Com o início da Olimpíada de Paris nesta sexta-feira, 26, temas de superação, esforço e conquistas de metas frequentemente vão fazer parte do nosso cotidiano nas próximas semanas. Por isso, também é época para lembrar que jovens estudantes brasileiros podem vivenciar seus próprios Jogos Olímpicos, mas no campo educacional. Nestes casos, a dedicação nos estudos é semelhante àquela dos atletas em seus treinamentos e, claro, cheia de segredos e dicas para o sucesso.
O cearense Jefferson Vianna estava no 6º ano do Ensino Fundamental quando foi medalhista de ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). Ele ainda conquistou medalhas em outras Olimpíadas do Conhecimento enquanto era estudante: de Física (OBF), de Robótica (OBR), de Química (OCQ) e de Astronomia (OBA).
Em entrevista ao Terra, ele conta que deixou a casa dos pais, em Jijoca de Jericoacoara, interior do Ceará, quando tinha 14 anos. Na época com três medalhas de ouro e uma de prata na OBMEP, mudou-se para a capital Fortaleza, onde iria estudar em uma escola privada de altísismo nível.
Incentivado pelo sucesso nas competições, participou do processo seletivo do Insper e, aos 17 anos, foi para São Paulo para cursar Economia. Hoje, é mestre em Economia e Políticas Públicas.
"A educação era o caminho que eu seguiria para vencer na vida. A medalha da OBMEP teve um poder de transformação enorme, mudando completamente a minha vida e minha trajetória, mostrando-me o que era o mundo", celebra Jefferson.
Inspirado pelo ambiente educacional, Jefferson fundou a Associação Cactus alguns anos depois. A ONG cearense tem transformado a vida de cerca de 220 mil estudantes da rede pública em todo o Brasil. A organização promove atividades extracurriculares, olimpíadas estudantis e capacitação para professores, para elevar o nível do ensino e criar mais exemplos locais de sucesso.
O segredo das Olimpíadas do Conhecimento
Para Jefferson, a primeira dica para estudantes terem um bom desempenho nas Olimpíadas do Conhecimento é "sonhar bem alto". Para ele, o conselho faz sentido porque há inúmeras oportunidades disponíveis de medalha -- como astronomia, matemática, física e química, por exemplo.
"Além das olimpíadas, há feiras de ciências, competições de gerações, jogos escolares de esportes, música, teatro. Sonhe grande, porque há muitas conquistas ao seu alcance", reforça.
Ele também lembra que o caminho até a medalha exige muita energia e dedicação. Jefferson cita a si mesmo como exemplo. Quando estava no último ano do Ensino Médio, ele fazia mais de 100 questões de matemática por dia.
"Cheguei à prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e nenhuma das questões era uma novidade. Mas tive que ter cuidado ao fazer a prova, pois é densa e cansativa. Assim, eu sabia quais eram minhas maiores dificuldades e facilidades, e tinha o direcionamento de estudos durante o Ensino Médio", lembra.
Jefferson chama a atenção também para a preparação durante toda a jornada escolar. Ele considera um diferencial pensar como no vestibular ao longo de toda a formação básica e média, não apenas no último ano do colegial.
E, uma vez alcançado o sucesso, ele recomenda que os conhecimentos sejam repassados.
"Retribua", ele pede. "É um ciclo importante, pois há sempre mais talentos e jovens precisando de suporte. Compartilhe suas conquistas e ajude outros a também realizarem seus sonhos. Quanto mais exemplos locais conseguimos gerar, melhor. Acreditamos que a densidade de talentos é a mesma em todos os ambientes, mas as oportunidades não são", afirma.