A crise financeira atual do Brasil é uma realidade delicada e complexa não só para adultos. As crianças também sentem de maneira diferente que algo está errado quando, por exemplo, demoram mais para comprar um brinquedo ou veem seus pais preocupados. Mas como explicar esse assunto para elas? O educador e presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, dá dicas de como introduzir o assunto sem causar traumas.
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"A partir dos 3 anos a criança já compreende as movimentações ao seu redor, principalmente no âmbito familiar e isso incluiu questões financeiras em exemplos simples: espera maior por um brinquedo, troca de marcas de seus alimentos favoritos, impossibilidade de aquisição de equipamentos eletrônicos", alerta Reinaldo.
Para que a conversa não seja traumática é necessária uma atenção especial a linguagem adotada de acordo com a idade para que as crianças entendam as informações. Além disso, o educador aponta que é essencial mostrar neutralidade diante do tema, permitindo que os pequenos interpretem os datos e tirem suas próprias conclusões.
Veja dicas para explicar a crise para as crianças em casa e também nas escolas:
De 3 a 6 anos
Entre os 3 e 6 anos, as crianças não entendem a relação entre dinheiro e compra, elas apenas sentem a frustração de não poderem ter algo novo. Nessa fase são necessárias ferramentas ilustrativas e lúdicas para trabalhar o tema da crise.
"O pai ou educador pode iniciar com conversas amigáveis, evitando fazer o famoso “terrorismo”. Na sala de aula é interessante o uso de tirinhas ou quadrinhos que abordem uma situação de crise financeira e a partir daí resgatar as informações que o grupo tem sobre o assunto", explica Reinaldo.
De 7 a 12 anos
As crianças entre 7 e 12 anos já conseguem estabelecer relações entre o dinheiro ou a falta dele, trabalho, despesas e compras. Nesse caso a conversa também deve focar em como 'superar' a crise.
"O tema pode ser trabalhado por meio de reportagens, leituras complementares e recortes que permitam a construção do conhecimento. Na escola, é interessante solicitar pesquisas e comparativos, além de produções de texto que estimularão a discussão de maneira autônoma", comenta o educador.
Reinaldo afirma que com esses hábitos o termo 'crise financeira' será aprendido não apenas como definição, mas segundo suas características e consequências e possibilidades de equlíbrio e sustentabilidade.