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Jovem de 17 anos passa em 4 faculdades públicas de medicina após estudar até 16 horas por dia

Jorge Mathias abriu mão de se dedicar ao basquete, esporte que ama, para focar nos estudos, e contou com o apoio da família no processo

12 fev 2023 - 05h00
(atualizado em 13/2/2023 às 05h00)
Jorge passou até 16 horas por dia estudando
Jorge passou até 16 horas por dia estudando
Foto: Arquivo pessoal

Um adolescente de Santos, no litoral de São Paulo, realizou o sonho ser aprovado em quatro universidades públicas de medicina. Com apenas 17 anos, Jorge Mathias Santos se dedicou no terceiro e último ano do ensino médio a uma rotina exaustiva de estudos para ingressar no curso. Ao Terra, ele revelou que chegou a passar até 16 horas por dia estudando.

O jovem, que estudou a vida inteira em colégios públicos, conseguiu passar na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), Faculdade de Medicina e Enfermagem de Marília (Famema), Universidade Estadual Paulista (Unesp), e na Universidade de São Paulo (USP), onde escolheu que vai cursar. 

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Jorge conta que até o 9º ano do Ensino Fundamental queria cursar engenharia no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), mas depois viu que não era muito a “sua praia”. “Na minha cabeça, eu precisava de uma profissão que me extasiasse. Também gostava de biologia, então acho que uni o útil ao agradável e escolhi medicina."

Apesar de sempre ser estudioso, ele revela que começou a levar com mais afinco os estudos em 2022, quando passou de duas horas por dia estudando após as aulas. “Tinha que me esforçar um pouco mais. Tinha dias que eu tirava o dia inteiro para descansar, nada cronometrado, era quando eu sentia que estava esgotado, que não estava rendendo mais”, diz.

A dedicação e foco do menino foram confirmados pela mãe, Ana Paula Aparecida Mathias, que vivenciou de perto essa fase do adolescente. “Ele já vem se dedicando, não é de agora. Ele seguiu o caminho da irmã, viu que o caminho dela é meio certo: focar e determinar no que quer realmente. Jorge estudou muito. Eu lembro que ele acordava às vezes de madrugada para estudar. Em uma festinha, ele largava tudo e ia estudar. Sempre muito focado”, revelou.

Jorge contou com o apoio dos pais nessa empreitada
Foto: Arquivo pessoal

Acreditar no sonho e focar

Os pais de Jorge deram para ele a escolha de continuar jogando basquete e se dedicando ao esporte que tanto ama, ou então, direcionar toda a atenção para os estudos. “Em nenhum momento a gente falou: ‘você vai ter que estudar’. Ele tinha apenas 16 anos. Falei: ‘o momento é seu, a vida é sua, seja consciente e responsável nessa decisão’. É fantástico ver o quanto a família é importante nessa hora”, contou Ana Paula.

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O preconceito que a sociedade têm com o ensino público fez com que, por um instante, Jorge pensasse que não seria possível ingressar em medicina em uma universidade pública, mas com uma boa base familiar, e estudos fora da escola, o ajudaram a ter mais confiança.

“É claro que quando eu via amigos meus, de escolas particulares, com materiais tão bons, às vezes dava uma desincentiva, porque eu via que eu não tinha o mesmo acesso que eles”, explicou.

Apesar das dificuldades, o estudante acreditava que poderia chegar longe, e foi em busca de condições melhores. No meio de 2022, participou de uma prova e conseguiu uma bolsa de estudos no Prevest Poliedro, em um curso preparatório para medicina.

O coordenador pedagógico do curso, Gabriel Cardoso Bom, contou que Jorge teve uma grande evolução nesses seis meses, mesmo tendo participado de um curso semi-extensivo, onde o conteúdo é condensado para caber no período.

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“Foi muito incrível, por conta da questão dele ter vindo de escola pública, de ser um aluno que participou das cotas, o que demonstra também a importância dessas políticas públicas para o nosso ensino. [...] Importante falar que o Jorge nunca esteve abaixo de outros alunos que não teriam cotas, no nível de ensino e do resultado dele das provas. É um grande mito que existe, a questão das cotas”, afirma Bom. 

O apoio dos pais e da irmã, Gabriela, que também estuda medicina na USP, o ajudou nessa empreitada. Eles participaram dos estudos em certos momentos. “Minha irmã também cursa medicina na USP, veio de escola pública, assim como eu. Então, acho que isso tudo [o apoio] foi um grande alavancador dentro da minha casa”, declara.

Pais orgulhosos

Ao Terra, o pai do menino, Josué Alves da Silva Santos, falou sobre o orgulho que sente do filho, ainda mais no momento em que soube das aprovações. “Foi um momento de muita satisfação, aquela coisa do dever cumprido. [...] Um orgulho muito grande, na condição de pai, ver meu filho ser vitorioso nesse processo, vindo de escola pública. Eu acho que a participação da família, dos pais, é fundamental”, disse.

Foto: Reprodução/Prevest Poliedro Santos

Para a mãe, que se formou recentemente em medicina pelo Programa Universidade para Todos (Prouni), acredita que inspirou, tanto Jorge quanto a irmã, a acreditar que podem mais. 

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“A nossa família é de origem humilde, morávamos na Zona Noroeste de Santos, tínhamos uma origem bem difícil, talvez viram o meu exemplo de estudo, e eles acabaram que focaram nisso. [...] É muita emoção, que não cabe no coração. Sensação de muita gratidão. [...] A gente fica muito feliz de ver um filho nosso, em uma situação dessa, de realização de um sonho”, finaliza.

Fonte: Redação Terra
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