Os estudantes da Universidade de Campinas (Unicamp) não querem a Polícia Militar dentro do campus da instituição por considerar que o próprio trabalho da PM é violento. Esse é o consenso dos alunos que participaram de assembleia na tarde desta segunda-feira, após votar pela continuidade da ocupação da reitoria, iniciada na última quinta-feira.
"A Policia Militar matou mais que a Guerra do Iraque", afirmou a estudante de letras e diretora do Diretório Central dos Estudantes (DCE) Mariana Toledo. Depois de terminada a reunião em uma praça ao lado reitoria, ela falou com jornalistas e disse que os alunos da universidade não consideram viável a entrada de uma polícia responsáveis por mais mortes do que em guerrar.
De acordo com Mariana, o batalhão militar é truculento e irá acirrar ainda mais a violência. A diretora do DCE argumentou que o ideal seria a implementação de uma guarda preventiva dentro da universidade, com seguranças concursados e um serviço, por exemplo, de escolta noturna.
"Não somos contra a polícia, e sim do sistema da Polícia Militar, veja os fatos contra os professores, nas favelas contra pobres e negros, contra manifestações de direito nas ruas", falou. "Esses dias vimos aqui na universidade carros com policiais levando cães ferozes e arma pesada como fuzil", emendou.
A estudante falou também que a ocupação da reitoria é legítima e veio reforçar a ideia de que a universidade pertence a todos. Quanto à decisão judicial de reintegração de posse, ela acredita que é histórico o fato de as instituições lançarem mão "desta alternativa sumariamente violenta a ser cumprida pela Polícia Militar".
"Nós vamos entregar a reitoria limpa, sem pichações, sem depredações", pontificou. Para tanto, Mariana diz que além da exclusão do projeto da entrada da Policia Militar, os estudantes querem que não haja punições contra os manifestantes e aos organizadores da festa que resultou na morte do aluno Dimas Casagrande, 21 anos. "Não é preciso proceder de sindicâncias. A própria família do estudante já afirmou que não há necessidade, pois entende que houve uma fatalidade", falou.
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A Unicamp já havia anunciado em nota na semana passada que pretende entrar em acordo com os estudantes para a desocupação pacifica da Reitoria. A instituição sustenta que a entrada da Polícia Militar é uma prerrogativa de maior segurança dentro do campus.
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9 de outubro - Estudantes de artes cênicas fazem protesto bem-humorado na Unicamp
Foto: Rose Mary de Souza
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9 de outubro - Com perucas coloridas, lençóis amarrados ao corpo simbolizando a Roma Antiga, fantasias diversas e rostos pintados, os estudantes chegaram entoando canções de crítica à presença da Polícia Militar dentro do campus da Unicamp anunciada no final de setembro
Foto: Rose Mary de Souza
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9 de outubro - Dois jovens se equilibravam em perna de pau e se denominavam autoridades como "o grande governador" e o "magnífico reitor". Em certo momento, estudantes jogaram para o alto balas e chicletes e ao mesmo tempo estouraram bexigas de ar simulando uma rajada de tiros: "bala perdida, bala perdida", gritaram chamando a atenção
Foto: Rose Mary de Souza
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9 de outubro - Manifestantes a favor da ocupação da reitoria da Unicamp simulam "batida" policial. Dois grupos - de contrários e de favoráveis à ocupação do prédio - bateram boca
Foto: Rose Mary de Souza
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9 de outubro - Funcionários que organizaram o protesto disputaram o microfone de um carro de som. Alguns servidores reclaram da reitoria sem a presença dos "mascarados" no prédio da reitoria, já que suas mesas de trabalho estão sendo "compartilhadas" por jovens "pichadores, anarquistas e perturbadores da ordem"
Foto: Rose Mary de Souza
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9 de outubro - Servidores também protestaram em favor da ocupação
Foto: Rose Mary de Souza
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9 de outubro - Manifestante usa cartaz durante protesto
Foto: Rose Mary de Souza
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9 de outubro - Do alto do prédio, estudantes que participam da ocupação aplaudiam ou vaiavam as manifestações dos servidores
Foto: Rose Mary de Souza
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7 de outubro - Pelo menos cerca de 300 estudantes participaram de assembleia que decidiu pela manutenção da ocupação
Foto: Rose Mary de Souza
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7 de outubro - Alguns alunos taparam os rostos durante a reunião que definiu os rumos do movimento
Foto: Rose Mary de Souza
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7 de outubro - A ocupação da reuitoria foi iniciada na última quinta-feira
Foto: Rose Mary de Souza
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7 de outubro - Cartazes e faixas foram dispostas no prédio da reitoria ocupada
Foto: Rose Mary de Souza
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7 de outubro - Lençóis foram usados para impedir imagens de cinegrafistas
Foto: Rose Mary de Souza
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7 de outubro - Os alunos cobram a retirada da Polícia Militar do campus
Foto: Rose Mary de Souza
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4 de outubro - Desde a noite da invasão, a vigilancia é feita por seguranças da reitoria e não há presença policial no campus
Foto: Rose Mary de Souza
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4 de outubro - Pelo menos 100 alunos passaram a noite do dia 3 de outubro no prédio da reitoria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em manifestação contra a abertura do campus para a patrulha da Polícia Militar
Foto: Rose Mary de Souza
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4 de outubro - Pelo menos duas vidraças foram quebradas e um muro foi pichado com mensagens como "Pelo Denis, pelo Amarildo, pela perifa" e "Fora PM do Haiti"
Foto: Rose Mary de Souza
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4 de outubro - A Unicamp ainda não se manifestou sobre a ocupação, mas um boletim de ocorrência foi registrado e um pedido de reintegração de posse deve ser impetrado na Justiça na manhã desta sexta-feira