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77% dos profissionais de enfermagem não têm curso superior

Segundo pesquisa da ENSP-Fiocruz, a maior parte dos profissionais de enfermagem é formada por técnicos e auxiliares

12 ago 2015 - 13h19
(atualizado às 13h21)

A maior parte dos profissionais de enfermagem do Brasil, correspondente a 77% do total, é de técnicos e auxiliares, enquanto somente 23% são enfermeiros formados, com curso superior, e estão concentrados na região Sudeste. Norte e Nordeste, no entanto, sofrem com a carência desses profissionais.

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Essa constatação é de uma pesquisa realizada pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (ENSP-Fiocruz), por encomenda do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), que traça o perfil da Enfermagem no Brasil, divulgada nessa terça-feira (11), em Minas Gerais, e que será apresentada nesta quarta-feira (12), no Rio de Janeiro, e na quinta-feira (13), em São Paulo.

De acordo com a pesquisa, o grande empregador da enfermagem no Brasil é o setor público com 70,1% do total
De acordo com a pesquisa, o grande empregador da enfermagem no Brasil é o setor público com 70,1% do total
Foto: Mario Tama/Getty Images

A coordenadora-geral do estudo e pesquisadora da ENSP, Maria Helena Machado, considera essa situação um problema, “porque nós estamos falando de 1,8 milhão de trabalhadores em enfermagem e, infelizmente, o Brasil apresenta um volume (de profissionais formados) muito pequeno. Pensar que são 23% de enfermeiros para dar conta de toda a estrutura de assistência à saúde, supervisão e coordenação de todas as atividades de enfermagem do país é muito pouco”.

Maria Helena diz que esse percentual de 23% é baixo em comparação a toda a América Latina. Segundo ela, o país elevou a qualificação dos auxiliares e técnicos, mas o índice de enfermeiros graduados ainda é baixo, como no estado do Rio de Janeiro, onde a enfermagem é composta, hoje, por 80,9% de técnicos e auxiliares, e apenas 19,1% de enfermeiros.

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Outro problema apontado pelo estudo é a grande concentração dos profissionais na região Sudeste, formada por Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, com destaque para os dois primeiros estados. Outra situação delicada é a concentração de enfermeiros nos grandes centros do país, especialmente nas capitais.

As regiões Norte e Nordeste têm carência de outros profissionais ligados à saúde, além de enfermeiros, como farmacêuticos, odontólogos e médicos. O mais grave, segundo ela, é que esses 23% de enfermeiros formados não estão distribuídos no país como um todo e há carência de enfermeiros no Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com a pesquisa, o grande empregador da enfermagem no Brasil é o setor público nos três níveis (federal, estadual e municipal), com 70,1% do total. Os restantes 29,9% estão no setor privado, com destaque para 9,8% nas atividades de ensino e 1,4% na área filantrópica.

Em termos de renda, Maria Helena explica que a enfermagem é mal paga no país inteiro, sendo que nos setores privado e filantrópico há maior concentração de subssalários, com 22,8% e 32,7%, respectivamente. “É um volume grande de profissionais que ganha igual ou menos do que R$ 1 mil por mês”. Ela diz que o setor público (10,6%) e o de ensino (11,3%) também pagam mal. Uma parcela de 13,6% dos entrevistados declararam ter renda total mensal de até R$ 1 mil, condição de subssalário. A maioria dos profissionais (53,7%) tem apenas uma atividade ou trabalho.

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A equipe de enfermagem no Brasil é liderada por mulheres, com 85,6% do total, contra a média nacional de 14,4% de homens, segundo a pesquisa. No estado do Rio de Janeiro, a composição é 82,3% feminina contra 17,6% masculina. Maria Helena Machado diz, porém, que já se percebe uma tendência de masculinização da categoria em todos os estados brasileiros.

No próximo dia 27, ao final das apresentações da pesquisa pelo país, os membros do Cofen e dos conselhos regionais se reunirão para traçar as estratégias para a inserção da categoria nos programas governamentais.

A presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ), Maria Antonieta Rubio Tyrrel, disse que o intuito final é ter um diagnóstico “para podermos traçar políticas públicas relacionadas com a nossa inserção nos programas governamentais de saúde”, que incluem os âmbitos do ensino, filantrópico e privado.

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Agência Brasil
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