Depois que levou socos e chutes de um colega da faculdade após uma discussão sobre um trabalho em grupo, a brasileira Grazielle Tavares só queria não ter que conviver com o estudante outra vez. No entanto, seu desejo não foi atendido. João Bernardo Mendes chegou a ser afastado pelo conselho disciplinar da Universidade do Minho, em Portugal, mas voltou às aulas após a decisão ser suspensa.
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Segundo informações da coluna Portugal Giro, do jornal O Globo, o português recebeu a punição disciplinar por 30 dias, mas logo a instituição voltou atrás e suspendeu o afastamento por um ano. Agora, o medo de Grazielle é que ele a agrida novamente.
"Enquanto ele comemora, eu choro e fico com medo", relatou a brasileira. Ao jornal, ela explicou que o receio não é só pelo que João Bernardo Mendes fez com ela, mas principalmente pelo comportamento agressivo que ele insiste em ter com os colegas de estudo, mesmo depois da medida disciplinar.
"Ele já começou os ataques no grupo da faculdade, mandando o diretor de turma para o c****** e assim por diante", detalhou Grazielle, que saiu do Rio de Janeiro para fazer um mestrado de comunicação no país europeu.
Um documento emitido em 5 de abril pela Universidade do Minho foi o responsável por deixar a violência de João Bernardo Mendes passar impune. No texto, a instituição detalha a sanção que proibia o português frequentar o ambiente acadêmico e fazer provas. Logo depois, eles desfazem da decisão.
"Que a sanção seja suspensa pelo período de 12 meses", determina o documento. O agressor só voltaria a ser punido caso os alunos denunciassem um novo episódio à Reitoria.
Com a decisão, João Bernardo Mendes passa impune pelo soco e ofensas proferidas à Grazielle. Isso porque o mestrado tem duração de 2 anos e ambos alunos já estão no segundo ano da pós-graduação. Isso signfica que o prazo de suspensão de 12 meses acabaria quando o português já estivesse formado.
Procurada pelo Terra, a Universidade do Minho ainda não respondeu às tentativas de contato.
Como aconteceu a agressão
Criada no Flamengo, bairro da Zona Sul da capital carioca, a jornalista Grazielle Tavares foi morar em Braga, no norte de Portugal, para estudar um mestrado na área de audiovisual e multimídia. O que ela não esperava é que o encantamento pela nova experiência e a alegria de estudar em uma instituição europeia dessem lugar ao medo e à violência.
O caso aconteceu nos corredores da Universidade do Minho, quando a carioca discutia sobre um trabalho em grupo. Na época, Grazielle relatou que João Bernardo Mendes começou a xingá-la e deu um soco no seu rosto logo depois.
"Ele começou a me xingar. Eu levantei e pedi para ele repetir se fosse homem. Nem terminei a frase e ele me deu um soco no lado direito do rosto, ferindo minha boca. Caí no chão e ele me chutou, diante do corredor cheio de gente e ninguém fez nada", contou.
Além das agressões físicas e verbais, o português teria praticado xenofobia contra a brasileira. "Ele ainda disse: 'O que você faz estudando no meu país? Deve pagar a mensalidade com o c*', como se eu fosse prostituta. E falou para eu voltar para o Brasil", detalhou.
Ao jornal O Globo, João Bernardo Mendes já tinha explicado seu lado da história anteriormente. Segundo o português, Grazielle estaria com um guarda-chuva apontado para ele, na intenção de machucar. O que teria feito, de acordo com Mendes, foi apenas "legítima defesa".