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Entenda por que é tão importante saber trabalhar em grupo

Saber trabalhar em grupo é um diferencial tanto na escola quanto no mercado de trabalho; habilidades adquiridas em atividades coletivas são valorizadas pelas empresas

5 jan 2015 - 09h00
(atualizado às 09h04)

Na escola, um trabalho em grupo pode ter muitos significados. Para alguns, é mais uma chance de ganhar uma nota com o esforço dos colegas - o que é frustrante para quem se vê obrigado a realizar a tarefa dos demais. Também existem aqueles que aproveitam o tempo para conversar com os amigos e, muitas vezes, se esquecem do objetivo proposto pelo professor. Por outro lado, muitos verão o trabalho como uma oportunidade de aprender e compartilhar, e isso pode ser determinante para o futuro do aluno no mercado de trabalho. 

As habilidades para realizar tarefas coletivamente podem ser desenvolvidas já na infância. Darli Collares, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica que não existe uma idade exata, mas por volta dos 7 ou 8 anos, fica mais visível aos adultos a possibilidade de as crianças trabalharem numa perspectiva de reciprocidade de pensamento. O processo, contudo, não é simples. “É difícil para a criança acolher uma opinião diferente da sua e ter que, por vezes, abrir mão de seu ponto de vista.O papel do professor é fundamental, pois, como autoridade, caberá a ele garantir que este processo se dê de forma segura e solidária para todos”, diz Darli.

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Mesmo depois da infância, o entendimento sobre o  trabalho coletivo ainda precisa ser trabalhado. “A noção de trabalho em grupo não é entendida nem por crianças, nem por adultos. Eles se unem para trabalhar individualmente”, acredita Leandro Balejos, que leciona história e geografia para alunos de sexta série do ensino fundamental e de educação de jovens e adultos (EJA). Para Balejos, a escola deve ensinar a cooperação, e é tarefa do professor motivar os estudantes para que todos trabalhem juntos. 

Na mesma linha, Darli defende que os trabalhos em grupo desenvolvem habilidades que não podem ser trabalhadas de forma individual. “Um trabalho de grupo envolve um processo de criação, combinações, trocas, decisões, tempo de desorganização (cair num vazio de ideias) e de organização (fundamental para o êxito do trabalho). Em função disso, ser capaz de ouvir o outro, colocar-se no lugar do colega, acolher ideias diferentes da sua para definir a melhor para o momento, impõe a reciprocidade de pensamento”, explica. Ela cita o psicólogo suíço Jean Piaget, destacando que a função da escola deve ser a de promover um método de cooperação entre os alunos, mais do que abordar conteúdos.

Na prática, muitas vezes, o esforço coletivo perde espaço para o trabalho desigual entre os membros de um grupo. A professora Cibele Finkler, que dá aulas de português no ensino fundamental e de literatura no ensino médio, comenta que, conforme os alunos crescem, a dificuldade de integrar a todos aumenta. “Os pequenos interagem mais, todos querem trabalhar. Já com os adolescentes, é comum que uns façam o trabalho e outros apenas coloquem os nomes”, diz. Para inibir essa prática, Cibele exige relatórios individuais, onde os estudantes precisam dizer o que fizeram e o que aprenderam com a tarefa. 

Respeito e negociação

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Muitas vezes, os professores permitem que os alunos escolham seus parceiros por afinidade, outras, determinam as equipes por sorteios ou até por escolha de perfis. Em ambas as situações, há vantagens e desvantagens. Quando escolhem com quem trabalhar, os estudantes podem contar com a facilidade de estar entre amigos, e o entrosamento é mais fácil. Por outro lado, quando o professor determina a formação de uma equipe, o grupo fica mais heterogêneo, obrigando que todos cheguem a consensos e desenvolvam meios de negociação e respeito às opiniões diferentes. 

Nas turmas em que Balejos dá aula, sempre fica uma cadeira vazia ao lado de cada grupo, para que o professor possa acompanhar os trabalhos, muitas vezes intermediando negociações. A separação ou a troca dos grupos deve ser a última alternativa, e os conflitos precisam ser esclarecidos e resolvidos - afinal, também existirão no mercado de trabalho e precisarão ser contornados.

Cada vez mais, o mercado exige as habilidades adquiridas em trabalhos em grupo. Consultor de recursos humanos, Rafael Pereira destaca que as empresas geralmente buscam profissionais que saibam atuar em equipes, mesmo em setores onde, teoricamente, o trabalho é individual. Segundo ele, o adulto pode desenvolver a capacidade para trabalhar coletivamente, mas o empregador tende a preferir o profissional que já apresenta essa característica. Além disso, é comum que as companhias queiram profissionais que entendam o conceito de complementaridade - ou seja, já que é impossível que uma pessoa seja boa em tudo, é essencial que saiba aliar seus conhecimentos com os dos outros em prol do bem comum. 

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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