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Estudante do interior do Ceará desenvolve projeto na Nasa

Conheça Marcela Alves, que estudou nos EUA, fez pesquisas na Nasa, ganhou concurso da ONU e luta pela inserção das mulheres nas ciências

10 nov 2015 - 12h21
(atualizado às 12h41)

Ela tem só 24 anos e um currículo de fazer inveja. Marcela Alves é de Araçatuba, um município de apenas 11 mil habitantes no interior do Ceará, e acaba de concluir o curso de Ciência da Computação na Faculdade Farias Brito, em Fortaleza. Ela é a fundadora do Brazilian Club, um grupo de estudantes brasileiros, na Universidade do Estado do Arizona, nos EUA, participou de um grupo de pesquisa na Nasa onde teve acesso ao famoso telescópio Hubble, e foi a primeira brasileira a participar do Wolfram Science Summer School, um curso de verão de um prestigiado instituto de pesquisa.

Marcela nasceu no interior do Ceará, mas decidiu que iria ganhar o mundo por meio dos estudos
Marcela nasceu no interior do Ceará, mas decidiu que iria ganhar o mundo por meio dos estudos
Foto: Arquivo Pessoal

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A menina do interior, filha de agricultores e que sempre sonhou em estudar fora, viu que podia mudar sua trajetória de vida a partir de um edital do programa federal Ciência sem Fronteiras (CsF). Como não falava inglês, decidiu que tentaria ser selecionada para o grupo de alunos que iria para Portugal.

No entanto, antes mesmo de comemorar, veio a notícia que mudaria tudo: o programa tinha sofrido uma alteração e os alunos não poderiam mais ir a Portugal. Eles seriam redirecionados para os Estados Unidos e precisariam passar seis meses a mais para aprender o idioma. Em 2014, sem falar nenhuma palavra em inglês, Marcela desembarcou em Tempe, no Arizona.

O início foi muito difícil, conta ela. Não só pela língua e pela dificuldade de comunicação, já que Marcela estava em um mundo completamente diferente do qual havia saído. Tudo era motivo para encantamento, mas ao mesmo tempo, as coisas pareciam muito inacessíveis. Era preciso traçar um plano.

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E assim foi: o primeiro passo foi fazer amigos. Marcela conheceu várias pessoas e criou o Brazilian Club – um grupo com o objetivo de reunir estudantes brasileiros da instituição e que existe até hoje.

Depois disso, começou a participar de um grupo de estudos em Cosmologia e Astrofísica e estudou processamento de imagens. Um dia, recebeu um e-mail do seu departamento na Universidade do Estado do Arizona informando que estavam abertas as vagas para a escola de verão “Wolfram Science”. “Foi o primeiro e-mail que eu consegui ler e entender tudo que estava escrito”, relembra.

Marcela é a fundadora do Brazilian Club, um grupo de estudantes brasileiros, na Universidade do Estado do Arizona nos EUA
Foto: Arquivo Pessoal

Pensando no processamento de imagens que aprendeu durante seu período no grupo de estudos, a estudante teve uma ideia: sugeriu à equipe do Wolfram Science que transformasse as teorias até então utilizadas em imagens. Os pesquisadores adoraram e Marcela foi a primeira brasileira na história aceita para o curso de verão do prestigiado instituto de ciência.

Depois de encantar o time do Wolfram Science durante o summer school, a jovem voltou para a ASU destinada a reunir os brasileiros e fazer com que as pessoas pudessem compartilhar conhecimentos e a cultura brasileira. Com Brenda Miranda, uma amiga que conheceu na ASU, fundour o Grupo de Pesquisadores Universitários Brasileiros de Pheonix, o PUB-Pheonix.

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Ao retornar para o Brasil, Marcela finalizou sua graduação, transformou o projeto iniciado na summer school em TCC, e deu início, com a amiga Brenda, a um movimento para empoderar mulheres. Juntas, criaram uma plataforma para aproximar negócios desenvolvidos por mulheres em áreas remotas. “Assim, uma costureira, por exemplo, tem como acessar mais facilmente uma loja de roupas”, explica.

Em julho deste ano, a equipe liderada por ela foi selecionada para a final mundial do “International Trade Center (ITC), Google, e CI&T Women Vendors’ Forum and Exhibition (WVFE) Tech Challenge 2015”, um desafio internacional para selecionar ideias que possam ajudar a alcançar a meta de 1 milhão de WOBs (Women-Owned Businesses) no mercado global até 2020.

A equipe de Marcela foi premiada com uma menção honrosa na competição, no início de setembro. Isso significa que ela e Brenda participarão do Youth and Trade Programme do ITC, a agência conjunta da Organização Mundial do Comércio. O ITC e a ONU (Organização das Nações Unidas) vão ajudar as jovens a incubar suas ideias e desenvolver suas habilidades de negócio. Para isso, viajarão em dezembro para Nairobi, no Quênia.

Como seus voos são cada vez mais altos, a comunidade de JavaScritp do Brasil, ao realizar a maior conferência do mundo em Porto Alegre, selecionou 10 mulheres no Brasil todo para comparecer ao evento. Marcela foi uma das escolhidas. “O evento foi muito especial, e realmente tinham pouquíssimas mulheres lá”, revela.

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A menina que saiu do interior para o mundo agora vai se tornar empreendedora social. Ela ainda tem sonhos de fazer um doutorado no exterior, mas por enquanto, seu foco é na startup. “Tem gente até da Índia que veio conversar conosco sobre a empresa”, conta.

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