Treze médicos brasileiros inscritos no programa Mais Médicos, do governo federal, começam, nesta segunda-feira, o treinamento e acolhimento antes de iniciar a atender a população, o que deve começar a partir de quarta-feira. Ao todo, mais de 50 médicos chegam ao Rio Grande do Sul para atuar em unidades básicas de saúde do interior e das periferias. O governo federal ressalta o caráter humanitário do programa, enquanto médicos falam sobre a falta de garantias trabalhistas.
Esses profissionais serão direcionados pela prefeitura a unidades de saúde localizadas nos extremos da cidade (Restinga, Lomba do Pinheiro e eixo Baltazar), locais nos quais existe dificuldade de conseguir profissionais. Segundo o coordenador do programa Mais Médicos em Porto Alegre, Fernando Ritter, em alguns desses lugares a falta de profissionais chega a perdurar por três meses.
“Foram solicitados 213 profissionais... na quarta-feira, eles começam os atendimentos”, disse, completando que esse número de médicos faria com que a capital gaúcha possuísse um médico para cada 3 mil habitantes.
Infográfico: Revalidação do diploma médico | |
Apesar de estar recebendo 13 médicos nesse primeiro momento, outros oito profissionais estrangeiros devem passar a atender em Porto Alegre a partir do dia 16 de setembro. Entre os brasileiros que atuarão na capital gaúcha, a maioria se formou no Rio Grande do Sul, mas também existem profissionais de outros Estados, como Rio de Janeiro e Rondônia. “O tempo vai mostrar se esses profissionais são qualificados”, disse Ritter sobre os questionamentos que a categoria médica tem feito contra o programa.
Segundo o secretário de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlo Gadelha, a chegada dos médicos é “um marco histórico no País”. Ele rebate as críticas, dizendo que os profissionais estão movidos pela questão humanitária.
“São médicos brasileiros que vão contribuir com a atenção básica, onde 80% dos problemas de saúde da população podem ser resolvidos: isso se resolve lá na ponta, na atenção básica, no primeiro contato com o médico. São brasileiros com ‘b’ maiúsculo que estão chegando ao Estado... todos estão movidos pela visão humanitária. A gente perde essa dimensão, mas pode perguntar para qualquer um deles”, afirmou.
Além da bolsa de R$ 10 mil paga pelo governo federal, os médicos recebem ainda R$ 1,5 mil de auxílio moradia, e mais R$ 340 para alimentação. Por causa das criticas que o programa tem sofrido por parte da categoria, quase todos os profissionais preferiram não falar com a imprensa.
A médica Ericássia Serafim Cortez, 24 anos, veio da cidade de Porto Velho (Rondônia) para Porto Alegre, inscrita no programa federal. Esse será seu primeiro emprego, e ela diz que escolheu o Estado porque seus pais são gaúchos.
“Fiquei assustada (com toda a repercussão) ... porque não é seguro para o médico brasileiro. É criticado porque não tem vinculo empregatício, não tem férias, décimo terceiro, mas é meu primeiro emprego, e vim para cá pensando em estudar, e nas horas que estiver livre vou estudar, mas é uma oportunidade, e onde estava não tinha expectativa de contratação ou concurso”, disse.
Entenda o 'Mais Médicos' |
- Profissionais receberão bolsa de R$ 10 mil, mais ajuda de custo, e farão especialização em atenção básica durante os três anos do programa. |
- As vagas serão oferecidas prioritariamente a médicos brasileiros, interessados em atuar nas regiões onde faltam profissionais. |
- No caso do não preenchimento de todas as vagas, o Brasil aceitará candidaturas de estrangeiros. Eles não precisarão passar pela prova de revalidação do diploma |
- O médico estrangeiro que vier ao Brasil deverá atuar na região indicada previamente pelo governo federal, seguindo a demanda dos municípios. |
- Criação de 11,5 mil novas vagas de medicina em universidades federais e 12 mil de residência em todo o País, além da inclusão de um ciclo de dois anos na graduação em que os estudantes atuarão no Sistema Único de Saúde (SUS). |