Termina às 16 horas desta terça-feira o prazo estabelecido pelo Comitê de Gestão de Crise da Secretaria de Segurança Pública de Goiás para que o grupo de servidores municipais da educação deixe o prédio da Câmara de Vereadores de Goiânia (GO) pacificamente. Em greve desde o dia 26 de maio, os educadores ligados ao Sindicato Municipal dos Servidores da Educação de Goiânia (Simsed) ocuparam o edifício no último dia 10, impedindo que as sessões plenárias aconteçam na casa.
Apesar da possibilidade de que, após o fim do prazo estipulado pelo comitê, a Secretaria de Segurança autorize a Polícia Militar a usar a força para cumprir a liminar de reintegração de posse concedida pelo Tribunal de Justiça de Goiás no último dia 12, dirigentes sindicais afirmam que o grupo não vai deixar o local até que a prefeitura apresente uma proposta que contemple as reivindicações da categoria. Esta manhã, os trabalhadores fizeram uma assembleia e decidiram permanecer no plenário da Câmara.
“Os trabalhadores decidiram manter a greve e a ocupação. E se policiais vierem nos retirar à força, vamos resistir. O que não significa que vamos atacar policiais ou usar da violência, mas a alternativa de deixarmos o prédio voluntariamente está descartada”, declarou à Agência Brasil o coordenador do Simsed, Renato Regis.
Durante a assembleia, um grupo de grevistas se dirigiu a um auditório da Casa, aonde os vereadores vêm realizando as sessões ordinárias. Os manifestantes deixaram o local somente depois que a sessão foi suspensa e prometeram retornar caso os parlamentares voltem a se reunir.
Na tentativa de forçar os ocupantes a deixarem a Câmara, foram adotadas algumas medidas como a interrupção do fornecimento de água e energia elétrica. Na última sexta-feira (20), no entanto, as medidas foram canceladas sem surtir o efeito esperado. Apenas o ar-condicionado do plenário segue desligado. Os educadores se revezam na ocupação do prédio e intensificaram as críticas ao presidente da Câmara, Clécio Alves (PMDB), e ao prefeito Paulo Garcia (PT), a quem acusam de se negar a receber os representantes do movimento e negociar as reivindicações da categoria.
Segundo a assessoria da Câmara, a postura tem sido a de buscar o diálogo e em nenhum momento Alves se pronunciou sobre a legitimidade das reivindicações dos educadores ou sobre a postura do prefeito. “O que o presidente (da Câmara) tem dito é que, se os manifestantes querem seu apoio, devem primeiro desocupar o prédio”, afirmou à Agência Brasil o diretor de comunicação da Câmara, Urias Júnior.
Entre as principais reivindicações da categoria estão: pagamento dos retroativos do piso salarial e das titularidades, melhorias na infraestrutura das escolas públicas de Goiânia, reelaboração do plano de carreira, efetivação do auxílio locomoção e gratificação de 30% (retroativa a janeiro deste ano) para os auxiliares. Segundo o Simsed, que não é filiado a nenhuma central sindical e ainda está em processo de regularizar o registro sindical, a maioria das principais reivindicações já constavam de um acordo firmado com a prefeitura em 2013.
Procurada, a prefeitura de Goiânia informou que estar aberta ao diálogo, mas que qualquer acordo depende do imediato retorno dos profissionais ao trabalho. A prefeitura também informou já ter enviado à Secretaria Estadual de Segurança Pública e à Promotoria de Justiça de Goiânia respostas às reivindicações do movimento grevista. Para a prefeitura, a ocupação da Câmara é ilegal.