Da Vinci, Carta a Ludovico Sforza

7 jun 2019 - 13h24
(atualizado às 13h27)

Considerando-se um artista e um cientista completo, Leonardo da Vinci, deixando o atelier do pintor Verrochio lançar-se como independente. Abriu um uffizi, um ofício, em Florença. Todavia, não foi bem sucedido. Aos 30 anos decidiu mudar-se para Milão, então governado pelo duque Ludovico Sforza, o Mouro. A quem Leonardo recém chegado colocou-se à disposição.

Modelo de um aeroplano
Modelo de um aeroplano
Foto: Reprodução

Em meados de 1482, Leonardo Da Vinci enviou uma carta ao então duque de Milão, Ludovico Sforza, o Mouro, oferecendo seus trabalhos. Sabendo do seu interesse por assuntos bélicos, Da Vinci direcionou seus conhecimentos para atender os interesses do Duque, e nos deixou um belíssimo exemplo do que seria um currículo de um gênio da renascença. Entretanto ele teve que penar por sete anos até o momento em que o governante o contratasse .

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"Ilustríssimo Senhor, tendo suficientemente visto e considerado as provas de todos aqueles que se dizem mestres e inventores de instrumentos de guerra, e descobrindo que a invenção e o funcionamento dos supostos instrumentos não diferem em nenhum aspectos daqueles que já estão em vosso uso, eu tentarei, sem prejuízo de qualquer outro, explicar-me à Vossa Excelência, mostrando-vos meus segredos e depois oferecendo-me, se for de vossa vontade, para trabalhar com resultados, em momentos convenientes, em todas aquelas coisas que estão em parte brevemente registradas abaixo.

1. Tenho planos para pontes, muito leve e fortes e muito fáceis de carregar, e com elas o senhor poderá perseguir o inimigo e às vezes fugir dele, e outras, seguras e indestrutíveis – seja pelo fogo seja por batalhas – que podem ser facilmente erguidas e colocadas em posição, e há planos para queimar e destruir as do inimigo.

2. Quando um lugar está cercado, eu sei como remover a água dos fossos e como destruir uma infinita quantidade de pontes, caminhos cobertos, escadas e outros instrumentos relacionados a tais expedições.

3. Se um lugar não pode ser destruído pelo método de bombardeio, seja pela altura de seus bancos, seja pela força de sua posição, eu tenho planos para destruir todos os fortes ou outros baluartes, ainda que sejam fundados na rocha.

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4. Também tenho planos para morteiros muito convenientes e fáceis de carregar, com os quais é possível lançar pedras como se fosse uma tempestade, e com a fumaça provocar no inimigo grande terror, perda e confusão.

5. E se porventura a batalha acontecer no mar, eu tenho planos para muitas máquinas extremamente eficientes, tanto para ataque quanto para a defesa, e navios que resistem ao fogo dos maiores canhões, pólvora e fumaça.

6. Também tenho meios para chegar em um local detereminado por meio de cavernas e passagens secretas e sinuosas, feitos sem nenhum barulho, ainda que seja necessário passar por baixo de fossos ou de um rio.

7. Farei também carros cobertos, seguros e inexpugnáveis, que entrarão no território inimigo com a artilharia, e não existe nenhuma companhia de homens armados que possa detê-los. E atrás deles, a infantaria poderá seguir praticamente incólume e sem nenhum obstáculo.

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8. Por isso, ainda, se houver necessidade, sei fazer canhões, morteiros e artilharia leve, de forma muito úteis e bonitas, diferentes daquelas usadas atualmente.

9. Onde a operação de bombardeio falhar, planejarei capapultas, trabucos e outros equipamentos de grande eficácia e de uso geral. Em resumo, eu criarei vários e infindáveis meios de ataque e defesa para atender a diversas circunstâncias.

10. Em tempo de paz, acredito que posso garantir total satisfação na arquitetura e na construção de edificações privadas e públicas e na condução de água de um lugar para o outro.

Além disso, posso esculpir em mármore, bronze ou argila, bem como reproduzir em pintura qualquer coisa que possa ser feita, tão bem como qualquer outro, seja ele quem for.

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Além do mais, o cavalo de bronze deve ser tomado na mão, o que investirá de glória imortal e honra eterna a feliz memória do Príncipe, seu pai, e da ilustre Casa de Sforza.

E se qualquer coisa mencionada anteriormente parecer a qualquer pessoa impossível ou impraticável, ofereço-me prontamente para testá-la em seu parque, ou qualquer lugar que agrade à Vossa Excelência, a quem eu me coloco à disposição em toda a humildade possível.”

Nota: de certa forma esta carta é um consolo para todos os que estão atrás de uma colocação e demoram a ter uma resposta positiva. Se até o genial Leonardo passou por esta prova por que não as pessoas comuns?

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Fonte: Especial para Terra
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