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Pesquisa revela que metade dos alunos não concluem ensino fundamental no tempo e idade certa

De acordo com os dados, 52% da população nascida entre 2000 e 2005 conseguiu concluir na idade adequada

18 mar 2024 - 08h00
Resumo
Metade dos estudantes brasileiros não concluem o ensino fundamental na idade certa, segundo um estudo do Observatório da Fundação Itaú. Estudantes com maior vulnerabilidade têm menor índice de trajetória regular.
Pesquisa revela que metade dos alunos não concluem ensino fundamental no tempo e idade certa.
Pesquisa revela que metade dos alunos não concluem ensino fundamental no tempo e idade certa.
Foto: Reprodução/Getty Images

Metade dos alunos das escolas brasileiras não conseguem concluir o ensino fundamental dentro da idade certa e com trajetória regular, aponta uma pesquisa do Observatório da Fundação Itaú divulgada nesta segunda-feira, 18. 

O estudo analisou dados entre 2007 e 2019 de estudantes brasileiros nascidos entre 1º de julho de 2000 e 30 de junho de 2005. A pesquisa é uma parceria dos pesquisadores Chico Soares, Clarissa Guimarães Rodrigues, Izabel Costa da Fonseca e Maria Teresa Gonzaga Alves.

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De acordo com o levantamento, 52% da população nascida entre 2000 e 2005 conseguiu concluir o ensino fundamental na idade adequada, que são nove anos, e 41% finalizaram o ensino médio na idade esperada, doze anos.

Cerca de 10% dos estudantes saíram do sistema de ensino antes de completar o ensino fundamental. No ensino médio, o percentual é ainda maior: cerca de 28%. 

Trajetórias educacionais

De modo geral, as trajetórias educacionais, período desde o ingresso no sistema educacional até a conclusão, são poucos regulares para os estudantes da educação básica. Porém, o que chama a atenção é a regularidade desse ponto em estudantes do sexo masculino, que estudam em escolas de baixo nível socioeconômico, com deficiência, negros e indígenas. 

Segundo o estudo, a trajetória de estudantes do ensino fundamental que se enquadram em um Nível Socioeconômico (NSE) mais baixo é de 38%, enquanto os que têm um NSE mais alto é de 70%. 

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Quando olhamos mais profundamente dentro dessas minorias, os estudantes mais prejudicados são os indígenas, com apenas 23% de trajetória regular. Seguidos pelos estudantes pretos e pardos, com números entre 46% e 41%. Os alunos brancos possuem um índice de 62%. 

“O resultado que chamou muito a atenção foi a questão em termos de raças e etnias. Entre os estudantes brancos [...] são seis em cada dez estudantes que têm trajetória regular entre a população branca. Entre a população negra, ai já vai caindo. Fica quatro em cada dez crianças com trajetória regular, mas em indígenas é dois em cada dez”, destacou Esmeralda Macana, coordenadora do Observatório da Fundação Itaú.

Esmeralda aponta que dados sobre esse direito são muito invisibilizados e mostram o tamanho da desigualdade. “A gente não está olhando para populações que precisam, para as populações vulneráveis e foi o que mais nos impactou”, explicou. 

De 100 estudantes com deficiência, 78 não concluem o ensino fundamental na idade certa. Segundo o levantamento, mais da metade dos estudantes com deficiência, cerca de 64%, possuem trajetórias com irregularidades. 

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Os estudantes mais prejudicados são os indígenas com apenas 23% de trajetória regular.
Foto: Reprodução/Getty Images

Método de pesquisa

Os pesquisadores explicam que o estudo foi feito usando como base o acompanhamento do estudante ao longo de sua passagem pelo ensino fundamental e pelo ensino médio. Foram observados dois pontos de análise: a trajetória de nove anos, do 1º ao 9º ano, e a trajetória de 12, que é o período completo, do 1º ao 9º ano, mais o ensino médio. 

A partir desse corte, foram analisados dados do banco longitudinal do Censo Escolar da Educação Básica de 2007 a 2019, analisando a população nascida entre 1º de julho de 2000 e 30 de junho de 2005. 

“O indicador de trajetória educacional é construído a partir de informações sobre as matrículas dos estudantes em cada ano escolar, a situação do estudante ao final do ano letivo e sua situação no ano letivo subsequente. Além disso, consideramos as variáveis sexo, raça/cor e necessidades especiais do “Censo escolar” e trouxemos informações sobre o nível socioeconômico das escolas, calculado com base nos dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e do Cadastro Único”, explicaram os estudiosos na pesquisa. 

Para Esmeralda, estudos como esse são essenciais para o monitoramento da garantia do direito à educação e acompanhar a qualidade do ensino no Brasil. 

“A partir desse indicador nós queremos ter uma mensagem-chave que é a garantia do direito à educação não pode ser medida só a partir da aprendizagem. Para termos aprendizagem vai ser necessário, primeiro, que a criança possa acessar a escola e, segundo, que ela permaneça para que possa aprender”, pontua Macana. 

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De acordo com os dados, 52% da população nascida entre 2000 e 2005 conseguiu concluir na idade adequada
Foto: Reprodução/Getty Images
Fonte: Redação Terra
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