Os sete primeiros médicos com diploma no exterior contratados para o programa Mais Médicos, do ministério da Saúde, desembarcaram na tarde desta sexta-feira, em São Paulo. Até domingo, está prevista a chegada de 244 profissionais a diversas capitais do País. A partir de segunda-feira, eles começam a passar por um curso de atualização, de três semanas, para depois serem encaminhados às cidades onde vão trabalhar.
De acordo com a médica argentina Natalia Allocco, 26 anos, o programa antecipou um "sonho" que tinha de viver no Brasil. Filha de mãe brasileira, ela diz conhecer o País, para o qual já veio em diversas ocasiões. Trabalhar em regiões carentes não a assusta.
Infográfico: Revalidação do diploma médico | |
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"Escolhi São Paulo por conta da proximidade com a família e em Santa Fé, onde trabalhei, as condições de vida não são as melhores. Tenho de viver essa experiência. A gente sempre tem algum medo e sabe do risco. Mas deixei meu trabalho, minha residência lá e quero ajudar as pessoas daqui", disse ela.
Thiago da Silva, 32 anos, é brasileiro e retorna da Argentina após 12 anos. Médico pediatra, ele disse que o valor da bolsa foi o que menos pesou para trabalhar no Brasil. "Quero oferecer boa medicina aqui", disse ele, filho de pai mineiro e mãe paulista. Designado para trabalhar em Francisco Morato, na Grande São Paulo, ele afirma que também trabalhou em regiões carentes na Argentina e que está pronto para exercer a sua profissão no Brasil.
Cristian Cheles Uzuelli, 32 anos, é outro brasileiro formado na Argentina, onde viveu por 8 anos. Ele vai trabalhar em Itaquaquecetuba, também na região metropolitana de São Paulo. "Sempre que trabalhamos em um lugar fora, há alguma hostilidade no início. Foi assim comigo na Europa. Vir trabalhar aqui foi uma questão de opção. Trabalhei na região de La Plata, onde considero que as questões de pobreza sejam ainda maiores do as que vou enfrentar aqui", disse.
No primeiro grupo, estavam brasileiros, com registro profissional no exterior, argentinos e espanhóis. De acordo com Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, São Paulo ficará com 102 médicos dos 1.340 profissionais que serão destinados para 516 municípios do País.
"Serão dez na capital paulista e outros vão trabalhar em cidades de Grande São Paulo e do interior paulista", disse. Segundo ele, além da bolsa de R$ 10 mil que será custeada pelo Ministério da Saúde, os municípios ainda entrarão com uma ajuda de custo para moradia e alimentação.
De acordo com Barbosa, do total, pelo menos 20% dos médicos possuem mestrado e todos os que chegaram no Brasil poderão trabalhar por pelo menos três anos no País. "Eles terão licença para trabalhar exclusivamente nos locais para onde foram escolhidos. Poderão fazer pequenos procedimentos e nenhum deles vai trabalhar em hospitais, mas sim em equipes de saúde da família", disse. O trabalho deve começar efetivamente no dia 16 de setembro.