O avanço da inteligência artificial (IA) no ambiente escolar tem gerado debates fervorosos entre especialistas em educação. A utilização dessas tecnologias promete soluções inovadoras para ensino e aprendizado, mas também suscita preocupações sobre a indispensável presença humana no processo educativo.
De acordo com o professor Geber Ramalho, da Universidade Federal de Pernambuco, a simples introdução de tecnologias nas salas de aula não garante melhorias práticas. "A distribuição de tablets, por exemplo, muitas vezes não resulta em mudanças significativas", comenta o pesquisador que está há décadas envolvido com inovação tecnológica.
Desafios da integração da IA na educação
Muitos educadores discutem a resistência do setor educacional às novidades tecnológicas. "Tratamos de métodos de aprendizagem ativa há anos, mas as aulas continuam sendo ministradas como se estivéssemos 50 anos atrás", aponta Ramalho, referindo-se às práticas pedagógicas que colocam o estudante no centro do processo de aprendizagem.
Durante o 8º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, promovido pela associação de jornalistas Jeduca, Ramalho destacou que integrar a inteligência artificial nos currículos escolares exige mudanças não apenas tecnológicas, mas também pedagógicas. A verdadeira transformação virá da combinação de ambas as áreas.
Vantagens da Inteligência Artificial no ensino
As ferramentas de IA podem ser ferramentas poderosas para os professores, ajudando desde a identificação de deficiências educacionais até a personalização de planos de ensino baseados em diagnósticos contínuos. Para Ramalho, a IA não substituirá os professores, mas aqueles educadores que abraçarem essa tecnologia substituirão os que resistirem a ela. "É uma questão de adaptação e aprendizado contínuo", enfatiza.
Essa tecnologia pode, ainda, auxiliar na criação de exercícios personalizados e na otimização de estratégias pedagógicas que atendam melhor às necessidades individuais dos estudantes, promovendo um ensino mais eficaz e engajador.
O sucesso da tecnologia
No Piauí, Francisco Coelho, um professor da rede pública, desenvolveu a plataforma "AEE Buddy" como parte de um projeto estadual para inovar o ambiente escolar com IA. A ferramenta analisa expressões faciais dos alunos, identificando seus comportamentos e emoções no Atendimento Educacional Especializado (AEE), oferecendo dados valiosos para os educadores.
Francisco Coelho resume a atual situação ao afirmar: "O grande desafio é a formação continuada dos professores e o controle ético. A inteligência artificial é uma grande aliada, mas o futuro da educação dependerá sempre de educadores empenhados e bem capacitados para usar estas ferramentas a favor do aprendizado."