O compromisso público com a sociedade para transformar a sociedade. É o que diz Regina Silvestre, gerente de Diversidade, Inclusão e Cultura na Vivo, sobre as diretrizes de promoção de inclusão, equidade e sustentabilidade da empresa. "Não é só uma questão de meta interna", enfatiza.
Se referindo a sua história, ela revela ter parado de trabalhar depois do nascimento de sua filha quando estava com 40 anos. Acabou seguindo a carreira autônoma para conciliar o trabalho com o desejo de ser mãe. Até que, há cerca de cinco anos, quando estava prestes a completar 50 anos, recebeu uma ligação de sua atual empresa referente à vaga que agora ocupa.
"Nós contratamos pessoas com mais de 50 anos. Existem estagiários com mais de 30 anos, que já são profissionais, formados e que estão iniciando uma nova carreira dentro do nosso quadro", reforça ela, que destaque que, para além da raça, é preciso se atentar à interseccionalidade com gênero e idade no processo de inclusão.
Segundo Regina, cerca de 40% dos funcionários e 30% dos líderes da Vivo são negros. Mas ainda é pouco: o objetivo é que a empresa seja uma das mais diversas do País e se torne referência em equidade racial tanto para os trabalhadores, internamente, quanto para o público externo.
No caso dos colaboradores, essas ações se dão por meio de discussões sobre a questão racial dentro da empresa. "É importante criarmos ambientes seguros para as pessoas fazerem perguntas, aprenderem". Já na dimensão do cliente, esse compromisso se dá na entrega de uma experiência inclusiva.
A gerente cita, por exemplo, o processo de digitalização promovido pela empresa que representa. "É digitalizar para aproximar", diz. Isso porque, com a digitalização e a entrega de internet de ponta a ponta, é possível impactar grandes e pequenas cidades, seus negócios e história. Esse trabalho também tem efeito sustentável, com redução de mobilidade e emissão de carbono.
Discutir as desigualdades para superar
As declarações foram dadas em palestra nesta sexta-feira, 17, na 9ª edição do Fórum Brasil Diverso. O tema deste ano foi 'ESG: a síntese da diversidade, equidade e inclusão' e partiu do princípio de que para abordar o assunto é preciso discutir sobre desigualdades sociais, econômicas e o racismo estrutural, perpetuados pelas culturas e hierarquias organizacionais.
Com mediação da jornalista Gabriela Dias, além de Regina, marcaram presença no painel dois CEOs - Maurício Rodrigues, da Bayer, e Fabio Adegas Faccio, das Lojas Renne. Para os dois, promover a inclusão, o letramento racial e proporcionar oportunidades para profissionais negros se inserirem e permanecerem no mercado de trabalho também são compromissos indiscutíveis.
Maurício, da Bayer, cita o pioneirismo da empresa em lançar um programa de trainees com vagas afirmativas para pessoas negras. Isso foi há 10 anos e, na época, por acaso, a Magalu também teve a mesma iniciativa. "E fiquei super feliz. Quanto mais programas, mais ideias, melhor", comentou. Agora, mais fortalecido, o programa segue em andamento - dando oportunidades para pessoas de múltiplas idades, levando em consideração o etarismo, o preconceito com pessoas mais velhas.
Fábio, da Renner, também endossa a importância de ações afirmativas com metas para, como diz, acelerar o que está errado. "Se 56% da população do Brasil é negra, o racismo estrutural não é racional, não tem sentido. Mas se historicamente não conseguimos reverter isso, não é deixando a coisa acontecer naturalmente que vamos reverter", questiona.
No caso da Renner, ele diz que 48% do time é composto por pessoas negras. Entre as lideranças, são 38%. "Pode ser acima da média, mas ainda assim não é suficiente se essas pessoas são 56% da população". Para 2030 a meta é de que pelo menos 50% das lideranças da empresa sejam negras.