Jovem quilombola conquista bolsa de mais de R$ 2 milhões em universidade dos EUA

Jean Pereira dos Santos, de 19 anos, vai cursar educação e política social na Northwestern University em agosto

18 jan 2025 - 13h06
(atualizado às 14h15)
Filho de uma cozinheira e de um guia turístico da comunidade, Jean nunca imaginou que poderia estudar no exterior.
Filho de uma cozinheira e de um guia turístico da comunidade, Jean nunca imaginou que poderia estudar no exterior.
Foto: Reprodução/X/@freipetronio

Jean Pereira dos Santos, de 19 anos, morador da comunidade quilombola Kalunga Engenho 2, localizada em Cavalcante, no entorno do Distrito Federal, alcançou um feito impressionante: ele foi aceito na Northwestern University, uma das instituições mais renomadas dos Estados Unidos, com uma bolsa de estudos avaliada em mais de R$ 2 milhões. Jean iniciará o curso de Educação e Política Social em agosto.

"Não acreditei! Corri para contar para minha mãe e disse: ‘Passei na faculdade!’. Estou muito feliz”, contou em entrevista a TV Globo

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Atuante na área de educação dentro de sua comunidade, ele participa de um projeto que já impactou mais de 11 mil crianças no Brasil, abordando o “vácuo inspiracional” que distancia jovens talentos brasileiros das oportunidades.

Jean conta que dedicou um ano sabático aos estudos para buscar a vaga na universidade. Apesar de se sentir distante dessa realidade, ele manteve o foco e agora celebra a conquista. "Foi um choque quando vi o resultado. Ao mesmo tempo em que me dediquei, sempre achava que era algo fora da minha realidade. Mas aqui estou, colhendo os frutos”, relatou.

Em 2023, Jean participou de um programa de intercâmbio que selecionou 50 estudantes brasileiros de escolas públicas para passar três semanas nos EUA. A experiência foi transformadora, alimentando ainda mais o sonho de estudar fora.

Para Jean, a vitória vai além do individual. “Eu sempre digo que essa conquista é coletiva. Cada pessoa que passou pela minha vida contribuiu de alguma forma para me moldar. Agradeço muito aos meus ancestrais, que tanto lutaram. Essa conquista é nossa”, afirmou emocionado.

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Filho de uma cozinheira e de um guia turístico da comunidade, Jean nunca imaginou que poderia estudar no exterior. Ele relata as dúvidas e os momentos de auto-sabotagem, mas destaca que sua persistência foi fundamental. A bolsa cobre todas as despesas, e Jean embarca em agosto para iniciar os quatro anos de curso.

Jean já pensa no futuro e no impacto que deseja causar. “Quero construir uma ponte entre minha faculdade e minha comunidade, levando cursos, workshops e iniciativas que promovam a inclusão e o desenvolvimento. Meu objetivo é trabalhar em políticas públicas que realmente transformem as comunidades marginalizadas, como a minha”, explicou.

Como funcionam as bolsas de estudos nos EUA

Nos Estados Unidos, muitas universidades oferecem bolsas integrais que cobrem taxas acadêmicas, acomodação, alimentação e outros custos. Essas bolsas podem ser baseadas em mérito acadêmico, necessidades financeiras ou ambos. Além disso, algumas instituições dão preferência a estudantes internacionais que demonstram potencial de liderança ou se destacam em áreas específicas.

Para concorrer, é necessário atender aos requisitos de cada universidade, que podem incluir provas de proficiência em inglês (como o TOEFL ou IELTS), testes como SAT ou ACT, além de redações e cartas de recomendação. Programas de apoio, como os da Educação USA, também auxiliam estudantes brasileiros a se prepararem para o processo seletivo.

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O que é um quilombola? 

Uma comunidade quilombola é um grupo formado por descendentes de africanos escravizados que, durante o período colonial no Brasil, fugiram da escravidão e se estabeleceram em áreas remotas, organizando-se em comunidades autônomas.

Atualmente, comunidades quilombolas são reconhecidas como grupos étnico-raciais com uma identidade própria, baseando-se na ancestralidade, na relação com o território e na reprodução de práticas culturais, sociais e econômicas tradicionais. Elas possuem o direito garantido por lei à posse de suas terras, conforme estabelecido na Constituição Brasileira de 1988 e regulamentado pelo Decreto nº 4.887/2003.

Fonte: Redação Terra
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