho no fim de 2022, prestou o vestibular da USP pela primeira vez naquele ano, mas não passou. O ano de 2023 então foi totalmente dedicado aos estudos.
Segundo Daniel, algumas pessoas inicialmente se espantaram com a decisão da mudança de carreira e inclusive falaram para ele "deixar isso para lá", mas ele lembra que também recebeu o apoio de muitos amigos e familiares.
"Algumas pessoas diziam: 'Cara, corre atrás'. Minha mãe, a primeira vez que eu falei que iria largar o emprego, ela falou 'Deus me livre'. Mas depois já estava torcendo por mim. Ela viu que eu estava bem mais feliz."
Preparação para o vestibular
A rotina de estudos de Daniel foi bastante intensa no ano passado. Logo no início do ano, ele se matriculou no Curso Objetivo, na Avenida Paulista, em São Paulo. Pela manhã, ele participava das aulas do cursinho e, à tarde, estudava na biblioteca. Já em casa, à noite, assistia aos vídeos de revisão ou sobre as obras cobradas na Fuvest.
Durante a semana, o tempo destinado aos estudos era de cerca de 12 horas por dia. Sábado, no entanto, era o seu dia de descanso e reservado para atividades de lazer, como assistir aos filmes. Aos domingos, ele escrevia redações.
A sua preparação para o vestibular também contou com muitas resoluções de provas antigas da Fuvest e participação em simulados. "Eu fazia todas as provas para ver o que eu estava errando. É muito importante. E, às vezes, não é conteúdo. Às vezes, é dormir um pouco mais antes da prova, revisar um pouquinho, um ajuste. E isso você vai pegando com os simulados", diz.
Além da Fuvest, Daniel fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023 e também teve um ótimo desempenho nas questões de exatas e biológicas. Ele conta que acertou todas as questões em Matemática, tirando a nota máxima, e errou apenas uma em Ciências da Natureza. Na redação, sua nota foi 940. Para quem está se preparando para encarar o vestibular Fuvest 2025, a dica do mais novo calouro é manter a autocrítica ao longo dos estudos e definir uma estratégia de resolução de prova.
"Primeira coisa, você precisa acreditar que é possível passar, ter motivação e correr atrás. Segundo, é necessário autocrítica para ver em que está errando e tentar melhorar, além de ter uma estratégia de resolução da prova. Talvez pular as questões mais difíceis e voltar para elas no final, por exemplo. É você saber atacar o problema. E, às vezes, atacar de frente não é a melhor estratégia. Você tem que ir circundando e tentando chegar ali no objetivo da melhor forma possível", aconselha.