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Geladeira de livros: conheça o projeto que estimula a leitura com bibliotecas alternativas

Ideia mistura cuidados com o meio ambiente, educação e arte em Rio Branco, capital do Acre

18 set 2024 - 05h01
Nazaré Cunha levou projeto de incentivo à leitura para o Acre
Nazaré Cunha levou projeto de incentivo à leitura para o Acre
Foto: Arquivo pessoal/Nazaré Cunha

Você já pensou em ler um livro enquanto espera para ser atendido no posto de saúde? Isso passou a ser possível na cidade de Rio Branco (AC) graças a uma ideia da empresária Nazaré Cunha, diretora de uma transportadora e presidente do sindicato do segmento da região.

Em um projeto que mistura cuidados com o meio ambiente, educação e arte, a administradora já espalhou mais de 50 "bibliotecas de geladeira" pela capital acreana desde 2019. A iniciativa é simples: o eletrodoméstico que iria para o lixo é recolhido, personalizado e passa a funcionar como uma verdadeira biblioteca em pontos estratégicos da cidade.

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Ao se deparar com a iniciativa, o morador pode tanto ler um livro no local ou fazer a troca por alguma obra levada de casa.

"É troca. Vou em um posto de saúde e a diretora do posto recebe a geladeira pronta, cheia de livros. A gente orienta: 'Não é para levar e não voltar nunca mais'. É uma espécie de troca. Leva, lê, pega outro. E se tiver livro em casa, traz também para repor. As geladeiras estão sempre com livros", conta a empresária ao Terra.

Nazaré Cunha levou projeto de incentivo à leitura para o Acre
Foto: Arquivo pessoal/Nazaré Cunha

O início da 'biblioteca de geladeira' no Acre

Espalhada em algumas partes do mundo, a ideia chegou até Nazaré durante uma viagem a São Paulo. Enquanto assistia televisão, ela se inspirou ao conhecer a história de um brasiliense que espalhava geladeiras com livros pela cidade.

"Eu viajo muito. Em uma dessas viagens conheci o projeto da geladeira. Estava em São Paulo e vi uma reportagem. O projeto começou em Brasília, expandiu para Minas Gerais e, depois, para São Paulo. Fiquei entusiasmada, gostei muito. Tem aquele projeto de troca de livros no metrô, parada de ônibus", relembra.

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Mas se engana quem pensa que foi fácil colocar a ideia em prática. Com recursos próprios da transportadora familiar que dirige, a empresária rapidamente enfrentou o primeiro desafio: encontrar as geladeiras. O conhecimento em logística a ajudou a passar por essa etapa, que ainda é sustentável para o meio ambiente.

"Fizemos tudo com recurso próprio, do sindicato com apoio da transportadora. A geladeira está no lixo. Fizemos um levantamento de onde acharíamos geladeira. Tem muita assistência técnica, a gente foi nessas empresas e as pessoas queriam se livrar da geladeira, jogavam no lixo. A gente fez uma parceria: uma vez na semana passávamos lá para buscar a geladeira", destaca a administradora.

Com as geladeiras em mãos, chegou a hora de pensar em como deixá-las atrativas. A primeira ideia era de adesivar o eletrodoméstico, mas a ajuda de um artista fez com que ela mudasse os planos. O grafiteiro Junior TRZ emprestou sua criatividade e, sem cobrar pelo trabalho, personalizou as novas bibliotecas.

"Conheci um grafiteiro aqui no Acre, chamei ele. Ele pediu o material e a geladeira. Não cobrou pelo serviço, só a divulgação do trabalho. A gente começou a pintar a geladeira, encher de livro e entregar nas escolas, bibliotecas, posto de saúde, centro da juventude. O pessoal via e começava a ligar pedindo", conta a dona do projeto.

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Nazaré Cunha levou projeto de incentivo à leitura para o Acre
Foto: Arquivo pessoal/Nazaré Cunha

Sucesso das bibliotecas alternativas

Dos leitores aos interessados por ter a geladeira em seus espaços, o projeto logo de cara foi um sucesso em Rio Branco, conforme conta Nazaré.

"Tive a ideia e trouxe para a minha cidade. Na época foi o maior sucesso. Começamos a divulgar e pegar livros. Pessoal ligava pra gente colher livro", lembra.

Um momento, no entanto, freou a expansão da iniciativa. Com a pandemia da covid-19, no início de 2020, a distribuição de novas geladeiras enfrentou alguns empecilhos, e só veio a ser completamente retomada em 2024.

De acordo com Nazaré, já são mais de 50 geladeiras espalhadas por Rio Branco. Além destas, há outras que ainda serão distribuídas e livros à espera de novos leitores.

Com tantos pontos alternativos de leitura ao redor da cidade, a empresária tem o cuidado de mantê-los sempre atualizados.

"A cada dois ou três meses, a gente vai colocar mais livros. Ficou uma aceitação muito bonita. As pessoas trocam e levam livros. As pessoas esperam para ser atendidas e pegam o livro", completa.

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Fonte: Redação Terra
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