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Participação de pessoas negras no ensino superior aumenta, mas representatividade ainda é baixa, diz estudo

Levantamento destaca falta de acesso tecnologia nas escolas e acesso às instituições como principais causas do impacto

18 jun 2024 - 13h49
(atualizado às 13h50)
formatura, ensino superior
formatura, ensino superior
Foto: iStock

A participação de pessoas negras no ensino superior brasileiro aumentou nos últimos anos, segundo levantamento feito pelo Núcleo de Estudos Raciais do Insper (NERI). De acordo com os dados, o número saltou de 34%, em 2009, para 46% em 2022. Porém, ainda possuem baixa representatividade, principalmente, em carreiras nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). 

Segundo o estudo Tecnologia e Desigualdades Raciais no Brasil, lançado nesta terça-feira, 18, em parceria com a Fundação Telefônica Vivo, as pessoas negras representam apenas 42% do total de matriculados nesses cursos de exatas, enquanto nas formações não-STEM, essa participação é de 47%. 

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O aumento da presença de negros pode estar associado a uma série de fatores como políticas de reserva de vagas, expansão do acesso ao ensino médio e regimes de financiamento estudantil e bolsas de estudo em universidades privadas. Por mais que a tendência seja positiva, ainda há uma disparidade quando comparado a alunos brancos.  

Em contrapartida, o levantamento feito a partir da análise dos dados dos Censos Demográficos de 2000 e 2010, aponta que a participação de pessoas negras no ensino em Ensino à Distância (EaD) também aumentou de 3%, em 2009, para 20% em 2022. O aumento é visto como positivo, pois a modalidade consegue alcançar regiões e grupos específicos que historicamente enfrentam desafios. 

"É importante também avaliar em que medida este ensino é de qualidade e seus retornos no mercado de trabalho são tão grandes quanto o modelo presencial. Caso contrário, o aumento significativo na proporção de negros nesse modelo apenas irá reproduzir desigualdades renitentes", defende os pesquisadores. 

Desigualdade começa na infância

A pesquisa traz ainda evidências de que essas disparidades estão presentes desde o início da trajetória escolar dos estudantes. Segundo os resultados obtidos a partir dos dados do Censo Escolar e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), alunos brancos têm mais acesso a tecnologia em ambiente escolar do que negros, estando 7 pontos percentuais acima, em 2023. 

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A diferença também é vista quando recortamos a partir de redes de ensino público e privado e entre as cinco grandes regiões do país. A desigualdade pode chegar a 24 pontos percentuais se comparado um aluno branco da rede privada da região Sul com um estudante preto da rede pública do Nordeste. 

Segundo os pesquisadores, alunos negros do quinto ano do ensino fundamental têm, em média, 14,5 pontos a menos em matemática no Saeb, quando comparados a estudantes brancos do mesmo nível de exposição à tecnologia. 

A importância de políticas públicas

Durante a apresentação dos resultados da pesquisa, o doutor em Economia e um dos pesquisadores do estudo, Alysson Portella, explicou que, por mais que exista um avanço, ele ainda é muito lento para a necessidade das pessoas negras. 

"A ideia do nosso estudo mostrou que essas diferenças raciais existem, são persistentes no tempo, estão melhorando, mas de uma forma muito lenta ainda. Temos uma grande diferença no acesso aos diferentes cursos do ensino superior, e que parte dessa melhora que tivemos no acesso ao ensino superior também parte de melhoras no ensino básico", pontuou. 

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Entre as soluções destacadas pelos pesquisadores, está:

  • Fortalecimento políticas em nível federal e direcionar recursos financeiros de forma a reduzir as disparidades entre regiões mais pobres e mais ricas do Brasil;
  • Acompanhamento contínuo ao acesso e uso de tecnologia na educação básica e seu impacto no desempenho;
  • Investimento consistente na infraestrutura das escolas e uma estratégia permanente de estímulo e fortalecimento da transformação digital na gestão pública de educação e nas práticas pedagógicas;
  • Garantia da sustentabilidade da expansão do ensino privado e EaD e assegurar que a qualidade dos cursos sejam tão boas quanto a dos presenciais;
  • Exigir um percentual mínimo de alunos e bolsistas negros em casa curso de ensino superior para condicionar o acesso a subsídios governamentais e programas de fomento. 
Fonte: Redação Terra
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