Pesquisador brasileiro que venceu ‘Nobel da matemática’ tenta recrutar talentos na China

Após conquistar a Medalha Fields, Artur Avila atrair chineses para instituições brasileiras

23 ago 2024 - 16h20
(atualizado às 16h23)
Pesquisador brasileiro que venceu ‘Nobel da matemática’ tenta recrutar talentos na China
Pesquisador brasileiro que venceu ‘Nobel da matemática’ tenta recrutar talentos na China
Foto: Reprodução/Instagram

Dez anos após conquistar a Medalha Fields, conhecida como o “Nobel da matemática”, o brasileiro Artur Avila, de 45 anos, está do outro lado do mundo tentando atrair talentos chineses para instituições brasileiras. Sendo o único pesquisador formado no Hemisfério Sul a ter o prêmio, o estudioso está em busca de transformar o Brasil em um destino interessante para quem deseja se especializar na área. 

Em entrevista ao jornal “O Globo”, Avila conta que sua trajetória é um exemplo de que nem sempre as instituições estrangeiras de renome, que estão no topo das opções, são a melhor escolha para quem está iniciando. De acordo com ele, sequer pensava nas famosas Harvard, Princeton e MIT, apenas queria se divertir com a matemática e garante que teve a melhor decisão: deu os primeiros passos no Brasil. 

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“Ficar no Brasil, com excelentes pesquisadores, pode valer mais a pena do que ir para um lugar onde você vai ser apenas mais um competindo com outros. As coisas deram mais certo para mim tendo feito doutorado no Brasil do que fora. Eu comecei muito cedo, terminei o doutorado com 21 anos. Era importante ter um acompanhamento naquele momento. Depois do doutorado saí imediatamente para a França. Mas acho que se tivesse saído antes não teria me dado tão bem”, conta ao jornal. 

A conquista de Artur, em 2014, causou um grande impacto na ciência brasileira. Na época, o pesquisador chegou a dizer que o reconhecimento tinha potencial para dar um empurrão no país em direção às ciências. Quatro anos depois, o Rio recebeu o Congresso Internacional de Matemáticos, o que motivou bastante os estudantes da época, além de ter chamado atenção internacionalmente como um destino acadêmico. 

Porém, ele narra que, após o turbilhão de acontecimentos da época, como o impeachment de Dilma Rousseff, afastou o otimismo. “O Brasil passou a ser visto no exterior como menos atraente. As dificuldades econômicas levaram a menos investimento em pesquisa de maneira geral e isso também tem um impacto, mesmo que a matemática precise de menos recursos do que outras áreas. Essa incerteza enfraqueceu a ciência no Brasil. Por tudo isso, não aproveitamos a oportunidade trazida pela medalha, de atrair talentos como poderíamos”, relata. 

A China, no entanto, investiu e conseguiu trazer de volta os matemáticos que estavam em outros países. Mas Artur lembra que o país não possui uma Medalha Fields e busca usar essa vantagem para levar estudantes para o Brasil. 

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“Aproveitei essa oportunidade na China para tentar enfatizar que pode ser interessante também para os estudantes considerarem o Impa [Instituto de Matemática Pura e Aplicada no Rio de Janeiro]”, destaca. 

Fonte: Redação Terra
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