Desde a Revolução Industrial, a educação passou por diversas transformações e uma metodologia de formação quase fabril foi inserida. A escola representa a base e a universidade e cursos de especialização uma sequência natural dentro da curva de preparação profissional.
Ensinar e aprender são verbos diferentes que não têm obrigatoriamente uma relação de causa e consequência. Um professor ensinar não significa um aluno aprender e as metodologias de ensino não são exatamente o que as pessoas esperam.
Dessa forma, a necessidade por novos modelos educacionais se apresenta todos os dias e a pergunta que fica é: Como preparar os cidadãos e trabalhadores para um cenário extremamente competitivo onde precisamos aprender cada vez mais e mais rápido?
A carreira do futuro ainda não existe
Segundo o Fórum Econômico Mundial, em 2030, 85% das carreiras ainda não existem hoje. Por isso, a tecnologia passa a ser uma aliada fundamental no processo de evolução do ensino profissional.
Se pensarmos que há pouco mais de 30 anos a internet discada se popularizou e antes disso o conhecimento estava concentrado em uma enciclopédia física, pesada e cara, o que podemos imaginar para os próximos 10 anos? Ou melhor, será que 5 anos atrás tínhamos a dimensão que em 2022 o Metaverso já seria uma realidade?
A verdade é que o Metaverso chegou ― e veio para ficar. Um estudo realizado pelo Gartner, uma das principais empresas mundiais em pesquisa e consultoria em tecnologia, indicou que, até 2026, um quarto da população mundial estará trabalhando, estudando, comprando e socializando por pelo menos uma hora por dia por meio do metaverso.
Na educação, segundo pesquisa da PwC, pessoas treinadas com a utilização da Realidade Virtual (VR) podem ficar até 275% mais confiantes para agir com o que aprenderam logo após a aula, sentindo-se mais preparados e eficientes. Isso proporciona uma melhora de 40% no aprendizado, quando comparado à sala de aula comum.
No entanto, ainda existem muitas dúvidas quando falamos do conceito de Metaverso aplicado na educação. O mais importante é que mais do que ambientes online onde podemos ter nossos avatares para conversar e interagir, a novidade traz uma nova perspectiva para os educadores e instituições de ensino em dois aspectos importantes: experiência e métricas.
Interações imersivas com o mundo virtual
De acordo com a própria Meta (ex-Facebook), a proposta deles para o Metaverso é promover interações mais imersivas e tridimensionais com o mundo virtual. Hoje tudo é muito linear e bidimensional e a partir de novas tecnologias e equipamentos, o mundo virtual pode ser vivenciado de forma mais imersiva. E a imersão é parte fundamental para o aprendizado.
Conforme pontua o autor espanhol José Ramón Gamo: “Para aprender o cérebro precisa se emocionar”.
A imersão do Metaverso pode proporcionar essa “emoção”. Ao vestir os óculos de realidade virtual e conseguir sentir um coração realista batendo, a reação de empolgação é instantânea. Ou seja, fica evidente que é mais fácil para os futuros médicos absorverem o conteúdo.
Além da percepção emocional, o Metaverso é baseado em interoperabilidade de sistemas. Isso significa que sistemas de origem diferente podem trabalhar em conjunto para garantir uma experiência: você não percebe quando sai de um sistema e entra no outro. Isso permite que os seus dados o acompanhem.
Além disso, é possível coletar e cruzar dados que antes não eram possíveis. E isso pode ajudar na construção de uma experiência cada vez mais completa para os alunos, já que a partir dessas informações, podemos identificar gargalos e trabalhar com mais assertividade.
Essa nova forma de interação com o mundo virtual com certeza não se restringe à educação e pode ser aplicada em outras áreas. O metaverso permite levar o debate para outro patamar e trouxe um novo sentido, praticamente literal, ao que significa olhar os problemas por uma nova perspectiva.
(*) Vinícius Gusmão é CEO da MedRoom, edtech brasileira que aplica a imersão da tecnologia de Realidade Virtual.