Durante depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira, 22, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi questionado pelos policiais se ele se identificava como “cis”, procedimento protocolar na corporação. O questionamento se referia ao termo cisgênero, mas o ex-chefe do Executivo afirmou desconhecer o significado.
O termo "cis" é derivado do latim e significa "do mesmo lado". Pode ser definido como cisgênero uma pessoa que se identifica com o sexo que lhe foi atribuído ao nascer. Por exemplo, se uma pessoa é designada como mulher ao nascer e identifica-se como mulher, ela é cisgênero.
Ou seja, a cisgeneridade pode ser entendida da seguinte forma:
- Mulher cisgênero: é aquela que se identifica com o gênero feminino e que foi designada como mulher ao nascer, com base em suas características biológicas;
- Homem cisgênero: se identifica com o sexo que lhe foi atribuído ao nascer, ou seja, é alguém que nasceu com características biológicas do sexo masculino e se identifica como um homem.
Conforme as orientações do governo federal sobre políticas LGBTQIA+, a Polícia Federal passou a englobar termos como “cisgênero” e “transgênero” à relação de informações pessoais registradas durante depoimentos, abrangendo testemunhas e investigados. As classificações são formalmente usadas em oitivas e documentos oficiais.
Além dos termos, a identificação agora abrange o campo “orientação sexual”, com categorias como “heterossexual” e “homossexual” para classificar os depoentes.
Bolsonaro na sede da PF
Bolsonaro compareceu à sede da Polícia Federal, em Brasília, para prestar depoimento na investigação que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado. No entanto, o ex-mandatário optou por permanecer em silêncio durante o interrogatório.
A informação de que o ex-presidente optou por permanecer em silêncio foi divulgada pelo advogado Fabio Wajngarten. Bolsonaro passou menos de meia hora no local.
Além do ex-presidente, outros investigados compareceram para depor, como o ex-ministro e ex-candidato a vice-presidente Walter Souza Braga Netto, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-comandante da Marinha Almir Garnier.
Por estratégia da PF, todos os investigados tiveram que depor simultaneamente, evitando possíveis combinações de versões. Os depoimentos fazem parte da operação Tempus Veritatis, deflagrada há duas semanas pela PF. Segundo as investigações, Bolsonaro e seus aliados teriam se organizado para tentar um golpe de Estado, visando mantê-lo no poder e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).