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Mulher que estudava enquanto filho dormia é aprovada em medicina na USP, Unesp e Unifesp

Bruna da Silva realizou sonho de cursar Medicina após anos atuando como farmacêutica

7 ago 2023 - 05h00
Bruna realizou sonho de estudar Medicina após largar carreira de farmacêutica
Bruna realizou sonho de estudar Medicina após largar carreira de farmacêutica
Foto: Arquivo pessoal

Foi após se realizar como mãe que Bruna Fernandes Mendes da Silva, uma farmacêutica com carreira já estabelecida, resolveu investir em um novo sonho: se tornar médica. Hoje com 35 anos, ela cursa o segundo período de Medicina na USP.

Mas quem vê o sucesso dos seus projetos não sabe os obstáculos que ela precisou superar no caminho. A rígida rotina de estudos precisava se encaixar à maternidade e ao casamento, por exemplo. Para se ter ideia, Bruna costumava estudar enquanto seu filho, ainda bebê, dormia.

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Desde o segundo ano de Farmácia, Bruna já sonhava em ser médica, mas, devido às incertezas, se afastou desse objetivo.

"Sempre estudei em escola pública. Eu pensava 'qual é a minha chance?', porque muita gente boa, de escolas muito fortes, estavam tentando. Então eu pensava 'acho que não é pra mim'. Eu também gostava muito de química, então pensei 'acho que minha pegada vai ser mais de laboratório mais de pesquisa'", lembra.

Assim, ela decidiu cursar Farmácia. Dedicada, ela se formou e construiu uma carreira como farmacêutica em uma grande empresa, fez um "pé de meia" para comprar um apartamento e se estabilizar. O sonho de ser médica ficou guardado para quando ela tivesse mais independência

"Eu parei e pensei: 'Não dá pra eu voltar tudo para trás agora pra estudar medicina. Então, eu vou adiante me formar, ter uma profissão, vou trabalhar, ganhar dinheiro e fazer meu pé de meia pra eu poder fazer medicina num momento que eu for mais independente'", conta.

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No entanto, a vida pegou Bruna de surpresa com uma reviravolta: ela conheceu seu marido, também farmacêutico e estudante de medicina, que a incentivou a não deixar seu sonho para o futuro, mas, sim, buscá-lo no presente.

Estudos e maternidade

Em 2018, Bruna engravidou de seu primeiro filho, Rafa. Antes de o bebê nascer, ela já estava estudando e se matriculou em um cursinho pré-vestibular.

"Duas semanas antes do parto, eu estava enorme e estava indo pro cursinho com apostila e tudo. Aí parei, tive o Rafa e fiz as provas neste ano. Foi uma experiência muito interessante fazer prova com o bebê recém-nascido, amamentando, foi pauleira mesmo. Mas eu não tinha expectativa de passar e, surpreendentemente, eu bati na trave, foi muito perto. Foi aí que eu comecei a realmente vislumbrar a possibilidade de passar numa universidade pública", destaca.

Durante a pandemia, os estudos precisaram ficar em pausa. Em um grupo do Facebook, Bruna perguntou a estudantes que estavam prestando a Fuvest se eles achavam que ela poderia passar em medicina se estudasse apenas meio período em um cursinho. Com relatos positivos, ela se sentiu motivada.

Com o filho, Rafa, ainda recém-nascido, Bruna prestou vestibulares e passou
Foto: Arquivo pessoal

A partir disso, Bruna equilibrou sua rotina de mãe, esposa e estudante, encarando longas horas de estudo e enfrentando adversidades, como o contágio de covid-19 dentro de casa. Apesar dos obstáculos, a futura médica foi persistente e decidiu prestar o vestibular de medicina.

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"Um monte de gente incentivou aí eu falei: 'Ah, então já é'. Ficava com o Rafa de manhã, coloquei ele no berçário, e aí eu ia para o cursinho. Chegava de noite, ficava com meu filho e com meu marido até eles dormirem, por volta das dez da noite. Aí eu pegava para fazer os exercícios do cursinho. Era sempre uma média de 50 exercícios, e eu já fazia tudo. Se tivesse que ir até umas três da manhã, eu dormia depois e acordava às oito do dia seguinte e recomeçava tudo", conta.

E quando o filho ia para consultas de terapias pela manhã, a mãe também estudava nas salas de espera dos consultórios. O esforço rendeu a aprovação em três universidades públicas e em uma particular. Bruna conseguiu ser aprovada na USP, Unifesp e Unesp, além de uma universidade particular de Jundiaí.

Vida de estudante

Ela escolheu cursar Medicina na USP, e hoje equilibra suas responsabilidades em casa com os estudos. Bruna acredita que é possível que outras pessoas façam o mesmo, caso queiram ir atrás da graduação dos sonhos.

Especialmente outras mulheres, ela incentiva a não desistirem da educação após a maternidade, e observa que é possível conciliar as diversas facetas da vida e realizar sonhos profissionais.

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"Tive contato com muitas histórias incríveis. A gente acha que a gente é única, e tem muitas mães que querem voltar a estudar, e muitas mães que têm o sonho de fazer medicina. Então, eu faço alguns videozinhos, e falo que a medicina é um curso que dá para você conciliar com o horário comercial perfeitamente. A minha vivência de faculdade é como mãe, esposa e tenho outros compromissos. É diferente das pessoas mais jovens", declara.

Mãe e esposa, ela conciliou a vida em família com os estudos
Foto: Arquivo pessoal

Morando em Jundiaí, ela conta que vai para a faculdade, em São Paulo, de ônibus fretado, e aproveita a viagem para estudar e preparar trabalhos. Quando chega em casa, no início da noite, aproveita os momentos com a família.

"A gente vai dançando conforme a música. Mas o curso em si dá pra gente levar em horário comercial, pelo menos até o quarto ano", acrescenta.

Bruna ainda deixa a dica para as mulheres que sonham em cursar Medicina após serem mães.

"A gente consegue fazer tudo. Com foco, com força de vontade, fé… Tem dias que a gente acha que vai desabar e alguma coisa segura a gente. A gente precisa muito acreditar que consegue e não dar ouvidos para muita gente que vai falar que estamos loucas. É preciso focar naquilo que interessa", conclui.

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Fonte: Redação Terra
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