Iniciativas de instituições do ensino superior buscam qualificar educadores e diminuir um índice que compromete o ensino no Brasil: os 55% dos professores do Ensino Médio da rede pública do País não tem formação específica na área em que atua, número revelado no final de 2013 por um levantamento com base no Censo Escolar de 2012.
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Em Santa Catarina, o programa de bolsas de estudo para área de licenciatura do Estado, o Uniedu, oferece 632 vagas para professores da rede pública, mas que atuam em áreas de ensino diferente das que eles são graduados; por exemplo, aqueles que dão aula de Química, mas são formados em Ciências Biológicas. A ação do Uniedu chamada Programa Segunda Licenciatura pretende atender as demandas das secretarias municipais e estadual de educação que apresentam falta de professores em determinadas disciplinas.
“A partir das reivindicações apresentadas, ao longo de 2013, firmamos uma parceria com instituições comunitárias que oferecerão gratuitamente bolsas de licenciatura. Além disso, essas universidades darão um apoio financeiro de R$ 200 para que os professores executem um projeto de intervenção na escola onde trabalham”, afirmou o diretor de Educação Superior de Santa Catarina, Gilberto Agnolin.
Ao todo, nove instituições fazem parte da iniciativa, uma delas é a Universidade de Vale do Itajaí (Univali) que oferecerá 102 vagas de segunda licenciatura distribuídas igualmente entre os cursos de História e de Matemática. “Os cursos são compostos por 1,2 mil horas/aula para aqueles que cumpriram 2,8 mil horas na primeira licenciatura. Já os que se formaram antes de 2008 terão de fazer horas a mais, porque o plano de ensino deles está firmado no currículo antigo”, explica a coordenadora do Núcleo de Licenciaturas da Univali, Clarice de Carvalho. Para concorrer às vagas basta fazer a inscrição no site do programa e entregar nas instituições parceiras os documentos descritos no edital.
O público-alvo da iniciativa é bem delimitado. Os candidatos devem ser professores em exercício por pelo menos três anos na rede pública de educação básica, devem atuar em área diferente da sua formação inicial, possuir diploma do curso de licenciatura, residir em Santa Catarina por no mínimo dois anos e, de preferência, ter cursado o Ensino Médio em unidade escolar da rede pública ou com bolsa integral em instituição privada.
ESPM-Sul oferece pós-graduação em Gestão Escolar
Formada em Ciências Biológicas e atuante no magistério há 40 anos, Liramar dos Santos, 62 anos, percorreu um longo caminho dentro do Colégio Professor Otávio de Souza, em Porto Alegre (RS). Chegou à escola aos 19 anos, foi professora de Química e Ciências, passou à coordenadora da área, tornou-se presidente do grêmio de professores e, após essa experiência, virou vice-diretora do noturno. Até que, em 2001, com o apoio dos professores, lançou-se como diretora da escola, cargo que ocupa até hoje.
Além das preocupações diárias de administrar o instituto, Liramar frequenta ainda a ESPM-Sul, todos os sábados, para assistir às aulas de pós-graduação em Gestão Escolar. O programa, oferecido desde 2009 gratuitamente a profissionais de direção de escolas públicas do Rio Grande do Sul, é resultado de uma parceria entre a instituição e o Instituto Jama, organização sem fins lucrativos que promove ações voltadas à qualificação dos ensinos fundamental, médio e acadêmico. “O objetivo é instrumentalizar essas pessoas para que se tornem melhores gestores educacionais, porque muitos dos professores que assumem o cargo de diretor não estão preparados para tal função. Por isso, temos disciplinas sobre finanças, empreendedorismo, marketing de comunicação”, diz a coordenadora de pós-graduação em Gestão Escolar, Ana Lúcia D’Amico.
O programa tem duração de 360 horas/aula (três semestres), com turmas de 30 alunos e não pretende ampliar o número de vagas para, segundo a coordenadora, manter o mesmo padrão de excelência e qualidade das outras turmas de especialização. Além de aprender a teoria relacionada à gestão, os professores ganharam um novo aliado ao aprendizado esse ano. “Agora temos a incubadora social que coloca em prática o conteúdo visto em sala de aula. Se a ideia apresentada for inovadora, juntaremos nossa equipe da ESPM para auxiliar na aplicação do projeto na escola onde o diretor trabalha", disse.
Liramar terminou o primeiro semestre da especialização e se diz empolgada com o novo desafio. “Estou adorando porque este curso está possibilitando que a gente busque outros caminhos para transformar e vencer as dificuldades financeiras, de estrutura, de recursos humanos. Dentro da pós também estamos buscando soluções para frear um problema da evasão escolar. A transformação não é rápida, mas acredito que já começou.”, afirma a diretora.
Universidade do Amazonas ampliou número de vagas em pós
No norte do País, Manaus (AM) atua na mesma linha e passou a oferecer, em parceria com Universidade do Estado do Amazonas (UEA), vagas no programa de pós-graduação em Educação para professores da rede pública. O projeto entrou em vigor em março deste ano e, atualmente, são oferecidas 7.660 vagas para o curso que tem duração de 20 meses, segundo a Secretaria Estadual de Educação do Amazonas (Seduc).
Professores dos outros 58 municípios que fazem a pós-graduação assistem às aulas por videoconferência. As áreas de ensino da pós-graduação são: Metodologia do Ensino para Disciplinas da Educação Básica; Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e suas Literaturas e Metodologia do Ensino de Matemática.
Para concorrer a uma das vagas na UEA, o candidato precisa ser professor efetivo ou integrado da rede pública de educação, graduado em licenciatura na área do curso pretendido, ter disponibilidade de tempo para os estudos aos sábados e não pode estar em processo de aposentadoria. Além disso, concluído o curso, o professor terá de cumprir pelo menos três anos de efetivo exercício na Seduc, em sala de aula, na disciplina em que receber a formação.
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