Vinte e quatro médicos cubanos desembarcaram no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, na noite deste domingo para trabalhar pelo programa Mais Médicos do governo federal. Eles atuarão na região metropolitana da capital mineira e cidades do interior com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e onde há vagas não preenchidas pelos médicos brasileiros.
Antes de chegar a Belo Horizonte, o grupo passou por treinamentos em Recife e Salvador, de onde veio em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e foi recebido por cerca de 50 pessoas ligadas a movimentos sociais que distribuíram, em colheres, doce de leite e ainda cantaram músicas típicas de Cuba.
Outros dois profissionais formados na ilha governada por Raul Castro já haviam desembarcado em Belo Horizonte no sábado. A partir desta segunda-feira, todos vão iniciar um treinamento pelo qual vão ter acesso às doenças e legislação brasileiros. O grupo começará a trabalhar a partir do próximo dia 23. O governo brasileiro pagará R$ 10 mil mensais ao governo cubano por cada médico que trabalhar no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, o Estado cubano é quem repassará a remuneração aos profissionais do país.
A médica cubana Luisa Balbina Diegues Perez negou que ela e os compatriotas sejam explorados pelo governo cubano. "Somos muito livres. Nós só queremos ajudar a todos os povos que necessitam. Somos missionários da saúde", disse.
"Nós, médicos cubanos, somos formados pela revolução cubana. Nos compensa muito ajudar a muitos povos do mundo e ajudar a melhorar a sua qualidade de vida. O povo do Brasil merece uma melhora na qualidade da saúde. Merece muito mais atenção primária de saúde para a prevenção de muitas enfermidades", completou a médica Natasha Romero Sanches.
Natasha afirmou que o grupo que trabalhará no Brasil não terá dificuldades de adaptação, já que, segundo ela, muitas doenças típicas brasileiras são também diagnosticadas em Cuba.
Seguindo à risca as declarações da presidente Dilma Rousseff, que afirmou durante visita a Uberlândia (MG) que "saúde é inegociável" ao se referir à resistência e indiferença de parte dos médicos brasileiros ao programa Mais Médicos, o secretário nacional da Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães, afirmou que o governo vai atender a todos os municípios onde há déficit de profissionais. "Vamos continuar neste caminho e ter médicos em todos os municípios. No caso de Minas Gerais, em especial, na periferia da região metropolitana de Belo Horizonte, no norte de Minas, no Vale do Aço e no Vale do Mucuri", disse.
Magalhães disse ainda que a rejeição ao programa é por parte de alguns conselhos de medicina apenas, reiterando que os médicos estrangeiros ou mesmo brasileiros que aderiram ao Mais Médicos vão ocupar vagas que os profissionais do Brasil não quiseram ocupar. "Pelo que temos conversado com médicas e médicos brasileiros que estão no Sistema Único de Saúde (SUS), não é a posição dos médicos brasileiros. As suas lideranças estão, infelizmente, dissociadas do pensamento do médico do SUS. Esses profissionais vêm ajudar os médicos brasileiros, dividir a carga de trabalho que está muito pesada", completou.