Escola de Angelina Jolie quer dar mais poder às mulheres

Estrela criou centro na Escola de Economia e Ciência Política de Londres para formar profissionais aptos a maximizar o poder, a autoestima e a segurança das mulheres; especialistas dão dicas de como fazer o mesmo em sala de aula

6 mar 2015 - 07h34
<p>Atriz Angelina Jolie durante entrevista em Dohuk, norte do Iraque em janeiro de 2015</p>
Atriz Angelina Jolie durante entrevista em Dohuk, norte do Iraque em janeiro de 2015
Foto: Ari Jalal / Reuters

No mercado de trabalho, na rua, dentro de casa: as mulheres ainda sofrem com restrições, violência e preconceito. No ranking mundial de igualdade de gênero divulgado em 2014 pelo Fórum Econômico Mundial, em uma escala em que um representa a igualdade máxima, o Brasil ocupou a 71ª posição entre 142 países pesquisados - na categoria empoderamento político, sobe para a 74ª, e em participação econômica e oportunidade, para a 81ª. Em outra pesquisa, realizada no ano passado pelo Instituto Avon e Data Popular com jovens dos 16 aos 24 anos, 66% das mulheres afirmaram que já sofreram algum tipo de ataque.

Para ajudar a mudar esse cenário, Angelina Jolie, atriz e enviada especial da Agência de Refugiados da Organização das Nações Unidas, inaugurou neste mês o Centro para Mulheres, Paz e Segurança, na Escola de Economia e Ciência Política de Londres. A escola propõe formar profissionais que pensem sobre o empoderamento da mulher e, em 2016, vai oferecer um mestrado em Mulheres, Paz e Segurança. Com foco na educação, especialistas apontam que o ambiente acadêmico é uma das chaves para trabalhar a emancipação feminina - desde a educação infantil, até a universidade.

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Professora da faculdade de educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e integrante do Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero da instituição, Jane Felipe ressalta a importância de o professor estar preparado para trabalhar a questão em sala de aula – há assuntos que vão além da sua disciplina, e é preciso dedicação e estudo para ligar os temas.

“É preciso que as garotas não sejam valorizadas apenas pela sua beleza ou poder de sedução, e sim pelas suas habilidades e competências. Em sala de aula elas podem aprender que é possível ser astronauta, engenheira, cientista ou médica”, afirma a professora do departamento de educação da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, e coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Gênero, Marisa Barletto.  

Abaixo, veja dicas das especialistas para professores, pais e alunos que querem dar mais poder e liberdade às meninas dentro da escola.

1. Brincadeiras e brinquedos

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Deixar as crianças livres para brincarem com os brinquedos que quiserem, sem pré-determinar que as meninas não podem brincar com carros e ferramentas. Também estimular a participação feminina em brincadeiras consideradas somente de meninos - geralmente as que envolvem força e coordenação motora.

2. Tratamento

A postura do professor em relação a situações do cotidiano escolar e com os alunos também é extremamente relevante na formação das crianças e jovens. Colocar as meninas para organizar a sala ou exigir somente delas um caderno e material organizado é reforçar o esteriótipo de que a mulher deve ficar com os cuidados domésticos. Também é importante não reproduzir a lógica de que as garotas só conseguem completar tarefas difíceis devido ao seu esforço e que para os meninos isso é algo natural.

3. Linguagem

Gatinha, princesinha, queridinha… Normalmente as meninas recebem apelidos no diminutivo, o que lembra um ser frágil, pequeno e ingênuo. Em contrapartida, os meninos são chamados de gatão e lindão, sempre no superlativo. Os professores devem evitar se referir às meninas dessa forma e cuidar os termos linguísticos que utilizam na sala de aula.  

4. Protagonismo

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É comum que poucas mulheres apareçam no currículo das disciplinas - personagens masculinos são maioria. É importante que no ensino fundamental e médio o professor se preocupe em incluir mulheres importantes da história, literatura, sociologia e ciências.

5. Temas

Incluir temas sobre a mulher nos conteúdos curriculares é muito importante. Na aula de história é possível estudar o movimento feminista e a história do casamento. Na aula de artes pode ser trabalhada a idealização amorosa. Em matemática, podem ser explorados números e estatísticas sobre a gravidez na adolescência ou o mercado de trabalho para a mulher.

6. Filmes

Inúmeras vezes, a vida imita a arte. Assistir e comentar filmes com os alunos dá a oportunidade para que eles possam refletir sobre violência, amor, casamento, gravidez, emprego e liberdade sexual. Uma dica é o filme "Amor?", de João Jardim, sobre relações amorosas que envolvem algum tipo de violência. Já o documentário "!Meninas", de Sandra Werneck, acompanha a rotina de jovens que engravidaram na adolescência.

7. Livros

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A literatura é uma ótima maneira de fazer com que, por meio de uma história, o aluno descubra, aprenda e questione sobre a equidade dos sexos. Um livro que pode ser trabalhado em sala de aula em turmas do ensino fundamental é "Menino brinca com menina?", de Regina Drummond, que conta a história de um garoto que descobre que é possível compartilhar brincadeiras com as garotas. Outro livro é "Marcela Magrela, Miúcha Gorducha", de Isabel Cristina F. Guerra, que aborda os padrões de beleza, com uma personagem gorda e outra magra.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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