Com a capacidade de responder a perguntas e atender a demandas que vão desde a composição de uma canção até a redação de um artigo acadêmico, o ChatGPT, sistema de inteligência artificial (IA) da OpenAI, está transformando a educação e o mercado de trabalho. Mas a tendência é que o medo de o indivíduo ser substituído dê lugar à apropriação de todo o potencial da IA para o dia a dia.
"A ferramenta pode ser uma grande aliada no processo de aprendizagem", garante Denise Campos, vice-presidente de Estratégias Acadêmicas do Ecossistema Ânima. "Quando utilizada corretamente, ela permite, por exemplo, que o professor tenha subsídios aprofundados para comparar o nível de aprendizagem de alunos em diferentes etapas de formação e corrigir rotas para que a experiência seja a melhor possível", acrescenta.
A lista de pontos positivos do ChatGPT no processo de aprendizagem inclui também: interação entre os alunos, que podem se reunir em torno de comunidades de aprendizagem e competências; conexões e relações entre conceitos e conhecimentos; além de direcionar o trabalho do professor. Neste caso, o ChatGPT pode ajudar no planejamento, gestão, tomada de decisão e demandas diárias do educador.
O professor Ulisses Brisolara, da Universidade Federal de Pelotas, por outro lado, chama a atenção para os cuidados que o uso da IA exige. Para ele, é importante entender a tecnologia para saber como utilizá-la corretamente.
"As pessoas estão pensando em utilizar o ChatGPT como um oráculo. Porém, ele não é e não oferece garantia de precisão. Inclusive, quando a gente abre a ferramenta, ela fala 'Eu posso gerar a resposta incorreta'. É muito importante nós, profissionais e futuros profissionais da área de tecnologia, pensarmos em como melhorar essa ferramenta", destaca.
Por esse motivo, o ChatGPT ainda inspira cuidados e, se utilizado em excesso, pode até afetar a capacidade de escrita e pensamento crítico para situações do cotidiano.
Inteligência artificial no mercado de trabalho
Além da educação, o ChatGPT também movimentou o mercado de trabalho. O pesquisador Ricardo Matsumura, da Universidade Federal de Pelotas, ressalta que a ferramenta não substitui um programador ou desenvolvedor, por exemplo.
"O ChatGPT é uma ferramenta de textos e, apesar de otimizar tarefas simples, como produzir relatórios e gerenciar tarefas administrativas, ela ainda tem um grande problema com a geração de informações falsas", destaca o pesquisador, que atua no ramo de inovação e inteligência artificial.
Matsumura reforça o alerta de Brisolara sobre confirar plenamente na inteligência artificial. O ideal é checar as informações repassadas.
Além disso, em um cenário no qual o ser humano depende 100% da tecnologia, suas funções cognitivas poderiam ficar comprometidas. Até porque, se um robô está sempre disponível para resolver seus problemas, o indivíduo pode perder a capacidade de lidar com situações complexas sozinho. Neste sentido, Matsumura destaca que é "muito difícil" o ChatGPT substituir funções de um ser humano.
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