Quase dois anos atrás, quando sofreu um grave acidente, o estudante Caio do Nascimento Barros não imaginava que hoje estaria comemorando duas grandes conquistas: ter superado um atropelamento por um trem do Metrô de São Paulo sem nenhuma sequela e a aprovação em Direito na Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista.
"Quando eu vi o meu nome na lista de aprovados, dei um pulo da cama e não consegui mais tirar o sorriso do rosto. É uma sensação inesquecível", conta emocionado o jovem de 19 anos ao Terra. "Meu pai, minha mãe, minha avó, todo mundo chorou de felicidade, estavam todos esperando o resultado."
Caio sempre sonhou em cursar Direito na USP. Mas, em maio de 2022, quando estava no terceiro ano do ensino médio e já se preparava para o vestibular, viu esse sonho ficar um pouco distante. Em um dia, na volta para casa do Colégio Objetivo, na Avenida Paulista (SP), onde estudava, ele caiu nos trilhos do Metrô de São Paulo, na estação Brigadeiro, e foi atropelado por um trem.
"Foi um desastre. Quebrei todos os ossos, não era nem para eu estar andando hoje. Eu não tenho memórias do acidente, mas pelo que indicam eu tropecei e caí nos trilhos bem na hora que o trem estava passando", relata o jovem.
"Fiquei bastante tempo imobilizado, fiquei sem andar o ano inteiro. Fiz muita fisioterapia. Foi um milagre sobreviver, foi muito intenso, mas fiquei sem nenhuma sequela depois", lembra ainda o estudante.
Depois do grave acidente, o jovem ficou por três meses afastado da escola. Em agosto daquele ano, ele retomou os estudos, mas em casa, de forma totalmente on-line. Caio chegou a prestar a Fuvest, responsável pelo exame de ingresso em cursos da USP, e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mas não conseguiu passar na universidade. O jovem só se recuperou completamente do acidente por volta de maio de 2023.
A rotina de estudos
O ano de 2023 de Caio foi totalmente dedicado aos estudos. Para se preparar para o vestibular, ele ganhou do colégio um ano inteiro gratuito do Curso Objetivo. Ele conta que, de segunda a sexta-feira, ele participava das aulas do cursinho pela manhã e, à tarde, continuava estudando com os amigos. "Era o dia inteiro estudando", afirma.
O jovem também fez aulas à parte voltadas para a área de humanas e de redação. Aos fins de semana, ele diminuía o ritmo de estudos, e o foco era resolver provas anteriores da Fuvest e participar de simulados.
"Fiz muitas provas antigas para testar o meu desempenho. Acho que esse foi o diferencial. Quando você refaz os exames, você já vai para a prova sabendo o que esperar. Você pega o molde, vê que tem um padrão de questão, por exemplo", comenta.
Além de prestar a Fuvest, Caio fez as provas da Unesp, PUC-SP e do Enem, que usaria a nota para tentar uma vaga na Unifesp pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). O jovem, no entanto, garante que, mesmo ainda sem saber os outros resultados, já fez sua escolha e será calouro na Faculdade de Direito da USP.