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Melhor capital em educação, Vitória quer acabar com o analfabetismo

31 jul 2013 - 12h49
Com programa voltado para jovens e adultos, Vitória tenta reduzir as taxas de analfabetismo
Com programa voltado para jovens e adultos, Vitória tenta reduzir as taxas de analfabetismo
Foto: Secretaria de Educação de Vitória / Divulgação

O Atlas Brasil 2013 divulgado esta semana apresenta dados positivos na evolução do sistema educacional no País, apesar de estar longe de atingir o ideal. Entre as capitais com o melhor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) na educação, Vitória (ES) lidera o ranking com 0,805 – em uma escala que vai de 0 a 1. De acordo com a secretária municipal de Educação, Adriana Sperandio, a prioridade é fortalecer o ensino básico ampliando o número de vagas até 2016, sem que ninguém fique fora da escola.

O número de analfabetos na capital do Espírito Santo ainda assusta, são pelo menos 8 mil, segundo Adriana Sperandio. Para reduzir esse número, a prefeitura lançou o programa Vitória Alfabetizada. "O desafio para a cidade é identificar essas pessoas para que entrem num processo como esse. O que nós queremos é retornar essas pessoas para a vida escolar", afirma a secretária.

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Segundo ela, quando estiverem concluindo a alfabetização, jovens e adultos serão beneficiados por uma parceria com o Sebrae, com curso de qualificação profissional em empreendedorismo. Além disso, a cidade trabalha para universalizar a educação infantil e investe na valorização dos professores. Confira a seguir entrevista com Adriana Sperandio sobre os novos rumos da capital com melhor índice de educação no País.

Vitória é a capital com melhor indicador de desenvolvimento em educação
Foto: Secretaria de Educação de Vitória / Divulgação
Terra - Como vocês receberam a pasta da gestão anterior?

Adriana Sperandio - A educação no município de Vitória tem um histórico nos últimos 20 anos que é muito importante. Nós temos um cenário que revela que tiveram grandes investimentos em Vitória, para a pasta da educação. Com o investimento em educação, a gente só colhe respostas a médio e a longo prazo. A gente não consegue colher resultados de imediato. Esses indicadores são frutos de muitos anos de atenção e de investimento no campo da educação, mas que precisa permanecer, para que a gente possa fazer de fato da política educacional, uma política pública que atenda a necessidade e a expectativa da sociedade, e de maneira especial o que está estabelecido na legislação brasileira.

Vivemos marcos muito importantes na história da educação brasileira. Nesses últimos anos é que avançamos para que tivéssemos toda criança na escola. Foi contemplada a educação infantil, enquanto uma etapa da educação básica. Foi também na década de 1990 que tivemos instituído, primeiro o Fundef, que era o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério. Ele assegurava recursos diretos para o ensino fundamental, e se transformou no Fundeb, que é o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, contemplando, portanto, a educação infantil. Tudo isso fez com que tivéssemos essa situação favorável, mostrando a capital com um dado tão positivo no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM).”

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Terra - Qual é o maior gargalo hoje em Vitória?

Adriana Sperandio -

Nós temos um programa neste momento intenso, e com prioridade voltada para ampliar o número de vagas para a educação infantil, e é um indicador que impacta sobre esse índice, que é o acesso da população de 4 e 5 anos ao espaço educacional. Essa é uma diretriz que nós temos, e também um conjunto de investimentos que vai aumentar até 2016 mais 3,8 mil vagas na educação infantil. Precisamos atender essa demanda que a gente tem ainda, que está fora da escola.

O que nós identificamos aqui, e que nos preocupa muito, é a qualidade do atendimento educacional. Não basta matricular as pessoas na escola. É preciso mantê-las na escola, segurá-las na escola e aprendendo. Grande parte do restante do recurso de investimento que temos, está voltado para programas suplementares de apoio à aprendizagem, com atividades que envolvem o reforço da aprendizagem das crianças na alfabetização, na leitura, na escrita, no raciocínio e programas voltados para potencializar atividades da criança com o espaço escolar, com ênfase no esporte e cultura. Também temos programas de apoio ao professor. Temos uma série de estudos que comprovam que para melhorar a educação, é preciso investir no docente, na valorização e formação deles.

Terra - Como funcionam as estratégias para valorização e formação do professor?

Adriana Sperandio - Nós trabalhamos em dois âmbitos. O primeiro é trabalhar na perspectiva da profissionalização da ação docente. Nós já temos duas iniciativas imediatas que foram assumidas por essa administração, nos quatro primeiros meses de governo, que já foi uma reposição da inflação deste ano em torno de 3%, que já foi uma valorização imediata, e o pagamento do ticket para alimentação, que era um pedido da categoria por décadas em Vitória. Temos uma série de ações que envolvem o protagonismo do professor, que é a participação dele como produtor e construtor dos programas projetos da educação de Vitória. Ter o professor nesse papel significa reconhecer este lugar profissional que ele tem.

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Terra: Como manter os índices?

Adriana Sperandio -

Podemos ter mais alunos na escola, de preferência a educação a infantil. Temos uma iniciativa que tem a ver com esses indicadores, que envolve a escolaridade da população. Aqui em Vitória nós ainda temos cerca de 55 mil pessoas acima de 15 anos que não têm o ensino fundamental. Já temos um conjunto de ações voltadas para essa demanda. Temos 19 escolas que atendem o sistema de Educação de Jovens e Adultos (EJA), onde estudam aproximadamente 2,8 mil pessoas acima de 15 anos, e temos um potencial de atendimento a 10 mil pessoas. Agora estamos discutindo quais elementos podemos usar no EJApara fazer uma conexão com o mundo do trabalho.

Queremos um diálogo entre a escola e os contextos onde estão colocados os nossos estudantes. Além disso, nos deparamos com outro dado em Vitória, sobre o número de pessoas analfabetas. Temos aproximadamente 8 mil pessoas não-alfabetizadas.

A educação em Vitória

- Número de alunos matriculados com idade até 6 anos em 2013: 20.576

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- Número de alunos matriculados com 5 anos em 2013: 3.676

- Número de alunos matriculados com 6 anos em 2013: 2.892

- População de 5 e 6 anos em 2013: 8.046

- Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emef’s): 27.896 estudantes

- Educação de Jovens e Adultos (Eja): 3.071

- Centros Municipais de Educação Infantil: 47 unidades

- Novas vagas na educação infantil até 2016: 3.785

- Novas vagas no ensino fundamental até 2016: 1.850

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Cinco melhores cidades em educação

Posição Município IDHM
Águas de São Pedro (SP) 0,825
São Caetano do Sul (SP) 0,811
Santos (SP) 0,807
Vitória (ES) 0,805
Florianópolis (SC) 0,800

Evolução da educação no Brasil

Apesar das dificuldades, o indicador de educação do IDHM foi o que mais avançou neste últimos vinte anos. Segundo o Pnud, isso se deve, principalmente, ao aumento do fluxo escolar de crianças e jovens - que cresceu 156% nesse período. De 1991 a 2010 a população adulta com ensino fundamental concluído passou de 30,1% para 54,9%. Crianças de 5 a 6 anos frequentando a escola passou de 37,3% para 91,1%. Jovens de 11 a 13 anos nos anos finais do fundamental passou de 36,8% para 84,9%. Jovens de 15 a 17 anos com fundamental completo passou de 20% para 57,2%.

No entanto, 40% dos jovens nesta faixa ainda não têm fundamental completo no Brasil. O percentual de jovens de 18 a 20 anos com ensino médio completo passou de 13 para 41%, um grande avanço, mas que evidencia que mais de metade deles ainda não concluíram a educação básica ou estão fora da escola.

O IDHM é o resultado da análise de mais de 180 indicadores socioeconômicos dos censos do IBGE de 1991, 2000 e 2010. O estudo é dividido em três dimensões do desenvolvimento humano: a oportunidade de viver uma vida longa e saudável (longevidade), ter acesso a conhecimento (educação) e ter um padrão de vida que garanta as necessidades básicas (renda). O índice varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano.

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Fonte: Terra
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