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Professor americano questiona ranking de melhores universidades

Os levantamentos da QS listam as melhores universidades para se estudar, sob diferentes aspectos

29 mai 2013 - 10h12
(atualizado às 10h22)
Um dos rankings feitos pela QS é o de melhores universidades da América Latina. Na lista estão várias instituições brasileiras, como a UFRGS (foto)
Um dos rankings feitos pela QS é o de melhores universidades da América Latina. Na lista estão várias instituições brasileiras, como a UFRGS (foto)
Foto: Thiago Cruz/UFRGS / Divulgação

Os últimos QS University Rankings, divulgados este ano, vieram acompanhados de críticas por parte de um pequeno grupo de professores. Em uma postagem em seu blog, Leiter Reports, o professor da Universidade de Chicago Brian Leiter acusa o ranqueamento de fraude. O docente põe em dúvida os resultados apresentados pelos levantamentos da QS, que listam as melhores universidades para se estudar, sob diferentes aspectos.

Melhores universidades

Confira a lista com as melhores universidades da América Latina, segundo o ranking QS

Leiter publicou em sua página dois e-mails recebidos de professores, que preferiram não se identificar, questionando a forma como a QS avalia as instituições. O primeiro é descrito como um filósofo de uma universidade e conta a própria experiência como avaliador. Ele teria se inscrito em um site pago de pesquisas para preencher questionários sobre diferentes produtos, de papel higiênico a vegetais, por uma remuneração entre US$ 1 e US$ 5. Um dia, um formulário da QS Rankings teria sido enviado para que ele respondesse. “Deduzi que havia sido selecionado em razão do meu currículo educacional e profissional, pois tenho PhD em filosofia e trabalho em uma universidade. Completei a pesquisa sem muito esforço”, relata no blog.                                                                                                                            

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O professor anônimo afirma que o questionário parecia “suspeito” e descreve o processo da seguinte maneira: primeiramente, teve de escolher sua disciplina de uma lista de dez opções, informar região e país - indicou humanidades, América do Norte e Estados Unidos. Em seguida, escolheu as cinco principais universidades para estudar humanidades. Depois, listou 15 instituições para cursar na América do Norte, além das mencionadas anteriormente. Por fim, foi questionado a respeito de sua subdisciplina - filosofia - e incluiu as “top” universidades para estudar essa área.

Leiter também reproduz o texto de um filósofo anônimo do Oriente Médio, que relata ter recebido a pesquisa por e-mail em 16 de abril. Ele afirma não ter respondido por não encontrar dados confiáveis sobre a pessoa que havia enviado a mensagem. Em outra atualização, o professor da Universidade de Chicago posta o depoimento de um docente de direito e filosofia que também teria recebido o questionário. Ele conta que começou a respondê-lo, mas desistiu porque era longo demais e não se sentiu capaz de completá-lo. “A pesquisa pedia nomes de departamentos e não fornecia uma lista das faculdades, deixando as opções facultativas. Isso obviamente aponta para nomes de universidades que as pessoas lembram facilmente”, diz a mensagem.

O próprio Leiter, docente do Centro de Direito, Filosofia e Valores Humanos da Universidade de Chicago, afirma que os resultados do ranking são absurdos, ao menos em suas áreas de atuação. "Em filosofia e direito, o QS Ranking é uma bobagem, nenhum especialista no assunto concordaria com ele. Em filosofia, muitas instituições estão ranqueadas no topo e já não têm bons departamentos, mas seguem sendo famosas", critica, indicando que esse é o principal problema no levantamento.

Ele afirma que também respondeu a pesquisa da QS e critica o fato de não haver nenhuma informação sobre as universidades, pedindo apenas que os respondentes listem universidades que eles consideram fortes em uma área particular. “Os participantes saberão mais sobre instituições de sua região, então os resultados serão influenciados por questões geográficas”, argumenta.

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QS se defende

Segundo a QS, seis indicadores são usados para compilar os World University Rankings: reputação acadêmica, reputação do empregador, citações por membro do corpo docente - que se baseia em um banco de dados internacional -, razão entre estudante/professor, proporção de estudantes internacionais e professores internacionais. Chefe de relações públicas da instituição, Simona Bizzozero destaca ainda que a QS recebeu neste ano o selo do Ireg Observatório de Rankings Acadêmicos e Excelência.

“Sentimos que podemos questionar o uso do termo ‘obscuro’ para classificar nossos rankings, e também apontar que o fato de o blogger afirmar que nossos levantamentos são uma ‘fraude para o público’, não é apenas difamatório, mas também desmentido pelos fatos”, defende o comunicado oficial divulgado pela entidade. A nota afirma também que apenas indivíduos empregados em instituições de ensino reconhecidas são convidados a participar da pesquisa – quesito em que os informantes de Leiter se encaixariam. No entanto, a QS põe em dúvida que ambos tenham participado da pesquisa, uma vez que o número de instituições que eles afirmam ter respondido não corresponde ao do questionário da instituição.

A entidade enfatiza que a identidade de todos os respondentes é verificada e que a Unidade de Inteligência da QS checa cada pedido para participar da pesquisa. Segundo a instituição, é requisitado aos acadêmicos que identifiquem dez universidades líderes em seus campos de estudo e regiões e 30 instituições de outros países que sejam referência em suas áreas. Além disso, não é permitido votar em suas próprias universidades. A QS publica relatórios a respeito dos acadêmicos que respondem ao questionário em seu site.

“Tipicamente, professores e pesquisadores dão valor a sua integridade acadêmica. Nós acreditamos que a vasta maioria das pessoas que respondem nossas pesquisas dão suas opiniões irrestritas sobre as instituições que eles consideram mais fortes”, aponta o comunicado.

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O que é a QS

A QS Quacquarelli Symonds foi fundada em 1990 e atua em 50 países. A instituição presta serviços em diferentes etapas educacionais - primeiro grau, mestrado, doutorado, MBA e nível executivo. A entidade afirma ser “líder global no fornecimento de informações e soluções especializadas em ensino superior e carreiras”.

O primeiro QS World University Ranking foi compilado em 2004, propondo-se a apresentar uma visão multifacetada sobre os pontos fortes das principais instituições de ensino superior do mundo. Atualmente, a pesquisa considera cerca de 2 mil universidades e classifica mais de 700 - as 400 melhores são listadas individualmente, e a partir deste número o ranqueamento é feito em grupos. A entidade também realiza levantamentos específicos para Ásia e América Latina, indica as cidades mais adequadas para estudantes e as melhores universidades por área do conhecimento. A organização de eventos educacionais, como tours para conhecer instituições de ensino pelo mundo, também está na lista de atividades da entidade.

Ranking QS por disciplina

Confira a lista com as faculdades brasileiras que aparecem no ranking dos melhores cursos do mundo

 

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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