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Festival busca fundos para levar transformação às escolas

Festival Educação busca financiamento coletivo para promover transformações nas escolas

17 ago 2015 - 13h01
Festival visa provar que os jovens têm as soluções para promover a transformação e que eles podem ser protagonistas
Festival visa provar que os jovens têm as soluções para promover a transformação e que eles podem ser protagonistas
Foto: Priscila Costa Pires / Divulgação

Promover uma troca para alunos da rede pública estudarem por um dia na rede privada e vice-versa. Realizar saraus nos quais os alunos possam compartilhar produções próprias, como poesias, músicas e desenhos. Criar um centro para o estudo de idiomas estrangeiros. Tais propostas foram criadas por alunos de ensino fundamental e médio de escolas de São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis na primeira edição do Festival Educação, em 2013, quando foram questionados sobre o que você gostariam de mudar na sua escola. Dois anos depois, a ONG AlfaSol, responsável pela iniciativa, busca apoio financeiro via crowdfunding para realizar mais uma edição do evento.

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Ao perceber que diversos problemas enfrentados no cotidiano, como mobilidade urbana, catástrofes naturais e violência, poderiam ser solucionados a partir da educação, a ONG AlfaSol desenvolveu o Festival Educação. Nele, os alunos participam de três encontros de cocriação nos quais são formados grupos que discutem quais mudanças gostariam de promover na sua escola.

Esses primeiros encontros são realizados nas instituições de ensino de cada grupo e são acompanhados pelos chamados facilitadores ‒ parceiros que auxiliam os alunos a aperfeiçoarem suas ideias. Após esse processo de produção, todos os participantes se encontram em uma cerimônia de premiação, sendo que, nesse momento, ainda é possível apresentar novas propostas.

Escolher entre tantas ideias que surgem não é uma tarefa fácil. Para isso, são utilizados critérios como originalidade, criatividade, protagonismo jovem, possibilidade de adaptar-se e o quanto o projeto faz sentido em outras escolas, além da utilização de elementos que já fazem parte da realidade das instituições de ensino, mas que possam ser transformados por meio da ideia. De todos premiados, os três primeiros colocados ganham tablets, e todos os vencedores participam de mentorias para colocarem as ideias em prática.

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Problemas enfrentados no cotidiano, como mobilidade urbana, catástrofes naturais e violência, podem ser solucionados a partir de projetos de alunos
Foto: Priscila Costa Pires / Divulgação

Segundo a diretora da AlfaSol, Maristela Miranda Barbara, as propostas da primeira edição foram simples, factíveis e com potencial para gerar impacto positivo no ambiente escolar. Ela destaca que um dos aspectos mais interessantes foi a integração entre os alunos da rede pública e particular. “Embora as demandas de um estudante e outro fossem totalmente diferentes, eles se dedicavam a discutir o assunto e tentar encontrar soluções a partir das experiências que cada um tinha”, explica.

Foi o que aconteceu com Leila Maciel Valença. À época estudante do 2º ano do ensino médio do Colégio Bandeirantes, em São Paulo, Leila e sua amiga Juliana Reimberg haviam idealizado encontros mensais entre alunos e funcionários da escola, para que todos pudessem compartilhar suas histórias e experiências.

O projeto havia sido selecionado como finalista, porém, ao chegarem no dia da premiação e perceberem quais eram as demandas dos alunos de escola pública, resolveram reformular a ideia. “Quando começamos a conversar com os alunos da E. E. Professor João Silva e percebemos que eles pediam coisas que, para nós, eram banais, como ter pacote Office nos computadores ou um ventilador na sala de aula, enquanto a gente discutia em aula para aumentar a temperatura do ar, o nosso projeto pareceu muito simplista. Nos juntamos com os outros alunos e desenvolvemos o Integrar-Escola, que sugeria uma troca em que os alunos da rede privada pudessem vivenciar o cotidiano de uma escola pública e que os alunos da pública também pudessem conhecer a realidade de uma escola particular", explica Leila.

Com o final do ensino médio chegando e as preparações para o vestibular cada vez mais intensas, o projeto Integra-Escola, vencedor do festival, não chegou a ser colocado em prática. Porém, Leila garante que participar do festival foi um aprendizado "incrível" e que ainda gostaria de ver seu projeto ser executado.

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Sarau

Já o Sarau sem Gardenal, também vencedor do festival, saiu do papel e fez sucesso no Ginásio Experimental Carioca Anísio Teixeira, no Rio de Janeiro. A ideia era que alunos da escola se reunissem para compartilhar produções artísticas próprias, como poesias, músicas ou desenhos.

Inicialmente foi criado um grupo de alunos que cuidou de todo planejamento do sarau, logo em seguida foi realizado um concurso entre os estudantes para criar o logo que seria usado na divulgação do evento. Com cartazes e recados dados em sala de aula e nas redes sociais, o sarau recebeu muitas inscrições e contou com uma sequência de apresentações de poetas, leitores, cantores e dançarinos, e até mesmo a um experimento científico. O sucesso do evento fez com que ele se tornasse mensal na escola.

Durante os encontros de cocriação na E.M.E.F. Prof. Lorenço Manoel Sparapan, localizada na periferia da zona sul de São Paulo, os alunos demandavam por aulas de línguas estrangeiras, mas não imaginavam que em 2014 a ideia seria posta em prática. Aulas de alemão, francês, espanhol e inglês foram oferecidas de forma gratuita a mais de 130 alunos da escola. Além dos professores da instituição, outros foram chamados de fora para ministrar as aulas.

A diretora da instituição, Sonia Regina da Silva, destaca que a proximidade conquistada na relação entre alunos e gestores foi o maior legado do projeto. “Os alunos costumavam ir até a direção só para levar bronca; com o projeto, eles passaram a frequentar a nossa sala para fazermos as reuniões e também passamos a ter um contato mais próximo. Eles estavam acostumados a nos ver atrás da mesa, como uma autoridade, e começaram a se sentir mais livres para conversar conosco e nos trazer as suas demandas”, ressalta.

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De todos premiados, os três primeiros colocados ganham tablets, e todos os vencedores participam de mentorias para colocarem as ideias em prática
Foto: Priscila Costa Pires / Divulgação

Edição 2016

A próxima edição do Festival Educação será realizada em 2016. Para arrecadar verbas para o evento, a ONG AlfaSol está com um projeto de financiamento coletivo no site Kickante. O valor necessário é de R$ 150 mil, e as doações serão recebidas até 9 de setembro de 2015. Mesmo se a meta não for atingida, a ONG ficará com a quantia que for arrecadada até esse prazo. Quem doar valores a partir de R$ 15 terá recompensas, descritas no site.

Embora seja financiada de forma diferente, a essência da iniciativa segue a mesma, mas, para garantir que as ideias saiam do papel, haverá mais acompanhamento dos projetos após a premiação. “O festival segue uma linha na qual o importante é provar que os jovens têm as soluções para promover a transformação e que eles podem sim ser o protagonista disso. Na edição passada, conseguimos apoio de outras instituições e de pessoas físicas. Para a edição seguinte, surgiram dificuldades, por isso a ideia de fazer um projeto de crowdfunding”, afirma o gerente de projetos da AlfaSol, Bruno Santa Clara Novelli.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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