Terrorismo na História: prática existe desde antes de Cristo

17 nov 2015 - 09h21
Terrorismo voltou à tona com os atentados do Estado Islâmico a Paris na última sexta-feira (13)
Terrorismo voltou à tona com os atentados do Estado Islâmico a Paris na última sexta-feira (13)
Foto: Getty Images

Não há historicamente possibilidade alguma de fixar-se uma data certa que registre o surgimento das primeiras ações terroristas como hoje entendemos. O que se sabe é que o recurso ao terrorismo, no sentido de causar pavor e medo, tanto pode vir dos que se sentem oprimidos ou injustiçados como pode derivar daqueles que estão por cima: os opressores para obterem a sujeição. Estes detêm a vantagem de terem à mão os aparelhos coercitivos do Estado, e recorrem a eles como instrumento de intimidação. O aspecto mais negativo da ação terrorista, de um individuo ou do Estado, é o enorme número de vítimas civis que suas ações temerárias e inesperadas geralmente causam, atingindo indiscriminadamente idosos, mulheres e crianças.

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Numa síntese histórica, os principais movimentos ou estados que utilizaram a violência e o terror como instrumento de luta libertadora ou opressora estão citados abaixo:

  • No reino de Israel dominado pelos romanos (séc. I a.C. – séc. II d.C.)

Resistência aos romanos pelos zelotes (que zelavam pela tradição judaica) e do seu setor mais radical, os sicários (que assassinavam tanto autoridades romanas como hebreus que colaboravam com a ocupação).

  • No Oriente Médio, na Palestina Síria e no Egito entre os séculos XI e XIII

Ordem dos assassinos (palavra derivada de haxixe), liderada pelo Velho da Montanha, Hassan ibn Sabbah, um muçulmano ismaelita que ordenava assassinatos contra sunitas e cristãos.

  • Na Índia sob domínio do Império Britânico (entre 1763-1856)

Thugs, seita de ladrões e assassinos indianos que atacavam com punhais as autoridades britânicas e viajantes indianos endinheirados.

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  • Na França, durante a revolução de 1789, particularmente entre 1793 e 1794
Robespierre era líder dos jacobinos e foi um dos responsáveis pelo Reino do Terror
Foto: Reprodução

O Reino do Terror, imposto pelos jacobinos liderados por Robespierre e Saint Just, para esmagar a contrarrevolução (17 mil guilhotinados e 300 mil detidos ou aprisionados)

  • Na França, durante o consulado de Napoleão Bonaparte, em 1800

Chouans, facção monarquista que preparou um atentando contra Napoleão por meio da ‘máquina infernal’, uma carroça com explosivos programada para explodir quando a carruagem dele passasse em direção à Opera.

  • Na autocracia russa, a partir da década de 1860 até 1905

Movimento Populista (narodniks) cometeu atentados e execuções visando as autoridades do Czarado (assassinato do czar Alexandre II, em 1881), com o objetivo de provocar uma revolução social.

  • Nos estados do sul dos Estados Unidos, no pós-Guerra de Secessão, fundada em 1867 e reativada a partir de 1915

Ku Klux Klan, seita racista de brancos sulistas, que aterrorizava os negros recém-libertados os impedindo de serem cidadãos (queima de igreja, a proibição de votar, linchamentos públicos, etc.)

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  • Na França, Itália, Espanha e Bósnia-Herzegovina por inspiração de Michael Bakunin (entre 1870- 1914)

Série de atentados anarquistas: assassinato do rei Humberto, do presidente Carnot, do presidente McKinley, da imperatriz Elizabeth, a Sissi, etc., visando a implantação de uma sociedade igualitária e sem estado (anarquia),

O de maior consequência foi o que vitimou o herdeiro do trono austríaco Francisco Ferdinando, cometido em junho de 1914, e que serviu como estopim para a 1ª Guerra Mundial.

  • Na Rússia czarista (entre 1905-1914)

A Centúria Negra (Tchernaia Sotnia), organização secreta de ultradireita que apoiava o czar e assassinava os revolucionários, além de intimidar a população judaica com pogroms.

  • Na Rússia Soviética, a partir de 1917, tanto o terror vermelho como o terror stalinista, ou o Grande Terror
Josef Stalin foi um dos garndes líderes da União Soviética; com o Grande Terror, pode ter matado mais de 700 mil pessoas
Foto: Reprodução

O Terror Vermelho, determinado por Lenin, organizado pela Tcheka (polícia secreta), foi lançado para combater a contrarrevolução e outros partidos rivais dos bolcheviques. O Grande Terror (1936-1938) foi usado por Stalin para eliminar a oposição interna (tanto a feita pelos quadros comunistas como a dos militares). Estima-se mais de 700 mil fuzilados.

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  • Na Alemanha nazista, o Terror Pardo (1933-1945)
Hitler foi o responsável por matar milhares de pessoas ao instituir sua filosofia nazista na Europa
Foto: Getty Images

O Terror Pardo (cor da camisa dos militantes da SA nazista) foi desencadeado contra comunistas, judeus, ciganos, etc. como parte da politica de exclusivismo genético e ideológico do Partido nazista liderado pro Adolf Hitler. Foram mais de 6 milhões de mortos, a maioria em campo de extermínio ou por fuzilamento.

  • Na Irlanda, na Irlanda do Norte e na Espanha

Na Irlanda, entre 1916 e 1920, celebrizou-se a organização Sin Fein-IRA, que lutava contra a ocupação britânica que já durava 600 anos. Na Irlanda do Norte, a partir da década de 1960 foi a vez do IRA (Irish Republican Army) lutar contra os irlandeses protestantes apoiados pela Grã-Bretanha.

Na Espanha, alçou-se o grupo ETA (Pátria basca e liberdade), ainda no tempo derradeiro da ditadura de Franco, com o objetivo de atingir a independência dos países bascos espanhóis.

  • Na Argélia, durante o domínio do império francês (1954-1962)

A FLNA (Frente de Libertação Nacional da Argélia) tanto enfrentava as tropas coloniais francesas com guerras de guerrilha como organizava atentados a bomba em Paris. Cessou com a independência em 1962.

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  • Na África equatorial sob domínio do colonialismo europeu

O Movimento Mau-Mau no Quênia lutava contra os britânicos, enquanto a Frentes de Libertação de Angola e de Moçambique lutavam contra as tropas coloniais portuguesas. Cessaram os atentados e ataques com a obtenção da independência em 1975.

  • Nas zonas de ocupação, durante o conflito Israel-palestinos

A OLP (Organização pela Libertação da Palestina), chefiada desde 1966 por Yasser Arafat e, depois, pelo grupo fundamentalista Hamas, que não reconhece os direitos de Israel sobre a região. Atacam por meio dos homens-bomba. O Hamas ainda lança sobre Israel projéteis de sua posição na Faixa de Gaza.

  • Na Argentina, tanto durante o regime militar como o de Isabel Perón (1966-1974 e 1974-1976)

O ERP (Exército Revolucionário do Povo) e os Montoneros atacam oficiais das forças armadas. Os peronistas de Lopez Rega, por sua vez, organizam a triplo A (Aliança argentina anticomunista) para eliminar a oposição esquerdista. O clímax disto tudo foi o Terror de Estado imposto pelo general Videla, a partir de 1976.

  • Em diversas partes do Oriente Médio, estendendo-se aos Estados Unidos e Europa
Osama bin Laden era o líder da Al Qaeda, responsável pelos atentados às Torres Gêmeas em Nova York e outros locais dos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001
Foto: AFP

A Al-Qaeda (a base), organizada por Osama bin Laden em 1979 para lutar contra os soviéticos no Afeganistão e, depois, contra os norte-americanos. Agem por meio dos homens-bomba em ataques suicidas e foram os responsáveis pelos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.

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  • Basicamente na região fronteira entre o Iraque, a Síria e o Curdistão (região da Turquia e do Irã)
Estado Islâmico foi criado em 2014 e fez seu maior ataque na última sexta-feira (13) em Paris
Foto: Istoé

O Estado Islâmico (EI), conhecido também como ISIS (Islamic State of Iraq and ash-Sham), é um movimento islâmico de ação revolucionária-reacionária. Pretende por meios violentos impor o Califado Islâmico (proclamado em 2014) no vazio deixado pelo Iraque ocupado pelos americanos e pela crescente guerra civil na Síria (que tem por meta derrubar o presidente Bashar al-Assad). O objetivo ideológico do grupo é retomar o antigo regime islâmico dos califados Omíada (661–750) e Abássida (750–1517), soberanos durante a Idade Média. Opõe-se veementemente ao mundo moderno, representado pelos EUA e seus aliados, e mantém guerra aberta com os regimes seculares que ainda sobrevivem na região. Seu líder é Abu Bakr al-Baghdadi.

Fonte: Terra
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